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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Luto*

Ligou-me há poucos minutos a avó de Mr. Mirone a contar, consternada, que morreu a sua vizinha Amélia, sozinha, no hospital, com pneumonia, que no funeral realizado esta tarde não estavam mais de dez pessoas.
Conheci-a há 8 anos, exactamente como era agora, mulher de poucas falas, magra, baixinha, com o cabelo branco, muito curto, de olhos encovados, curvada sobre si mesma. Como de si mesma era uma sombra. Não porque tivesse perdido o viço da juventude, mas porque cada passo lento e arrastado, inseguro, instável, doloroso era tão só a projecção do que tinha sido todo a sua vida.
Nasceu em noite escura de temporal, como a noite negra, fria. A mãe julgou-a morta. Valeu-lhe uma parteira tão crente quanto experiente que quis batizá-la, não fosse o anjinho perder-se no purgatório e lhe sentiu a respiração. O pai rejeitou-a, como antes rejeitou a irmã, esperava um filho homem, que pudesse perpetuar o nome da família, porque era tão só do nome que se tratava, não lhe eram conhecidas riquezas nem propriedades. Casou cedo para fugir do pai violento. Não teve melhor sorte, Amélia. Contava às poucas vizinhas com quem falava que o marido só lhe deu duas coisas na vida, tareia e amantes. Nunca teve filhos, "Nem Deus me quer bem, senão tinha-me dado a esmola de alcançar". Há seis meses enviuvou e vestiu-se de um negro cerrado que nunca tirou. Chorou durante dias a fio. Tornou-se ainda mais triste, fechou-se em casa e até as poucas saídas que o marido a autorizava fazer, poucas mais do que as indispensáveis, padaria, supermercado e farmácia, quis pôr de parte. "Ó dona Amélia, mas porquê esse luto carregado, se ele era tão mauzinho para si?". Dizia que o luto não era por ele, era por si que se sem lutar se deixou matar a vida toda.
Amélia foi a enterrar hoje, à chuva, vestida de negro, como nasceu. Cobriu-se de lama a urna que a vai guardar.

*Lu-to: 
(substantivo masculino) 
1. (latim luctus, -us)Sentimento de perda, pesar, pela morte de alguém. Trage usado em sinal de luto morte de alguém. Período subsequente à morte de alguém em que é costume usar esse trage ou limitar alguns comportamentos. Período durante o qual um indivíduo consegue desligar-se progressivamente da perda de um ente querido. Sofrimento ou desgosto.
2. (latim luctim, -i) Massa argilosa usada para tapar hermeticamente fendas de vasilhas. Lama, lodo.

(1.ª pessoa singular do presente do indicativo do verbo lutar)

Lutar
(verbo)
1.(latim luctor, -ari) Travar luta. Esforçar-se, empenhar-se. Opor-se a, oferecer resistência. Trabalhar com afinco. Questionar, discutir.
2. (latim luto, -are) Revestir com luto. Tapar com luto. Revestir com lama, de barro ou argila.
Lutou·to 1
(latim luctus, -us)

substantivo masculino

1. Sentimento, pesar pela morte de alguém. = NOJO

2. Traje usado em sinal de luto pela morte de alguém. =

3. Período após a morte de alguém em que é costume usar esse traje ou limitar determinados comportamentos. = , NOJO

4. [Psicanálise]  Processo durante o qual um indivíduo consegue desligar-se progressivamente da perda de um ente querido.

5. Sofrimento ou desgosto.
Confrontar: loto.

lu·to 2
(latim lutum, -i, lama, lodo)

substantivo masculino

Massa argilosa para tapar hermeticamente fendas de vasilhas.


"luto", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/luto [consultado em 26-02-2015].
u·to 1
(latim luctus, -us)

substantivo masculino

1. Sentimento, pesar pela morte de alguém. = NOJO

2. Traje usado em sinal de luto pela morte de alguém. =

3. Período após a morte de alguém em que é costume usar esse traje ou limitar determinados comportamentos. = , NOJO

4. [Psicanálise]  Processo durante o qual um indivíduo consegue desligar-se progressivamente da perda de um ente querido.

5. Sofrimento ou desgosto.
Confrontar: loto.

lu·to 2
(latim lutum, -i, lama, lodo)

substantivo masculino

Massa argilosa para tapar hermeticamente fendas de vasilhas.


"luto", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/luto [consultado em 26-02-2015].

Momento Calimero!

Numa vida passada, se a tive, devo ter sido um soldado inglês. Ou detective privado. Ou tarado. Ou não fui nada disso e simplesmente gosto de gabardines. Gosto mesmo, tenho várias, umas mais clássicas, outras menos. 
No ano passado, logo em Março, comprei uma para a Primavera, gira, gira, gira, e quem disser o contrário é porque não percebe nada de gabardines giras, giras, giras, adiante,  mas achei-a um bocado fresca para Março, que ainda estava frio, e depois quando veio o calor, achava-me muito vestida com ela. Acabei por a vestir apenas duas vezes.

Hoje de manhã apeteceu-me vesti-la, para ver se chamava o sol. Hoje de manhã fiquei presa no carro e puxei. Hoje, já ao fim da manhã, quando quis sair para almoçar, dei com ela assim:



Não é justo!!!!!

Estive a espreitar as capas dos jornais



quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Diz que é serviço público

A RTP2 está, no preciso momento em que vos escrevo, a passar um programa espanhol chamado "A cavalo", dedicado a assuntos equestres. Já mostrou uma coudelaria de puros sangue espanhóis na Extremadura, já mostrou como se trata um casco doente de cavalo, e acabei de ver um segmento onde se entrevistou um criador de mulas, as melhores de espanha, assegura o senhor, cruzamento do burro andaluz com a égua espanhola, Mostrou uma aldeia dedicada ao turismo equestre e agora está a passar um segmento com um promissor atleta a competir no campeonato espanhol juvenil de saltos.
É isto...

Não tenho coração para estas modernices

Como qualquer mãe babada farto-me de tirar fotografias à Mironinho, na maior parte das vezes com o telemóvel, que é o que tenho sempre à mão. E tenho o telemóvel sincronizado com o google.
Há pouco abri a conta pessoal e vi que tinha uma notificação, qualquer coisa como "recebeu uma fotografia (ou um ficheiro, não me recordo, que ainda estou com o coração aos pulos) de autodiversão". 
Autodiversão? Mas quem é essa gente, como é que arranjaram o meu e-mail pessoal? Deixa cá ver... Espera lá, mas é a Mironinho!!!!!!!!!!!! Oh meu Deus, como é que estes tarados arranjaram estas fotos?!

Eram fotografias inocentes, que lhe tirei enquanto fazia caretas e palhaçadas, mas o meu coração disparou. Ainda demorei uns segundos até perceber o que era, que não eram tarados nenhuns a fazer sequências animadas de fotografias tiradas à socapa, mas garanto-vos que foi um valente susto.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Coisinha mais linda, riquezas de sua mulher

Ainda não percebi quem pegou a doença a quem, se o pai à filha, se a filha ao pai.
Pessoas da genética, esclareçam-me, há algum gene responsável pelo domínio do comando da televisão? Se ganhasse um rebuçado por cada vez que dou comigo à procura do comando da televisão debaixo das almofadas do sofá porque suas excelências se ausentaram deixando-a ligada num canal que não quero ver já estaria diabética.

Por outro lado, não querendo ser cabeleireira...

... não me parece que corra o risco de um dia a Mironinho me apareccer na sala com ar de maluquinha que fugiu do hospício por ter agarrado numa tesoura e dado um corte na franja, mesmo rentinho à testa, de forma a impossibilitar qualquer imtervenção de emergência por parte de um profissional.
Eu fi-lo, cortei o meu próprio cabelo, mas não tenho fotografias, só os relatos da minha mãe, e umas fotos tiradas uns meses depois, com cabelo à joãozinho mas já perfeitamente aceitável. 
Pensei que já não houvesse disso, mas esta manhã, ao deixá-la na escola, cruzei-me com uma miúda com um um corte radical na franja, todo ele com ar de quem foi feito pela própria.
Assim como esta, que encontrei na net.

E cabeleireira, bailarina, professora, médica, veterinária, cantora? Não?

- Mamã, quando for grande quero ser padre.
(Hã? Padre?) 
- Mas tu sabes o que é um padre?
- Sei, é aquele senhor que está na missa a falar.
- Mas as senhoras não podem ser padres, só os homens é que podem.
- Ohhhhhhh. Então quero ser senhora dos cemitérios.
(Coveira?! Não melhorou.)
- Mas tu sabes o que é que elas fazem?
- Não.
- Fazem buracos para enterrarem os mortos.
- Então, não olhava, fechava os olhos quando viessem os mortos. Eu gosto de fazer buracos, é fácil... Já sei, quero ser aquelas pessoas que cavam para achar esqueletos para levar para o museu.
(Oh, que querida, eu também já quis ser arqueóloga, tinha era o dobro da tua idade)
- Arqueóloga? Boa!
- Sim, quero descobrir as coroas de diamantes das princesas...
(Pois, princesas e coroas de diamantes, já cá altava a piroseira)
- Mas olha que já não deves encontrar muitas, há muito tempo que os historiadores e arqueólogos recolheram as coroas das princesas, vai ser difícil. 
- Mas se calhar as princesas estavam a brincar no jardim e deixaram cair um diamante da coroa e eu posso achar.
- Ainda mais difícil é. Mais vale aprenderes a nadar bem para fazeres isso no mar, nos navios naufragados.
- Boa, vou descobrir tesouros dos piratas! Moedas de ouro, diamantes! Melhor, vou descobrir a Atlântida e depois vou conhecer a Ariel e as outras sereias.



(Porque é que eu não tenho uma filha igual às outras?)


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Eles a dizer que sim e nós a ver que não

Uma pessoa adapta-se, dá uso aos sacos catitas que foi comprando mas que deixava sistematicamente em casa, afinal parte do valor dos sacos de supermercado leves há-se servir para o desagravamento do IRS, outra parte há-de ser aplicada em medidas de defesa do ambiente, mas depois vai uma vez ao supermercado, e vai outra, e mais outra, e afinal toda a gente leva o saco de casa, se não leva o supermercado até oferece um de ráfia, grande e resistente, e põe-se a adivinhar que afinal a receita fiscal não deverá ser grande coisa e, inevitavelmente, a defesa do meio ambiente, tal como um desagravamento a sério do IRS, são cada vez mais uma miragem.

Já vos contei que tenho queda para o abismo?

Na semana passada li isto.
Desde então ando roidinha de todo para comprar o livro.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Caderninho de palavras difíceis

Alcina, a última de cinco irmãos, nasceu tarde, serôdia, quando já ninguém adivinhava mais uma gravidez naquela que passou aqueless que deveriam ter sido os melhores anos da sua vida entre as bermas da estrada e as traseiras dos semi-traillers. Alcina teve a sorte que nenhum dos seus irmãos conheceu, teve um pai que a registou, que casou com a mãe, lhe deu uma casinha modesta e a tirou da estrada. Alcina não conhecia os três irmãos mais velhos, foram mandados para "colégios" ainda pequenos e quando de lá sairam, já adultos, emigraram. Vivia com a mãe, que enviuvou dois dias depois de Alcina ter feito onze anos, e Joca, o irmão do meio, o único que não foi institucionalizado, empregado na Recauchutagem desde os catorze anos, sem ter conseguido completar o segundo ano do ciclo, que nunca gostou da escola, não tinha cabeça para os livros. Valeu-lhe então a cunha do padrasto, motorista de longo curso, que conhecia bem o senhor Ramiro dos pneus. O dinheiro que Joca ganhava chegava-lhe para os cigarros e minis com os amigos e para o Fiat Uno modificado com que impressionava as rapariguitas que às seis da tarde despegavam da Cerâmica. A pensão de viuvez da mãe assegurava a comida na mesa e os estudos da irmã. Corria-lhe bem a vida e Joca sentia-se verdadeiramente feliz, dono da sua vida.
Um dia, porém, a irmã levou uma colega de turma a casa, precisavam de fazer um trabalho de grupo. Era linda, a Rosarinho, tão diferente da Sandra e da Elizabete, que Joca namorava em simultâneo, por meio de manhas, malabarismos e mentiras que os telemóveis e internet de hoje deixariam a descoberto em menos de um fósforo. Rosarinho, Ro-sa-ri-nho, repetia devagar. Rosarinho é nome de velha, que raio de ideia desta gente rica, que podia escolher o nome que quisesse para os filhos e vai escolher um nome daqueles para a garina. E que bem que cheirava. E os cabelos louros, como fios de seda, como seria tocar-lhes? Que desassossego. Perdeu o sono,  Joca, deixou de parar à porta da Cerâmica quando saía do trabalho, desleixou-se com a Sandra e a Elizabete e acabou por ser descoberto. Só pensava na Rosarinho. Quis saber tudo sobre ela, onde vivia, quem eram os pais, tinha namorado? Alcina riu-se, desdenhou. Alguma vez a Rosarinho olharia para um bronco como ele que nem falar em condições sabia. Aquelas palavras foram punhais afiados que o trespassaram. Um bronco que nem falar sabe, era isso o que ele era. 
Nesse dia Joca prometeu que nunca mais o chamariam de bronco que nem falar sabe. Comprou um caderninho que o acompanharia para todo o lado. Todas as noites folhearia o dicionário e escolheria uma palavra com mais de seis letras ao acaso, que uma palavra só é difícil se tiver mais de seis letras.  Com caligrafia cuidada haveria de a transcrever para a tal caderno e decoraria o seu significado, convencido de que assim que dominasse o uso de palavras compridas Rosarinho se renderia ao seus encantos. Nunca aconteceu. Não tinha de acontecer, Rosarinho estava guardada para António, filho de boas famílias, seu colega na faculdade de medicina.
Joca, um solteirão pinga amor, continua a recorrer ao caderninho das palavras difíceis nos romances inconsequentes que vai mantendo com as rapariguitas do hipermercado que nasceu das paredes da antiga cerâmica e onde agora é segurança. O Uno modificado deu lugar a um Audi de importação que foi buscar com um amigo à Alemanha e que lhe levou uma pipa de massa, um pecúlio astrómico, quando precisou de matricular. 
-"Hadem" chamar-me muita coisa, até me podem chamar filho da puta, que era o que a minha mãe fazia, mas bronco que não sabe falar é que não.

É isso aí, Joca, continua a anotar as palavras compridas no caderninho que isso é que é importante. Ainda "hades" chegar a doutor, como a tua irmã.







sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O país a panicar em 3, 2, 1

Fortes suspeitas de ébola no Hospital do Barreiro.

(será sensato um jornal ventilar estas informações para o grande público desta forma?)

É sempre a mesma coisa, que nervos!

Uma pessoa põe-se a ver hotéis e voos, nem precisa de fazer nenhuma marcação, não precisa de gostar nem fazer like, nem subscrever newslwtter nenhuma, só precisa de googlar ou abrir um site de reservas, e um segundo depois já tem o facebook cheio de sugestões, ele é voos, ele é hoteís, ele são restaurantes, e museus.
Era suposto essas sugestões aguçarem a nossa curiosidade, despertarem em nós uma vontade incontrolável de viajar naquela companhia e ficar a dormir naquele hotel? Era? 
Então meus senhores, aviso já, comigo não está a resultar, repensem a vossa estratégia. A única vontade que tenho é de apagar a minha conta de facebook na hora e de nunca pôr os pés no vosso hotel ou usar os vossos motores de busca. 
Raça de agregadores linguarudos! Fico tão, mas tão irritada.

Estou aqui a ultimar uns pormenores

Digam-me pois, leitores amados, onde gostariam de passar o vosso dia de aniversário? Assim numa escapadinha de 3 dias?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

"Síndroma preso 44"

E assim de repente já toda a gente é perita em direito (especialmente em direito processual penal) e ai que não, não se admite, que me constituiram arguido sem haver uma acusação, apenas com base em suspeitas, ai que não se admite, que ataque vil aos meus direitos mais básicos. Hã?!
Obrigada Fórum TSF, obrigada Opinião Pública e afins.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Porque és tão rápida no zapping, Mirone?

Por razões de segurança, ora essa!
Ou acham seguro ficar perto daqueles botões, sujeitos a vazar a vista a alguém?
Se saem disparados são bem capazes de me deixar colada à parede! Cruzes canhoto!


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

17 de Fevereiro de 2009

Há seis anos tomava uma mão cheia de comprimidos por dia. E tenho as mãos grandes, cabem lá muitos.
Há seis anos os médicos não conseguiam perceber o que tinha ao certo. E podia ter muita coisa, nenhuma propriamente agradável.
Há seis anos fiz análises a tudo e mais um par de botas, para tentar perceber o que tinha. E demoraria uma semana a ter os resultados dessas análises, excepto uma, mais simples, cujo resultado podia ir buscar à tarde.
Há seis anos, dez minutos antes da hora de fecho do laboratório, decidi ir levantar o tal resultado. E fui.
Há seis anos chorei como não me lembro de ter chorado antes. E depois ri, voltei a chorar e ri mais.
Há seis anos curei-me de uma doença que nunca cheguei a saber qual era. Literalmente.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

E onde jantaste tu, Mirone, depois de um dia complicado?

No Páteo do Faustino.
Às vezes penso que nem as penso.

Calma, leitores, vamos ter calma, Mirone tem a solução

Agora que as nossas sevilhanas, princesas da Disney, personagens de desenhos animados, rainhas, Violettas, Capuchinhos Vermelho, saloiinhas, Minnies, chinesinhas, os nossos tartarugas Ninja, astronautas, super-heróis, polícias, Zorros, Noddy, índios e cowboys, palhaços e ratos Mickey, animais fofinhos, cientistas, figuras históricas e personagens cinematográficas, e todas as outras de que as nossas criancinhas adoradas se mascararam estão entregues na escola, vamos lá ter calma, respirar e preparar uma surpresa romântica para a nossa cara metade.
Vá, inspirem, expirem, devagar, isso, outra vez, agora com movimentos amplos dos braços, juntem, ergam, asfastem, muito bem. Outra vez, inspirem, expirem, inspirem, expirem, inspirem... "Mas Mirone, e..?" Shhh, mas nada, inspirem, expirem... " E o presente para o dia dos namorados? Ainda não tenho nada pensado e é já amanhã!" Shhh...inspirem, expirem, inspirem, expirem, ouçam o som do mar, shhhh, shhhh, shhhh, shhhh.

Mais calmos agora? Então vamos lá.
Fartos de dar voltas à cabeça sem encontrar o presente perfeito? Cansados das sugestões mais ou menos óbvias, mais ou menos acessíveis que o comércio, restauração e hotelaria disponibilizam por estes dias? Desmoralizados? Tristes? Então vieram ao sítio certo. 
Hoje trago-vos, rufem os tambores, tcharan, a surpresa que faltava para celebrar o amor que vos une à asa do vosso avião, à brasa da vossa fogueira, à bola do vosso futebol, ao Frajola do vosso Piu-Piu, e por aí adiante, é ouvir a Adriana Calcanhoto...
Não, a surpresa não é a Adriana Calcanhoto, mas tem a ver com música. Preparados? "Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim!"

E que tal oferecerem uma serenata ao vosso 'outro significante' (são muitos episódios de Dr Phill acumulados)? "Ah, Mirone, mas eu não sei cantar nem tocar um instrumento". Não é preciso. 
E se eu vos disser que podem contratar uma artista internacional, com vários Cds gravados e larga experiência, para cantar só para vós? "Uma artista internacional?! A cantar só para nós". Isso mesmo, uma artista internacional a cantar só para vós.
"Queremos, Mirone, queremos muito!"

Pois bem, chama-se Wing e é uma artista consagrada no Oriente e youtube. "Mas isso deve custar uma fortuna, Mirone!" Não, não custa uma fortuna, também não é uma pechincha da loja dos chineses, mas caramba, é um serviço único e estas coisas pagam-se. 
Por cerca de US$13 podem tê-la a cantar só para vós, pelo telefone, desde sucessos tão românticos como o "I will always love you" da Whitney Houston, o "My heart will go on" da Celine Dion, até, para os mais rockeiros, o "Highway to hell" dos AC/DC.
Será uma experiência inesquecível, garanto-vos. Nunca mais fui a mesma desde o dia em que Mr Mirone me passou o telefone para a mão e disse com cumplicidade "Mirone, ouve só isto. Vais adorar!".

Ouçam-na também vocês, até ao fim, que o fim é mesmo especial: 



Podem saber tudo sobre os serviços da Wing aqui.


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Por falar em orgulho ferido

E quando vais levar a tua filha à escola, estacionas em frente a uma pastelaria que àquela hora está cheia de pais que aproveitam para beber café, e um outro carro estaciona de tal forma perto do teu que tens de entrar pela porta do passageiro e fazer contorcionismo para chegar ao banco do condutor, à frente de toda a gente?
Não é bonito, asseguro-vos.







Já me tinha acontecido uma outra vez, mas estava tão grávida que tive mesmo de pedir a uma senhora que passava para me tirar o carro do estacionamento.

Ela não anda, ela despenca!

Corria o ano da graça do Senhor de 1995, numa segunda-feira de Fevereiro que a memória já não alcança, caramba, assim se vê como tempo passa, já perco a memória, apercebeu-se esta que vos escreve e a sua inseparável amiga que a noite dos Oscars estava a chegar e ainda tinham uns quantos filmes oscarizáveis em falta na lista de visionamentos e que isso não lhes permitiria avaliar com propriedade a justiça da atribuição dos prémios que estava para breve. Com dezoito anos sabemos tudo, tu-do. E temos dentro de nós um Lauro António.  Bom, dentro de nós não teriamos, mas no Vá-Vá, na mesa ao lado, tivemos muitas vezes.
Para grandes males, grandes remédios, era segunda-feira e os bilhetes eram mais baratos, urgia fazer uma sessão dupla de cinema logo que acabassem as aulas. Aos dezoito anos temos as prioridades muito bem definidas e ver todos os filmes candidatos às principais estatuetas douradas era uma prioridade.
- 'Xa cá ver,'xa cá ver, Quarteto não dá, Londres não dá, King muito menos. Alfas, vamos aos Alfas que estão os dois em cartaz. *
- Mas não fica apertado?
- Fica nada! chegamos mesmo em cima da hora, quando muito falhamos as apresentações. Vamos directas que dá perfeitamente. 
Chegámos bem a tempo, ainda havia fila nas bilheteiras, não seriamos as ovelhas ronhosas que entram a meio da sessão para incómodo dos restantes espectadores.
- Mirone, compra os bilhetes que eu encontro-te lá em baixo, preciso mesmo de ir à casa de banho.
- Sim, vai, espero-te à porta.
De bilhetes numa mão, livros na outra, aos dezoito anos andamos com os livros de braçado, sacudo a melena e de passos largos e decididos, a espalhar magia, aos dezoito anos, temos magia para dar e vender, faço-me às escadas. Dois lanços de degraus com um patamar de permeio. "Ela não anda, ela desfila"...
Tenho a certeza de que não chovia, mas por alguma razão o chão estava húmido e fugiu-me debaixo dos pés logo no primeiro degrau. O que se viu a seguir, senhores, o que se viu a seguir foi magia. M-A-G-I-A. Ainda hoje estou para perceber como consegui descer os dois lanços de escadas, a cambalear da esquerda para a direita, de um lado para o outro, e olhem que elas deviam ter uns bons 3 metros de largura, sem abalroar ninguém. "Wow, Mirone, não caias, wow, estás no patamar, wow só mais uns degraus, está quase, desvia-te do senhor, não caias agora que só falta um degrau."
Caí, em toda a minha glória, já fora das escadas, em chão firme, livros para um lado, carteira para o outro, a ondulante melena a tapar-me os olhos, ali, à frente de quem quisesse ver. Os bilhetes na mão, apertados, amachucados, tal como o meu orgulho.



Os filmes? Sei lá, já não me lembro, acho que um era o Pulp Fiction.



* Os meus dezoito anos não voltarão, estas salas, entretanto fechadas, muito provavelmente também não. 



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Então diz que afinal

Amanhã farei um post com um link para um artigo sobre os benefícios do tabaco e depois outro a recomendar a ingestão massiva de bebidas alcoólicas.
Para sexta, agendarei os posts relativos aos químicos presentes na nossa alimentação e das radiações UVA e UVB.




Ora "bamo lá a ber"

Então quem é que ainda falta despir-se por solidariedade?

Por causa disto.







terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Post em tempo real

Estava a fazer zapping e dei com o Joaquim Letria a entrevistar o Joe Berardo com uma farta, bom, não tão farta, mas composta, cabeleira preta!!! Só o reconheci pela voz.

Ainda não é desta que nos cruzamos, Tony Carreira

Os meus reis do shoegaze andam por aí.

 

Se for útil, ainda que para uma única pessoa, já valeu a pena

Não sendo caro e tendo uma carne branca, firme e húmida, o cantaril é, na minha opinião, um peixe sobrevalorizado.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

E se a moda pega?

Diz um dermatologista, e alguns estudiosos,  que as mulheres que fazem a barba (sim, com lâmina, como os homens) têm melhor pele, a lâmina a passar na pele produz uma espécie de micro-dermabrasão que estimula a produção de colagénio e reduz as rugas.

Ainda assim prefiro os cremes.


Tempestade quase perfeita

Os astros alinharam-se e a magia está prestes a acontecer, no mesmo fim de semana, dois dos eventos que mais me... falam ao coração, isso. Dia dos namorados e carnaval. Só faltam mesmo os jantares do dia da mulher.


E diz ela

Olhem filhas, tomarem vocêses todas arranjadinhas ter metade da classe que eu tenho em roupão e o meu hóme em.. olha lá, filho, vens vestido de quê? Não interessa, anda mazé, vamos-se imbora questa gente é toda uma cambada de saloias quadradonas, sem gosto e invejosas.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Ó amigo, se tem deixado que eu o atropelasse a coisa tinha corrido melhor para o seu lado, sempre era capaz de ter quem que pagasse umas calças novas

Mas não, o amigo preferiu, ali a 5 metros da passadeira, nem tanto, mostrar-me a palma da mão a fazer-me sinal para que parasse, e eu parei, pois parei, que até nem ia depressa, e depois  o amigo atira-se em voo picado para atravessar a estrada, sem ver o desnível do passeio do outro lado, estatelando-se no chão, ali à frente de toda a gente, óculos para um lado, pasta para o outro, os joelhos esfolados. Não foi bonito de se ver, não foi.

O carrapito da D. Aurora é tão bonito, fica-lhe bem

Satisfaz-me a curiosidade, jovem trendy e moderno, esse teu carrapito, lembraste-te que tinhas a sopa ao lume e saiste do barbeiro a correr, a meio do corte, foi? Avisaram-te que os senhores da EMEL andavam a pôr bloqueadores? O barbeiro ainda está a tirar o curso e ainda não deu a lição da parte de cima da cabeça? Faltou a luz? Veio a ASAE e fechou-lhe o estabelecimento?

Ah, é mesmo assim... 
Mas fazes bem, que o apanhas nesse carrapitinho mignon. A tua mãe está farta de te dizer que o cabelo à frente dos olhos faz mal à vista.



quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Dúvidas, só dúvidas

Tenho o serão livre e uma box para usar. O que me recomendam?
Reacções à entrevista do ex-Primeiro Ministro à SIC? A novela dos BES (os episódios transmitidos pela TVI, devidamente musicados são qualquer coisa)? A Comissão Parlamentar para a Saúde (não se é assim que se chama, mas parece que esteve agitado)?

Pensamento do dia

"Aceito-me como sou"
Pessoas que se aceitam como são, que maravilha! Fico tão feliz por vós!
Só não tenho de aceitar o mesmo para mim.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Estava ali a ver a Clara de Sousa

... no Jornal da Noite, enquanto espero pela entrevista de Sócrates, a dizer que nos agasalhemos nos próximos dias porque o frio vem aí.
Eu fico profundamente aliviada, garanto-vos que fico. Estava farta deste calor tropical, de andar de alcinhas e havaianas. De maneira que sim, vou seguir o conselho da Clara e vestir um casaco quentinho quando amanhã sair de casa. Ah, que saudades dos meus casacos quentinhos!
Começou a entrevista. Fui.

Mães de meninas, informem-me, por favor

Que moda substituiu a febre das pulseiras de elásticos do ano passado? Não tem nada a ver com aspiradores, por um mero acaso? Loucura das arrumações? Não, nada disso? Que pena...
A Mironinho lembrou-se de ressuscitar a moda e foi buscar a caixa dos elásticos, há meses posta de lado. Naturalmente, esta manhã entornou-os no chão do meu carro, "a caixa é que caiu, não fui eu", já coberto de Pini-pons e respectivos acessórios...

Linda, linda, esta dica que vou dou

Pessoas que me telefonam e eu rejeito a chamada, que ligam no segundo seguinte e eu volto a rejeitar, o que vos leva a acreditar que estarei disponível para atender a vossa terceira chamada? Esperavam uns minutitos entre chamadas, não? Estou só a dizer, é só uma ideia, tenho cá para mim que se não tiver de interromper a conversa que estou a ter para rejeitar as vossas chamadas me despacho mais depressa. Fica a dica.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Mistérios da humanidade

Mulheres, adultas, com casacos com capuz com orelhas de gato/cão/urso/tigre na rua.

É que não me consigo concentrar

Detesto sair de um restaurante e trazer o cheiro da comida nas roupas e cabelo. Acabou de me acontecer e isso deixa-me tão incomodada.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Então Mirone, o que fazes num fim de semana normal?

Então, o que é que havia de fazer? Faço o que grande parte das mães de crianças em idade escolar fazem. 
De manhã faço compras para a casa, almoço com os sogros, sigo directamente para mais uma festa de aniversário infantil (credo, que em Janeiro de 2009 as maternidades devem ter estado à beira do colapso!), regresso a casa farta de gritaria, a miúda a chorar porque fomos os primeiros a sair e queria ter ficado mais tempo, dou-lhe ben-u-ron enquanto preparo o jantar porque lhe dói o ouvido, peço ao pai que lhe dê banho e vista um pijama quentinho. Jantamos, procuro o cartão do seguro e telefono a pedir um médico ao domicílio, deus me livre de ir para as urgências num sábado à noite. Dou mimos à filha que não aguenta a dores, prometo que o médico está mesmo mesmo a chegar, que já quase ouço a campainha a tocar, digo mal da minha vida, que se tenho ido ao hospital a esta hora a miúda já tinha sido vista, mas o médico vem de onde, que já passou uma hora? Dou-lhe colo, peço que tente dormir, ela estremece com dores. Abro a porta ao médico, reconhecemo-nos, pergunto-lhe pela filha, minha colega de liceu, agora maestrina na Dinamarca, ele observa a Mironinho, pergunto-me o que faz um médico da sua idade e com a sua experiência fazer domicílios ao um sábado à noite, concluo que deve ser amor à profissão, respondo às perguntas que faz. Fico com a Mironinho enquanto o pai voa para a farmácia ao lado de nossa casa, a fazer figas para que esteja de serviço. Não está. Mete-se no carro e vai até à farmácia indicada na lista de farmácias de serviço, a lista está desactualizada, vai a outra, também fechada, mas a lista afixada indica uma outra farmácia de serviço, aberta, com uma fila imensa na rua, ao frio, e um funcionário que pede licença a um pé para mexer outro, atrás de uma janelinha que vai abrindo e fechando a cada cliente que atende. Troco sms com Mr. Mirone, que me relata enervado estes "contratempos", que nem em África viu uma coisa assim, que parece para os apanhados, que há pessoas fartas de esperar e a abandonar a fila. Uma hora depois de sair Mr. Mirone regressa com o antibiótico e as gotas para os ouvidos, remédio santo, meia hora depois a Mironinho dormia tranquila, foi até às dez e meia da manhã. 
Agora está aqui fina, como se nada se tivesse passado a perguntar a que horas vamos para casa dos avós, que as primas já devem estar lá e quer ir brincar com elas. E vamos, que em casa dos meus pais o almoço de domingo começa à uma e meia e não tem hora para acabar.