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segunda-feira, 15 de julho de 2013

No carro não!

Gosto de conduzir e, na minha vida profissional, por vezes, faço largas centenas de kilómetros por dia. Porém, no dia-a-dia, tenho o privilégio de não perder muito tempo no trânsito. Trabalho perto de casa, as  deslocações não duram mais do que dez, quinze minutos, e tenho quase todos os serviços de que preciso a meia dúzia de passos.
Também gosto do meu carro, não é um maquinão da moda, não faz virar cabeças, mas gosto dele. É um discreto veículo familiar, mas que nunca me falhou.  É confortável e seguro nas viagens mais longas, anda bem, é poupadinho, apesar de notar que o depósito tem vindo a crescer (já preciso de mais de 70 euros para o atestar) e é perfeito para as voltinhas de cidade. Estaciona-se bem, apesar de ser bastante espaçoso por dentro - é incrível a quantidade de brinquedos que um banco de trás comporta, nem o trenó do Pai Natal! Gosto dele, sinto-me bem atrás do seu volante.
Contudo, há pessoas que elevam a sua relação com o carro a um nível superior. Há gente para quem o carro é uma verdadeira bolha actimel que os protege de tudo e todos, inclusive dos olhares de mirones como eu. Gente que certamente que se sente em casa dentro do seu carro.
Senão vejamos, a mãe apressada que distribui sandes aos filhos que esbracejam no banco de trás, uma menina que ajeitava as mamas no cai-cai - isto é coisa digna de um descapotável, outra que se maquilhava, homens e mulheres que aproveitam o semáforo encarnado para ler e mandar mensagens no telemóvel (hoje não vou falar sobre aqueles que o fazem com o carro em andamento), aproveitam para dar um jeitinho à barba e ao cabelo, taxistas em ritual de "higiéne oral" (alguns devem dormir de palitio na boca), vejo de tudo um pouco. 
Mas o que me intriga mesmo, não é bem intrigar, é mais enojar, é a quantidade de pessoas que aproveita o tempo em que está no carro para "limpar os salões". É vê-los ali, de indicador em riste, a coçar o cérebro por dentro. Há ali gente que podia ir para o circo. Há a li gente que a enfiar dedos pelo nariz acima faria corar o mais experiente engolidor de espadas. Depois, ficam ali a admirar o saque, olham da esquerda, olham da direita, sim senhor, cumpre os parâmetros definidos pela  União Europeia, está pronto a ser modelado. Esfrega daqui, esfregar dali, enrola, et voilá! Uma bolinha perfeita! Agora é juntá-la aos milhões que devem alcatifar o chão do carro. E, novamente, indicador em riste, enfiá-lo narina acima, um ritual que se repete...
Eh pá, que nojo, apetece-me abrir a janela e gritar-lhes "É vidro, as janelas do seu carro são feitas de vidro transparente. Não faça isso que está toda a gente a ver e é uma nojeira!". Só não o faço porque me palpita aquilo é gente para me brindar com um sonoro traque e ainda se ficar a rir, dentro da sua bolha actimel, com os vidros transparentes... e fechados!

Sendo assim, se calhar para a próxima grito mesmo.

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