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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Dia Nacional da Insónia

Tive uma noite horrível.
Deitei-me tarde e cheia de dores de cabeça e só terei adormecido já depois das quatro, a última hora que me lembro de ver no despertador.
Às seis horas acordo com a Mironinho a fazer-me festinhas.
- Mamã, não consigo dormir.
- Conta até vinte a inspirar e inspirar devagarinho no intervalo de cada número e depois conta para trás a fazer o mesmo.
- Já fiz isso e não resultou.
- Então lê um bocadinho.
- Também não resultou.
- Então fecha os olhos e não penses em nada.
- Ninguém consegue não pensar em nada, mamã.
- Então deita-te aqui no meio e aninha-te.
- Está bem.

...

- Mamã, mas assim tenho um problema, se precisar de ir à casa de banho tenho de passar por cima de vocês.
- Não tens nada, sais pelo meio, como entraste. Agora cala-te e deixa-me dormir.
- Mamã, podíamos ficar acordadas a ter conversas de raparigas.
- Não, não podíamos. Podes ficar calada que eu quero dormir.
- Vou tentar.

...

- Mamã, não está a resultar.
- Então fica só calada a olhar para o teto.
- Mas está escuro, não vejo nada.
- Não me interessa, deixa-me dormir.
- Só se eu for ver televisão...
- Não vais nada ver televisão, vais deitar-te e dormir que ainda é muito cedo.
- Posso ir para o meu quarto?
- Podes!

...

Do outro lado da parede:
-Mamã, como é que se baixa o som do piano?

Às sete desisti e fui tomar banho.
Descemos no elevador com a minha vizinha e o filho, um ano mais velho que a Mironinho. Dizia ele:
- Fiz de tudo, mãe, fui à casa de banho,  tentei ler, mas o sono não vinha, tive de ir brincar.


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Tia sofre

Sobrinho mais bonito de sua Titia é um 'espanholito' delicioso, fala pelos cotovelos mas não se percebe uma palavra. Cumprindo o meu papel de tia extremosa, peguei num livro dos animais da quinta e sentei-o no meu colo para lermos juntos.
- Ramonzito, como se chama este animal?
- Báca!
- Muito bem, é a vaca. E este?
- Bulo!
- Muito bem, o burro. Palminhas para o Ramón! E este, como se chama?
- Calhalho!

Toilette zone ouTwilight zone? O leitor decide

Hoje de manhã durante o banho caíram-me sete cêntimos (uma moeda de cinco e outra de dois) do cabelo.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Estou prestes a ver a luz

Ou não, mas queria muito.

A senhora da limpeza garante-me que ainda vou a tempo de salvar a roupa manchada. Garante-me que as batas que o filho traz da oficina cheias de nódoas de óleo e massa consistente ficam impecáveis.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Excesso de informação

Parado do outro lado da rua, em segunda fila e com os quatro piscas ligados, o meu vizinho, já cinquentão, apressava a mãe que conversava à saída da farmácia.
- Depressa mãe, falam depois que eu não posso estar aqui parado, a Céu está à espera.
- Pronto, pronto, estou a ir. Credo, este rapaz anda sempre cheio de pressa, parece ele que foi feito a correr. Por acaso até foi, que naquela altura eu e o pai tínhamos os horários desencontrados.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A minha vida dava um poema, dois ou três versos, vá

"Estavas, linda Mirone, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a fortuna não deixa durar muito"

Ai caraças, que nunca mais marquei a inspeção do carro e terça-feira é último dia! 





segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Sobre a perda de vergonha

- Mirone, estás boa? Já não te via há tanto tempo, que é feito de ti? Costumas vir cá muitas vezes?
- Olá, não, não costumo, mas vim em trabalho e parei só para beber um café.
- Aceito um cafezinho, sim senhora, assim pomos a conversa em dia. 

(Oi? "Aceito"?)


Sobre aquilo do Saraiva

Mas há quem pague para ler sobre a vida sexual de políticos?

Há gente com taras bem sinistras...

Uma blogger fora do seu tempo

Vi hoje os DAMA pela primeira vez (só os conhecia de ouvir falar e das paródias com uma das suas músicas).
Esclareçam-me, por favor, aquilo é uma espécie de Excesso mas sem dança, não é?

domingo, 18 de setembro de 2016

Só não era nem um boi, nem um palácio

Pessoa passa quatro dias seguidos em lufa-lufa cá e lá, lá e cá, sempre servida por portas de abertura automática. Pessoa dormiu muito pouco. Pessoa regressa, finalmente, a casa sem poder com uma gata pelo rabo. Pessoa dá por si embasbacada a olhar para a porta do prédio e a perguntar porque raio ela continua fechada...

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Dizem vocês que as vossas criancinhas trazem metade da areia da praia para casa

Agora imaginem que um dos seus programas preferidos são os documentários do National Geographic sobre prospecção de ouro.
Adivinhem quantos quilos de pepitas tenho no meu porta-bagagens?

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Teófilo?! Bartolomeu?!

Tempos houve em que uma vista de olhos rápida pela lista de alunos permitia aos pais fazerem uma previsão do meio sócio-económico dos colegas dos filhos com um grau de certeza consideravelmente elevado. Havia sempre um apelido pomposo ou nomes tipicamente "queques" e nomes de "bairro", sabia-se que o Bernardo e o Salvador eram, muito provavelmente, oriundos de famílias endinheiradas, e que os Ruben e Fábio eram filhos de gente mais humilde. Cada grupo tinha uma espécie de lista estanque de nomes, derivada de um pacto tácito cujas origens ninguém conhecia ao certo, e as pessoas viviam felizes dentro do "estatuto" que o nome lhes conferia.
Por motivos ainda não esclarecidos esse pacto deixou de ser respeitado e as franjas populacionais mais desfavorecidas reclamaram também para si o uso de nomes até então "betos".
Os verdadeiros betos não puderam, obviamente, compactuar com tamanha usurpação e tiveram de improvisar uma solução que rapidamente repusesse a separação de águas, equacionando assim uma de duas hipóteses. Passariam a usar eles nomes "de bairro", invertendo o direito ao uso dos nomes de cada lista,  ou criariam uma lista de nomes ainda mais exclusivos, inventando uma homenagem ao tetra-avô general ou governador de não sei onde. Se a ideia de juntar Iara a um apelido composto, cheio de apóstrofes e duplas consoantes, era simplesmente inconcebível, sacrilégio!, chamar Teodoro ou Numa a uma criança foi, contudo, a solução que lhes pareceu natural, adequada e justa.

Porquê, senhores, porquê?

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Entretanto mostrei os sapatos com pom-pons à Mironinho

- Que tal, achas giros?
- Para bebé os pom-pons são giros, para adulto não muito...
- E para mim?
- Eeeerrr... Até vão bem com essa carteira que trazes hoje.
- E achas que o papá vai gostar?
- Vai se rir, de certeza!

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Deve ser um processo inconsciente de compensação

Vai daí, para me convencer de que sou a perfeita dona de casa, mãe, mulher, profissional e essas coisas bonitas que se dizem, decidi fazer scotch eggs para o jantar. Daqui a dez minutos tiro-os do congelador, pano-os e frito. A ver vamos...

Isto somos só nós a falar

Mas se eu fosse o Durão Barroso se calhar inventava uma desculpa e pedia ao chefe para ser dispensado das reuniões em Bruxelas. Ai, espera, ele é o chefe...

Aquele momento

Em que estás a beber café com uma colega e falam sobre o início das aulas, ai que o tempo passa tão depressa, ainda ontem estavam na nossa barriga e não tarda nada já estão no quarto ano, ai que amorosos com as mochilas às costas, carregados com os livros novos... Violinos e passarinhos... E de repente ouves o barulho de uma agulha a riscar o vinil. Livros novos?! Caraças, estive a plastificá-los ontem à noite e esqueci-me de os pôr na mochila! A miúda não levou os livros para a escola!




Já liguei para a escola. Hoje ainda é um dia de adaptação, vão fazer umas fichas de revisão e diagnóstico, não vão usar os livros.

Para a próxima queimo um soutien

Cortei quase um palmo de cabelo e não, não foi libertador.
Não me senti "empowered", não pareço mais nova, nem mais magra, nem mais bonita ou elegante, mas fica-me bem, estava um palmo abaixo dos ombros, agora está um palmo acima.
Não reduzi de forma substancial o tempo que demoro a tratá-lo, continuo a ter de o lavar, usar máscara, condicionador, protetor de calor, secar, usar chapas e gotas.
Portanto, minhas amigas, se querem libertação, a não ser que optem por um corte à Joãozinho (ia dizer pixie, mas depois podia ter reclamações), optem por queimar um soutien. De preferência um velho que já não usem, calma, mantenham as maminhas guardadas. Ou fechem as janelas do carro e gritem o mais alto que conseguirem. Podem fazê-lo com as janelas abertas e paradas no trânsito, mas estarão por vossa conta e risco. Idem se o fizerem quando estiverem com a família, a caminho do almoço de domingo.


Agora apetece-me comprar uns sapatos com pom-pons. Rezem para que sejam estupidamente caros.

domingo, 11 de setembro de 2016

Tutorial da semana

Olá, leitores fiéis.
Setembro, o mês oficial dos recomeços e regresso às novas rotinas já vai a meio e eu, como não podia deixar de ser, voltei às minhas cheia de vigor e com um empenho nunca visto, sobretudo quando falamos de uma rotina que me é tão cara, estragar roupa. Sim, ninguém estraga roupa como eu. Nestes anos especializei-me em duas áreas, a tinturaria e engomadoria. Sou perita em tingir roupa clara (sem me dar conta escolho sempre a peça mais pequena, porém mais colorida, para misturar na roupa branca antes de pôr a máquina a lavar a quente) e ninguém como eu queima roupa delicada.
Esta semana trago-vos um tutorial que pode ser muito útil quando vos apetecer adiantar serviço e "fazer máquinas de roupa" por forma a que no dia seguinte a vossa senhora da limpeza só tenha de a passar a ferro, e que consiste em tingir com batom cor de rosa três camisas brancas do vosso marido, duas blusas vossas, outras duas t-shirts da vossa filha e mais dois pólos e um macacão de algodão, para lhe dar aquele efeito leopardo rosa. É muito fácil, são apenas dez passos, e os resultados são muito duradouros. Sigam com atenção.

Material:
- Roupa branca de algodão em bom estado, idealmente de que gostem muito (é importante que aguente lavagens a altas temperaturas)
- Um batom das princesas, de uma cor forte. Podem encontrá-lo em qualquer loja de brinquedos ou de bijuteria infantil - este veio da Disney, mas encontram-se deles igualmente bons na Claire's.
- Uma máquina de lavar roupa
- Detergente e amaciador
- Uma máquina de secar

Passo um:
Esconda bem o batom no bolso do macacão da vossa filha. Ou limite-se a pôr a roupa na máquina sem verificar se há alguma coisa nos bolsos.
Passo dois:
Despeje detergente e amaciador nas gavetas da máquina e programe-a para lavar a 60 graus.
Passo três:
Ponha a roupa na secadora sem verificar como ficou porque assim fica logo despachada e porque não está com vontade a estender.
Passo quatro:
Retire a roupa da máquina e ouça o batom, completamente vazio (porque derreteu com o calor), a cair no chão.
Passo cinco:
Pegue no batom incrédula e tenha uma pequena apoplexia.
Passo seis:
Retire a roupa da máquina furiosamente, antecipando a desgraça, e na esperança ingénua de que, se for rápida, ainda possa evitar uma tragédia.
Passo sete:
Confirme que todas as peças de roupa têm manchas cor de rosa, bem engorduradas e entranhadas.
Passo oito:
Conte até um milhão.
Passo nove:
Volte a lavar a roupa toda, desta vez a 90 graus, e sem qualquer pré tratamento.
Passo dez:
Retire a roupa da máquina e conforme que continua tudo na mesma.

E é isto, meus queridos, se gostaram façam like , partilhem com os vossos amigos e deixem as vossas dicas na caixa de comentários.
Muitos beijinhos e até ao próximo tutorial. Até lá divirtam-se a estragar roupa!

sábado, 10 de setembro de 2016

O Google ainda tem aquilo do feeling lucky?

Uma sobrinha veio passar o fim-de-semana connosco. Antes de virmos para casa passei pelo supermercado para fazer umas compras de última hora. Parei na zona da padaria/pastelaria para comprar pão e tirei a senha. Enquanto esperava lembrei-me que ela podia preferir cereais para o pequeno almoço e perguntei-lhe:
- Marcolininha, o que é que costumas comer ao pequeno almoço?
- Leite e pã...
Mas depois olhou para a vitrine dos bolos, percebeu que se abria ali uma janela de oportunidade e no mesmo instante:
- Eeerrrr... Enganei-me, bebo leite e como croissant de chocolate ou palmier ou mil folhas ou bolo de arroz...

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Qual índio Joe, qual carapuça

Olha cruzar-me com ele numa rua pouco movimentada... Livra! Mete mais medo agora do que quando fazia aqueles filmes em que aviava uma dúzia de vilões a murro e pontapé sem se despentear.

Poema de amor

Meu amor, meu amor
Meu penico voador
Minha pizza sem sabor
Meu brioche com bolor.






quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Porque bebes café, Mirone?

Porque gosto verdadeiramente da rotina, de encontrar as mesmas pessoas de sempre, de trocar com elas duas ou três inocuidades que, ainda assim, me alegram o dia, mesmo nos dias em que o café vem queimado, ou numa chávena muito cheia, ou a parecer um carioca.
- Eu também era como a Mirone, também dizia que isso dos horóscopos era tudo uma pantominice, mas olhe aqui: "Aquário - Saúde: Período propício às dores articulares. Atenção aos excessos de açúcar.". Está a ver, bate tudo certo! Só eu sei como é que ando dos meus joelhos, esta manhã quase não me levantava. E sabe quanto é que estava a glicémia? 125! É pantominice, é pantominice, mas acertam sempre.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Em loop


Sísifo

Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga, Diário XIII

Que me saia já o Euromilhões se estiver a mentir

E as saudades que eu tinha de uma multa de estacionamento? Tantas!




segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Este mundo está roto, chove nele como na rua

(Não se chama "uma coisa nova por dia" porque não é a primeira vez que acontece).

Depois do ataque sem precedentes que os telemóveis perpetraram sobre campaínhas de porta e respetivos intercomunicadores - quem nunca recebeu ou fez uma chamada ou uma sms de ou para um amigo a avisar que estava à porta e casa e a pedir que abrisse? - eis que o intercomunicador riposta e toma claramente o terreno do telefone. Hoje de manhã foi assim:

Dlim-dlom...
- Quem é?
- Sou eu, a avó de Mr Mirone.
- Bom dia, suba. [opá, tenho de sair]
- Não é preciso, vim às flores e lembrei-me de tocar, é só para saber se o Mr Mirone está melhor.
- Sim, está. Suba.
- E a pequenina, dormiu bem?
- Dormiu. Suba.
- Vai levá-la agora à minha nora ou ela vem buscá-la?
- Suba.
- Não é preciso, é só um recadinho rápido. Brevemente vai à NOS?
- Suba.
- É que eu estou a pensar trocar para o Meo, porque a Loló trocou e diz que ... Blablabla...
- Suba.
- E a Nini disse ... Blablabla...
- Mas suba, não esteja à porta.
- De maneira que não perco nada ... Blablabla... E se um de vocês lá for leva-me porque .... Blablabla...
- Espere um pouquinho que eu desço, pode ser?
- Não é preciso, que eu sei que está para sair, não a quero demorar. Além disso tenho de ir à ... Blablabla... Depois ... Blablabla...

Não há fome que não dê em fartura

Este ditado foi criado a pensar nas pessoas que vivem com pessoas com dietas muito restritivas, certo? Estou tão farta da dieta de Mr. Mirone!

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Uma coisa nova por dia

Telemarketing em versão capitão de aeronave "la'ysan'getlementhisisyourcaptainspeakin'wearenowaproachinglisbon...rshrshrshrsh". Garanto que quase não percebi uma palavra do relambório do comercial da PT Empresas ao despedir-se.