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sábado, 10 de maio de 2014

O pudim Abade de Priscos e a porta que ficou aberta

Escervi isto no blog da Filipa a propósito dos "blogs fixes" e dos blogs "não-fixes".

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Há blogs chatos de morte, assim uma coisa a roçar o nível pré-comatoso, mas que são inofensivos. Por exemplo, no meu caso, impus-me a regra de fazer um blog inócuo, um bocejo, um blog de corrente de ar, que basicamente é nada, "o que é que foi isto agora? Não foi nada, era uma corrente de ar". Aqui que ninguém nos ouve (sem desprimor de qualquer espécie para o teu vasto auditório) foi mais uma coisa do género "Xa cá ver quantas pessoas é que eu consigo arrebanhar sem dizer nada de especial, sem vender sonhos, sem dar palpites sobre parentalidade, relacionamentos, moda, sem mostrar bebés, comida, casas..." Afinal de contas o que não falta aí são correntes de ar. Claro que o podia fazer. Tenho noção de que se dissesse duas ou três bojardadas, se pusesse meia dúzia de fotos da Mironinho toda coquette com os laçarotes e as golas, se contasse mais onde vou e o que faço, se falasse de roupas e sapatos, que teria muito mais leitores, e sabe Deus o que eu gosto dessas coisas, simplesmente não quero, não me apetece partilhar isso com estranhos. Não é que venha daí mal ao mundo, mas da mesma forma que não me sinto à vontade para andar com pouca roupa na rua, também não me apetece andar com pouca roupa no blog.
A publicidade em banners não me chateia mesmo nada, está ali de lado, a piscar, nos cantinhos próprios para o efeito, para mim funciona como um "naperonzinho" e um bibelot. Pronto, há quem ache a casa mais compostinha com eles, nada contra, não me peçam é para pôr naperons na minha. A outra, nos posts, também não me aborrece se for assinalada - há pessoas que fizeram do blog a sua principal fonte de rendimento, foi a sua escolha. Não é que eu precise de ver lá o sinal para perceber que é publicidade, é só por uma questão de transparência. Imagina que eu te convido para jantar em minha casa e compro um pudim abade de priscos no supermercado. Chegada a hora da sobremesa tu dizes que aquele pudim é delicioso, e eu respondo que sim - e efectivamente até o pode ser - que é uma receita muito antiga, passada de geração em geração. Tu ficas convencida de que fui eu que o fiz e pensas, sim senhor, a Mirone sabe umas coisas. Mas no fim da refeição ajudas-me a levantar os pratos e quando entras na cozinha vês a caixa do pudim. É chato, por um lado eu nunca disse que fui eu que fiz o pudim, disse só que era bom e a receita era muito antiga, por outro também não disse que foi comprado, e tu ficas baralhada a pensar, das duas uma, ou que eu te quis enganar, ou que és uma burra que acreditas em tudo.
Não me chateiam os blogs mal escritos (sabe Deus as gralhas e erros que o meu tem, a pontuação miserável, tanta coisa, na maior parte das vezes publico os textos sem os rever).
Os blogs que verdadeiramente acho maus são os da malta inchada, cheia de si e que se põe em bicos de pés. Não tem mal nenhum ser-se um self-made blogger, como na vida não tem mal, antes pelo contrário, ser-se um self-made man. Agora quando se chega a um determinado patamar e se esquecem as origens, se passam a tratar os outros com sobranceria e desdém, a abusar da sua boa-vontade ou ingenuidade, olhem para mim que sou o maior, que sei tanta coisa, sou tão engraçado. Esses até podem ser blogs bem escritos do ponto de vista gramatical, blogs sem roupas, sem bebés, sem publicidade - antes o fossem, assumidamente - mas não deixam de ser maus blogs, porque espelham um blogger mau."

Já à Izzie, também esta manhã, sobre portas abertas e visitas indesejadas, disse:
"
Loved it... Porque em minha casa as portas também estão, por norma, abertas. Excepto a da rua. Em minha casa entra quem eu convido, não entra quem quer. Até posso abrir a porta a um estranho, mas falamos ali, eu do lado de dentro, a outra pessoa do lado de fora. Se algum intruso conseguir entrar sem convite - que pode acontecer, não vivo num bunker - só permanece se eu quiser."

Agora é tirar fotografias, que isto é um momento raro, para mais tarde recordar. O momento em que dou a minha opinião sobre qualquer coisa no Mirone.
Bom fim-de-semana.

20 comentários:

  1. Para além da resposta que te dei lá (porque não me apercebi antes que tinhas escrito este post), não procura conhecer mais as pessoas (bloggers) mais do que aquilo que estes dão a conhecer.
    Gosto muito de ti, a Palmier e da NM, por exemplo, e não sei nada de vocês.
    Foi a forma que escolhi para estar na bloga, e entendo quem opte por não expor nada da sua vida, em seu blog.

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    1. A culpa é sua que diz que "acha" que gosta de mim.
      "acha".
      Lido mal com dúvidas...

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    2. Tão simples quanto isso Filipa, damos a conhecer o que queremos e conhecemos o que nos dão a conhecer, nem mais, nem menos.

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    3. Ora, Filipa... as minhas dúvidas são conhecidas internacionalmente...

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  2. Mirone, essa da sobranceria sou eu
    (pelo menos é o que dizem....)

    (porta fechada, sempre... eu penso sempre no quê que eu gostaria que um pai ou uma mãe escrevessem sobre mim e a minha vida, na prática é quase nada)

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    1. Picante, não me diga que se esqueceu de onde veio, que anda cheia de si mesma...

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    2. Antes de escrever penso apenas se os meus pais ou a minha filha gostavam de ler o que escrevo ou se, de alguma forma ficariam desconfortáveis (por excesso de exposição, por falta de educação, o que for...).

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    3. A ideia é a mesma...
      (se bem que sei que o meu pai ficaria algo desgostoso com os meus posts mais duros, diria que é falta de generosidade para com a fraqueza alheia, mas o meu pai era bom demais, muito melhor pessoa que eu)

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  3. Esqueci-me de dizer que o conceito "fixe" é muito próprio. O que é fixe para mim não será, com toda a certeza, fixe para a Picante por exemplo, que desatina quando uma pessoa a trata por "gaja".

    Era só mais isto.

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    1. "Gaja/o" está no meu top ten de palavras proscritas, pelo menos para me referir a mim ou a alguém de quem goste. coisas minhas :)

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    2. Filipa a Picante é uma grande cagona. Já eu chamo gaja às minhas melhores amigas.
      (sei que acha depreciativo Mirone, neste contexto não é, para nós, claro)

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    3. Sim, já expusemos as nossas divergências...

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    4. Para mim, gaja nunca é depreciativo. Nunca foi, na respeito quem assim pense, por isso escolho a quem trato assim. À Picante sei que posso, a outras nem pensar.
      Quando não gosto, ignoro.
      Vivó amor!

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  4. Ouve lá, enganaste-me, ou melhor, induziste-me em erro.
    Vem aqui uma gaja a pensar que vai ler um qualquer texto sobre a mais bela cidade de Portugal e dá de caras com isto.

    No fundo, és igualzinha às outras.

    (mas até fizeste um bom texto sim senhora...)

    AB

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    1. Mas para isso era preciso que as conhecesse todas, e tenho ideia que nunca estive em Fornos de Algodres... :D

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  5. Bom...Acho que se o teu blogue for a modos que público, e toda a gente sabe quem és e quem são os teus filhos e marido e pais e etc, escreveres sobre qualquer situação sobre eles, é expô-los, nem que seja num grupo restrito de amigos que sabem que tens o blogue.
    Se ninguém souber que tens um blogue, se não conseguirem associar nenhum post que faças a alguém, não vejo qualquer problema. É evidentemente este o meu caso.
    É uma escolha: queres por fotos todas lindas das crianças e do marido e da famelga toda, e só podes falar de coisas vagas da vossa vida. Manténs o anonimato, e sempre podes alongar-te mais na brincadeira. Isto enquanto os blogues forem uma brincadeira, claro.

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    1. Por mim, a brincadeira há-de continuar (daí nada de fotos, nada de nomes, nada de revelar o blog "aos meus").

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  6. Blog que se preze devia ter fotos de crianças encima de bibelos e vestidas com naprons.
    As fotos acho uma exposição necessária...e a moda já é o bater no ceguinho...mas é o que as pessoas gostam..pouco para ler e imagens faceis de comentar. Enfim...gostos

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  7. Eh pah. Agora não tenho vagar. Agendo já um comentário para mais logo, sim? Me aguarda.... :DDD

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