Falam-se línguas (translate)

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Sonho de consumo

(especialmente para os senhores da EDP, dos SMAS e dos fabicantes de detergentes)

Dormir todas as noites numa cama com lençóis acabados de mudar.

Nem precisam de ser egípcios, com fios xpto, podem ser uns normalíssimos lençóis de algodão, brancos, frescos, sem uma ruga, mas acabados de mudar... Menos mal, é sexta-feira, verei o meu sonho de consumo realizado por uma noite.

Coisas de que me lembro, e faço

Havia na minha Faculdade um contínuo mais velho, eventualmente já com idade para se reformar, uma simpatia de senhor, baixo, de cabelo branco e muito curto, sempre vestido com calças e camisa cinzentas e de gravata preta, talvez um uniforme que lhe tivesse ficado dos tempos em que era obrigatório. Esse senhor tinha montado no átrio principal uma pequena banca onde vendia apontamentos das várias cadeiras elaborados pelos alunos, resumos de livros e transcrições de aulas teóricas, resmas de fotocópias, atadas com um elástico castanho. Todas as manhãs juntava duas ou três mesas de fórmica e sobre elas dispunha ordenadamente as fotocópias, por ano e por cadeira. Ao fim do dia recolhia os blocos e arrumava as mesas, para na manhã seguinte repetir aquele ritual, os apontamentos milimétricamente alinhados sobre as mesas, sempre pela mesma ordem, sempre no mesmo lugar, durante os cinco anos que demorei a fazer o curso. Algumas resmas estariam ali há vários anos, tantos que já apresentavam um tom amarelado e que, pensava eu, era responsável pelo nome que lhes era dado pelos colegas mais velhos, "Apontamentos Amarelos".
Por muito úteis que me pudessem parecer, nunca comprei nenhum daqueles blocos de apontamentos. Gostava de fazer os meus próprios apontamentos, a redacção dos resumos era um processo que me ajudava a reter a matéria, ao contrário da simples leitura dos manuais. Em boa hora. Mais tarde vim a saber que lhes chamavam apontamentos amarelos por estarem cheios de erros e imprecisões. Uns diziam que eram propositados, actos de pura maldade, outros diziam que não, que havia erros mas era um risco que se corria quando alguém se socorre de apontamentos de outros colegas, com tantas ou mais dúvidas do que nós. Nunca saberei se era verdade ou mentira, se tinham erros ou não, se os erros eram propositados ou involuntários. Ainda hoje, sempre que preciso, continuo a gostar de fazer os meus próprios apontamentos, por minha conta e risco.


Coisas que devia começar a fazer, mas de que me esqueço sempre


Falar ao telemóvel como se estivesse a usar um walkie-talkie.
É impressionante a quantidade de pessoas que anda com o telefone para trás e para a frente, ora muito colado à boca, ora esborrachado contra a orelha, enquanto fala. Suponho que saibam que o microfone capte sons a mais do que meio centímetro de distância, mas acredito que prefiram manter vivas as brincadeiras de espiões e detectives da infância.
Por falar em infância, este fim-de-semana vou estar com os meus dezassete primos, agora já casados e com filhos. Parece-me o pretexto que faltava para brincarmos ao Dick Tracy.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Pessoas que frequentam supermercados

... Esclareçam-me, se puderem.
É normal pedir ao funcionário da peixaria que faça filetes do peixe-espada que comprámos e que ele diga que não, que ali só tira a tripa e escala o peixe - se for o caso, mas que não o corta em filetes?
Nunca me tinha acontecido.

Num serviço público

Às vezes penso que vivo num sketch dos Malucos do Riso, ou dos Batanetes.

- "Olhameste"! Só porque é advogado chega aqui e passa à frente de toda a gente! Tem a mania!
...
- Já agora, arranja-me um cartão? Quanto é que me leva para tratar disto?

A quem é que ela sairá?

- Vá Mironinho, vamos para o quarto que são horas de ir dormir.
- Mas eu estou a fazer um desenho para a Rubicunda (educadora).
- Então acaba lá o desenho.
- E também vou fazer um para a Celestina (auxiliar).
- Rápido.
...
- Vá, já está, vamos deitar.
- Tenho de escrever o meu nome.
- Rápido.
- Falta o nome delas. Diz-me as letras.
- R - U - B - I- C - U - N - D - A.
- E o da Celestina.
- C - E -...
- E a data.
- Dois - oito - tracinho - zero - cinco - tracinho - dois - zero - um - quatro. Vá, acabou.
- Como é que se escreve quarta-feira?
- Deves pensar, deves... Andor!

quarta-feira, 28 de maio de 2014

E o "Cutelo d'Oiro" vai para...

O Semanário SOL, por ter tido o rasgo de ilustrar a notícia do assassinato de uma mulher à facada, pelo seu namorado, com a foto que se segue.

Menção honrosa para o ionline, que optou por um sofisticado exemplar com bainha de couro.




Aqui e aqui


Há outra explicação

... além de negligência grosseira por parte dos pais, para que uma criança de 5 anos apresente a maioria dos dentes completamente cariados?

terça-feira, 27 de maio de 2014

Já vos falei do meu fascínio por relógios?

E de como acho os seus mecanismos verdadeiras obras de arte e que desde sempre me intrigou a capacidade de um objecto medir aquilo que o homem não consegue aprisionar, o tempo?
E que não me canso de ver este anúncio?


Pior do que...

... sem pedir a ninguém, ter de levar com uma mãe a contar com todos os pormenores a história do seu parto horrível durante a aula de natação da Mironinho, só ter de levar com duas mães a contarem com pormenor as histórias dos seus partos horríveis na mesa do lado da minha enquanto almoço. A sério, senhoras, há pessoas que querem almoçar sossegadas. Se precisam mesmo de partilhar, falem um nadinha mais baixo. 
Eu não pedi uma cesariana para depois ter de levar com as histórias das outras.
Está decidido, amanhã trago marmita.

Lembra-te, Mirone

As casas das chaves, as lojas de ferragens e alguns sapateiros não existem para manter o mercado imobiliário activo, para fomentar o arrendamento ou a compra e venda de imóveis. Esses estabelecimentos dedicam-se, entre outras actividades, ao fabrico e reprodução de chaves, chaves essas que, uma vez feitas, devem ser entregues a pessoas de confiança, os teus pais, os sogros, talvez uma irmã... chaves que não são para ficar guardadas na gaveta do móvel do hall.
Da próxima vez que saíres de casa, certifica-te de que tens as chaves contigo antes de puxar a porta, sim?
Agora reza para que a D. Roberto te antenda o telefone se não quiseres entrar em casa com a polícia e pela escada dos bombeiros.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Eu cá não sou de intrigas

mas...











Nada. Era mesmo só para ter a certeza de que tinha a vossa atenção.
Vou trabalhar mais um bocado. Façam o mesmo.

Rescaldo

Então Mirone, preocupada com os níveis da abstenção?
Também.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Dúvidas e mais dúvidas

Não sei o que mais bule coma a minha natureza céptica no que diz respeito a assuntos do além, se ouvir alguém contar que vai à "bruxa" com frequência, se ouvir esse alguém dizer com convicção que os espíritos não andam a passear por aí, que têm uma profissão que lhes ocupa grande parte do tempo - e que normalmente nada tem a ver com a que tinham neste mundo - que é verdade sim, lho assegurou a bruxa.

Em compensação

...  e já que falamos de lixo, não deixa de ser estranho que Mr Mirone condene a minha atracção pelo TLC, mas volta e meia vá dar com ele às gargalhadas, agarrado ao telemóvel, porque descobriu um novo passatempo: Ver os sites de vendas, os OLX e Custo Justo da vida. "Mas esta gente não tem noção da barbaridade de dinheiro que está a pedir por autêntico lixo? Vê lá se sabes o que é um éleron, ou este que tem um L-ron? E este, com a expeção em dia".  Ontem era este:
"Vendo ou troco enault clio 1.5 dci 80cv de 2002
Carrinha em muito bom estado tanto a nivel extrior como de interior e mesmo de mecanica.
Carrinha tem 273.000km mas levou um motorvcom 80.000km na qual levou oleo.filtros.destrubicao.vauvulina na caixa e bronzes de viela.
Pneus em bom estado.
Extras; feicho central.vidros electricos.a/c.jantes.farois de navoeiro.radio cd de origem.volante multifuncoes.

Valor negociavel
Aceito troca por valores iguais inferior ou supriores"

Cada maluco com sua mania!

 Mas se não fossem esses sites nunca saberia o que são papagaios (e outras aves exóticas) sexados.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Às vezes pergunto-me

... qual é a vantagem de ter milhentos canais de televisão e uma box que só não tira cafés porque nunca lhos pedi (e porque não bebo café à noite, não é que me tire o sono, mas se é das poucas regras que me impus que consigo respeitar, pois que seja para manter), se depois perco tempo a ver o TLC*? O que quer dizer TLC? Tele Lixo Channel?
Mas quem é que vê aquilo, pergunta Mr Mirone?

Eu. Completamente "abazurdida", mas vejo.


*The Learning Channel, dizem eles

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Venha o diabo e escolha


- Mamã, eu não gosto de pulseiras de elásticos, porque eu não quero ter nada igual aos outros, quero ser sempre diferente. Eu prefiro usar os elásticos em anel.


Há toda uma carreira de técnica de vendas que me passou ao lado

... ou mas esta gente não faz uma formação antes de tentar vender o que quer que seja?

Estava a família Mirone no salutar convívio que  diariamente sucede a refeição da noite e antecede a recolha de Mironinho aos seus aposentos, cenário idílico como se há-de imaginar, "Mironinho, quantas vezes já te disse que o sofá não é pare se saltar? Começa a reunir a bonecada que entretanto está na hora da caminha e isto não é para ficar espalhado no chão". "Ohhhh, mas mamã, ainda não brinquei tudo...", quando o telefone de casa toca. "Um número fixo? A esta hora? Não conheço... não vou atender". "Atende lá, pode ser  importante". "Atende tu", "Não, atende tu".
 Atendi.
- Sim.
- Boa noite. estou a falar com a dona da casa?
Oh sorte macaca, vendedores a esta hora, deixa-me despachar isto. Respondo enfadada.
- Sim...
- O meu nome é "Jánãomelembro" e estou a ligar da "Nempercebi". Somos uma empresa ligada à saúde e precisavamos de saber se conhece a qualidade da água que usa em casa.
Filtros de água, outra vez? Quantas vezes é que tenho de dizer que não quero?
- Boa noite, não estou interessada em comprar nenhum filtro, muito obrigada.
- Mas quem é que lhe disse que eu quero vender um filtro de água?
Ó minha amiga, a falar nesse tom já percebi que não deves estar muito interessada em vender, não.
- O seu telefonema não é oportuno.
Deve ter-se lembrado que se chamar a pessoa pelo nome cria mais empatia e avança.
- Como é que se chama, já agora?
Já agora?!
- Não é importante, a senhora conseguiu este número sem precisar do meu nome...
- Mas conhece a qualidade da água que consome? É que nós temos técnicos na sua zona dispostos a fazer uma análise gratuita à qualidade da sua água sem quaisquer custos.
- É água da rede pública e o resultado das análises periódicas pode ser consultado a todo o tempo. Mas já lhe disse que não estou interessada em comprar um filtro, muito boa noite.
- Espere lá!
Espere lá?! Já agora deixa-me ver até onde isto chega.
- Diga...
- Eu não não vou vender nada.
Ai não vais não, podes estar descansada.
- Estamos só a fazer um agendamento para uns dos nossos técnicos se deslocarem a sua casa e sem quaiquer custos fazerem uma análise à qualidade da água.
- E eu estou a dizer-lhe que isso não vai acontecer. Não tenho por hábito receber estranhos em casa. Quando estiver interessada num serviço ou produto eu própria tomo a iniciativa de o procurar.
- Não gosta de receber estranhos em casa?
- Não. Em minha casa entra quem eu quero e deixo.
Já vi que não lês o Mirone, senão já sabias.
- Mas você trabalha, não trabalha?
Você? Já estamos neste patamar... 
- Trabalho.
- Então como é que trabalha se não quer falar com estranhos, sabe-me dizer?
 Eu sabia dizer-te, mas se me fizeste essa pergunta é porque seguramente não perceberás a diferença entre as duas situações.
- Com licença.
Desliguei.
- Anda Mironinho, vamos para a cama que a mãe conta-te uma história.


A educação é uma coisa muito linda, não é?




terça-feira, 20 de maio de 2014

Parece impossível

Um título tão bonito (pining for the fjords), que exprimia tão bem o que estava a sentir e zero referências aos Monty Python na caixa de comentários.
Não me conformo.

Há toda uma carreira de directora de casting que me passou ao lado

Senhora dona Chatinha, enquanto folheia uma revista cor-de-rosa:
- Ó Mironinho, já ouviu falar neste filme novo da Grace do Mónaco?
- Pois, parece que a família ficou um bocadinho aborrecida...
- Então e não é para ficar? Uma mulher tão bonita, que classe! E boa atriz, fez filmes tão bons. Lembro-me tão bem de ter ido com o meu marido ver aquele da janela, ai ajude-me...
- Janela Indiscreta? 
- E acha bem? É coisa que se faça? Eu também não concordo... Não há respeito.
- ...
- Diga-me com sinceridade, também escolhia aquela atriz para fazer de Grace?

Pining for the fjords

Porque tenho um blog? Ora, porque tenho quem comente assim:

"Vocês nem sequer sabem nas que se estão a meter a gozarem com o header do Mais Salgado com as piadas do ah e coiso e tal queres mais de quarenta comentários, porque se ele se zangar vocês vão chorar lágrimas de sangue porque se estão a pensar que podem gozar com ele como gozam com a Fraldinha e a PN e a Mais Doce e o Arranjadinho e o Bruno e mais os blogues que não são da vossa selecção, vão desejar estar mortas.
Vocês pensam que as Salgadetes são todas iguais e não estão a reparar na comentadora que vai ao blogue dele chamada Maria Helena, pois não? Pensam que é mais uma Salgadete admiradora como vocês que andam lá a prestar vassalagem ao Senhor sem terem resposta dele, mas não é e é uma Senhora muito importante que se vocês soubessem quem era fugiam para os confins da Antárctida e nunca mais ninguém vos punha a vista em cima.
Isto é só para vos avisar que o Mais Salgado é um Senhor muito importante na comunidade e que tem apoio de pessoas muito importantes, porque são umas inconscientes que estão a fazer bullying com ele como fazem com as bloggers da vossa antipatia sem medirem as consequências, e depois não venham para cá a chorar feitas Madalenas arrependidas. Quem avisa amigo é."

Tão bom!
Obrigada!


segunda-feira, 19 de maio de 2014

7 blogo-pecados


Jantei spaghetti alle vongole

Epah, não sei, podia ser que vos interessasse.
Fotografias? Não, não levei o telemóvel para a mesa.

Mito ou realidade

Um estudo, feito por mim (e que portanto tem o valor que tem), dizia eu, um estudo feito por mim demonstra que uma parte substancial da blogosfera se leva demasiado a sério. E que parte substancial é essa, tens números, percentagens para nos indicar, perguntam vocês? Não sei, não tenho números, só leio meia dúzia de blogs com atenção, e só em Portugal existem milhares. Mas se eu lhe quero chamar substancial, é substancial que fica.
Adiante,  o meu estudo revela que existe na blogosfera uma quantidade substancial de pessoas capazes de ver maldade em tudo e quanto se escreva e que saia de determinados cânones. Pessoas que não conseguem fazer uma brincadeira ou alinhar nela, que transportam toda e qualquer questão para o plano pessoal, pessoas que fervem em pouca água, que sobrevalorizam as coisas e que estão prontas a disparar em todas as direcções ao mais pequeno movimento.
E vocês, digam-me de vossa justiça, levam-se demasiado a sério ou alinham numa boa brincadeira?


... e, já agora, disto também

Lembram-se de no post anterior vos ter contado que não uso telemóvel, que tenho formas muitíssimo mais eficazes de comunicar com Mr. Mirone.
Pois bem, desenganem-se os que pensam que só os kits mãos livres são desperdício de dinheiro. A mim ninguém me apanha com um auricular Shunga como estes.




Quem me explica a utilidade disto

Aparentemente este aparelho é vendido como um Kit mãos-livres para telemóvel.
Sinceramente acho um desperdício de dinheiro. Fui multada uma vez por falar ao telemóvel enquanto conduzia e a coima que tive de pagar dava para comprar quase dois aparelhos destes. Não gostei, aprendi a lição e decidi cortar o mal pela raiz. Nunca mais usei o telemóvel no carro. 
Se por acaso me cruzar com Mr. Mirone no trânsito limito-me a acenar e gesticular. Ele diz-me que pareço o infame tradutor de língua gestual presente nas cerimónias fúnebres de Nelson Mandela, mas a verdade é que até hoje percebeu sempre o que lhe queria dizer. Aliás, se saímos de casa com  mais pressa e me apercebo que há alguma falta no frigorífico ou na despensa só tenho de mimar a lista de compras enquanto estamos parados num semáforo. Ao fim do dia é certinho: 6 iogurtes magros, 150 gramas de fiambre da perna magro - fatias finas, 4 queijos frescos, uma cabeça de brócolos, detergente para a louça e sacos do lixo, passar na lavandaria e levar o carro à revisão. Não falha! Sou um verdadeiro Marcel Marceau. Ainda bem que nunca me deu para fazer sinais de fumo!

Reeducação alimentar

Longe vão os tempos em que comiamos o que queriamos e como queriamos. Hoje em dia são cada vez mais as pessoas apostadas em deixar de parte os velhos hábitos e faux pas na hora das refeições e mostrar uma educação cuidada.

Segue-se uma lista das regras de educação no convívio à mesa, regras básicas que resultam do bom-senso e da urbanidade, que todos conhecemos e que sempre funcionaram comigo. Atenção, não sou perita em etiqueta e não digo que estas são as únicas regras de educação ou as melhores. Repito, estas são apenas e tão só regras que resultam comigo. Para casos específicos, ou havendo dúvidas sérias quanto às regras a observar, por favor consultem sempre um especialista em etiqueta.

1. Lave sempre as mãos antes de comer, manusear alimentos, talheres ou copos. Além da vertente estética, uma boa higiene das mãos é essencial para evitar a contaminação dos alimentos por bactérias ou outros microorganismos nocivos para a saúde.

2. Tenha uma apresentação e postura adequada. Sente-se direito, evite apoiar os cotovelos na mesa enquanto come e tente manter os braços junto do tronco. Nunca vá para a mesa sem se pentear ou pelo menos ajeitar o cabelo. Nunca o faça à mesa. Mesmo em refeições mais descontraídas, por exemplo na praia ou na piscina tenha um cuidado mínimo e evite sentar-se à mesa em tronco nu, use pelo menos uma peça de roupa simples, uma t-shirt, um vestido leve.

3. Faça um uso correcto dos talheres. A mão direita segura a faca e a colher, a mão esquerda segura o garfo. Não gesticule com os talheres na mão nem os aponte ao seu interlocutor enquanto fala. Se necessário, pouse os talheres. Nunca se sirva com os talheres que usa para comer, nem os leve à travessa de onde se serve os outros convivas. No final da refeição junte os talheres no seu prato.

4. Mastigue sempre com a boca fechada e sem fazer barulhos. Nunca fale com a boca cheia.

5. Use o guardanapo as vezes que se mostrarem necessárias e apenas para limpar a boca ou os dedos. O guardanapo deve ser colocado no colo logo que se senta à mesa e aí deve permanecer até ao fim da refeição. Em refeições mais informais ou volantes é admissível guardar o guardanapo junto do prato.

6. Antes de beber, engula os alimentos que tem na boca e limpe os lábios. Se necessário, use o guardanapo para secar os lábios depois de beber.

7. Se por algum motivo precisar de retirar uma espinha ou osso da boca, faça-o com elegância e discrição. Coloque uma mão em forma de concha sobre a boca e retire-a com o polegar e indicador, ou pouse-o no garfo e deposite-o na beira do prato. Nunca leve a faca à boca. Nunca palite os dentes à mesa.

8. Se precisar de alguma coisa que está sobre a mesa mas fora do seu alcance peça educadamente à pessoa mais próxima que lha passe, não atravesse os braços à frente dos restantes convivas.

9. Quando estiver acompanhado às refeições procure desligar o telefone, trocar sms ou mails. Se não puder desligar o telefone ou, por motivo de força maior precisar de atender uma chamada, peça licença e retire-se. Seja o mais breve possível.

10. Não fale exageradamente alto à mesa nem aborde temas que sabe à partida que incomodam os restantes convivas.

11. Não se levante antes do fim da refeição. Se precisar mesmo de se levantar, peça sempre licença antes de o fazer.






domingo, 18 de maio de 2014

Tenho fortes suspeitas

... de que algumas palavras só existem para compor as palavras cruzadas.


Alguém diz siar em vez de fechar as asas?




A mim também me dá para coisas

Hoje deu-me para isto. Podia dar-me para pior.

Nem todas as praias são más para se ir a um domingo.


sábado, 17 de maio de 2014

A emissão será retomada dentro de momentos

Ultimamente este blog tem sido um fartote de visitas, setecentas, oitocentas visualizações diárias, quando num dia bom e de múltiplos posts não tinha mais de seiscentas visitas. Na passada sexta-feira, ultrapassei as mil visualizações. Vejam só, mil visualizações num dia. Ora bem, tendo em conta as visitas involuntárias e "ao engano", dos Estados Unidos, da Rússia, da China e até da Índia, acredito que 50 pessoas diferentes tenham lido o que escrevi. Ainda assim, as caixas de comentários encheram-se e desta vez não foram meia dúzia de comentadores habituais, como aconteceu com o post do bolo desmanchado. Desta vez eram anónimos indignados.
E porquê, Mirone? Que post maravilhoso foi esse, que milagre se deu na tua escrita que justifique esse afluxo estonteante de leitores?
Não se deu milagre nenhum, tão somente publiquei dois posts em que caricaturei duas bloggers de quem gosto. É verdade. Uma falange de blogonautas sentiu-se incomodada porque gosto de ler e comento com frequência dois blogs. Depressa ascendi à categoria de harpia e bully, pessoa mesquinha que vive pala achincalhar os outros e espalhar fel juntamente com outras bloggers. Concederia, mesmo nunca tendo atacado frontalmente um blog, muitas foram as vezes em que fiquei de braços cruzados "a ver a tenda pegar fogo". Coisa feia, dirão os anónimos. Não adianta que tenha querido brincar, são simplesmente brincadeiras que não se têm e que magoam os visados, pobres vítimas indefesas.
Ora aí é que reside o busílis da questão.
Não me recordo que os visados nos posts que comento sejam vítimas indefesas. Não me recordo que sejam desgraçadinhos, pobres e oprimidos. Recordo-me sim que são bloggers com um "arcaboiço" fora de série, capazes de enfrentar ventos e marés, que souberam conquistar o seu lugar nos postos cimeiros dos blogómetros nacionais. Têm blogs com milhares seguidores, milhões de visualizações, são bloggers realizados e felizes com o que fazem. Tenho sérias dúvidas que percam um minuto que seja a pensar no que eu possa escrever ou pensar, no que é dito em blogs com um décimo da dimensão dos seus. Independentemente da dimensão que possam ter, são pessoas que não os conhecem, são opiniões que não lhes interessam. Deitarão a cabeça todos as noites na almofada com a consciência de que estão no caminho certo e acordarão no dia seguinte com a mesma vontade de o trilhar. E isto não são cogitações minhas, são factos. Quem seguir os blogs das ditas "vítimas" sabe que é assim, são eles que o dizem, que nada do que escrevam ou digam os afecta, que não estão "nem aí" para quem os ataca. São pessoas seguras e confiantes.
Não queiram os anónimos indignados tomar as dores de quem não as sente.
Querem tomar as dores de alguém? Tomem as dores daqueles que verdadeiramente não têm voz, que não se conseguem fazer ouvir. Dos que não têm uma casa digna para morar, dos pensionistas que deixam de tomar os medicamentos que precisam para poderem comer, dos que nem para comer têm dinheiro, das pessoas que aguardam anos por uma consulta ou uma cirurgia, dos que não têm trabalho, daqueles a quem os patrões deixaram de pagar os salários, das crianças que vão para a escola em tempos de férias para poderem comer. Das vítimas de maus tratos, de tráfico e escravatura, das vítimas da fome e da guerra em todo o mundo.
Toda esta situação me parece simples. Isto são só blogs e no final do dia é com a nossa consciência que nos deitamos, não é com quem nos bate palmas ou quem nos quer atacar, sejam muitos, sejam poucos. Que se deitem de consciência tranquila os anónimos ofendidos que mais não fazem mais do que saltitar de caixa de comentários em caixa de comentários provocadores , a espicaçar, "então onde estão as compinchas, então não vais fazer sangue?". Que lhes permita a mesma consciência e espírito de missão dar-lhes a força necessária para não lerem blogs "destiladores de fel" que, afinal de contas são os próprios que alimentam. Sim, que os próprios alimentam, com as suas visitas e comentários ofendidos e irados. Que a integridade que os move lhes permita gritar basta. Para que isso aconteça só precisam de não os ler.

Pode repetir?

Não me incomoda que em 2014 haja ainda quem pense em escudos e contos. Mas fico preocupada quando alguém me diz que viu no supermercado "umas maçãs muito boas a 140 escudos o kilo", quando na verdade um kilo das ditas custa 1,40 euros.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Bio Palmier

Depois da minha mais recente experiência rural-chic na zona Saloia converti-me finalmente às maravilhas dos produtos bio. E vocês, minhas palmieretes, vão converter-se também.
Não pensem que é tarefa simples. para que um produto tenha a chancela Bio Palmier tem de preencher rigorosíssimos requisitos. Desengane-se quem está a pensar apenas em quintas longínquas, onde a poluição não chega e todos os produtos são cultivados de acordo com os métodos tradicionais, sem recurso a qualquer espécie de químicos. É também necessário que sejam um produto urbano, tal como eu. Sim, é difícil eu sei, mas existe. 
Ontem ao fim da tarde lancei-me no meu  Imperial Blue Brilliant de mudanças automáticas, prego a fundo em direcção à Cosy Charming Chic Cottage de querido Papa para trazer até vós esse símbolo da urbanidade portuguesa. A alface. Pessoa urbana que é pessoa urbana é alfacinha, não há qualquer espécie de discussão.
Vejam Palmieretes adoradas, o que é um kilo de alface biológica, plantada por Papa, não vá dar-se o caso de sua adorada neta pensar que as alfaces vêm do Supercor.
Ridículo? Como assim, fotografar a minha filha com a cara tapada com uma alface de um kilo é ridículo? Já nem vou dormir. 
Por causa das críticas? não! Quero lá saber é das críticas! Na verdade não vou dormir porque tenho uma tarefa importantíssima em mãos. Tirar as fotografias mais ridículas que conseguir. A todo o momento aparecem na bloga fotos ridículas e eu quero estar preparada para também poder ter algumas no meu blog.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Estou no indo

Iuú! Olá!
Olá? Está aí alguém? Pessoas? Pessoas?
Então? Foram-se todos embora? Pessoas, estou aqui. Filhinho Querido Riquezas de Sua Mãe, Mais Que tudo, cadê vocês?
Pessoas, não me abandonaram não?
Pessoas, eu fui só ali à Yolanda. Antes? Como antes? Antes tinha ido passar uns dias a sul, a casa da minha amiga querida, a Madalena. Antes? Antes fui dar uma volta de barco, vocês sabem que eu adoro! Antes? Estive uns dias em Paris, nada de mais, era o meu aniversário, uma pessoa também merece. Antes? Ora, estive na Yolanda, com MQT. É o amor da minha vida, não consigo estar longe dele, vocês compreendem. Antes? Mas muito antes, nas Araábias? Não me digam que ficaram chateados, já foi há tanto tempo.
Bom vim só deixar um beijinho e fazer umas refeições. Sabem como é, FMQRSM adora a minha comida e a seguir estou de partida para a Golegã. Estou cá com umas ideias de remodelações...
Bom tenho de ir. Há um workshop há minha espera. MQT work, e eu shop. 
Mas já, já, vou só ali à Malásia. Parece que estão com problemas e não conseguem seguir-me. De maneira que se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé.

Gracinha

Gracinha, minha querida, não se importa que a trate assim, pois não Mirone? Não me interrompa. Gracinha, sente-se aqui junto desta sua tia que preciso de lhe dar umas palavrinhas. Sabe, Gracinha... Shut, não insista, vou chamar-lhe Gracinha, Mirone é tão boçal, tão classe E inferior (não, não é o Mercedes, que maçada, não me interrompa). Gracinha, se era para ter um blog como o seu podia estar quieta. Sabe Gracinha, isto de ter um blog enfadonho, um soporífero virtual, para depois andar a espreitar os outros por pura diversão é coisa feia, coisa de mirone. Sabe Gracinha... deixe-se disso, eu escolho o nome que lhe quero dar e a menina ouve! Sabe Gracinha, é preciso ter classe em tudo quanto se faz, é preciso ter brio, deixar bem claro quem somos, a educação que temos. Não basta ser mais um Gracinha, a blogosfera está cheia de mais uns. Defina-se Gracinha, defina-se. Não queira ver esta velha tia que só lhe quer bem, enfiar-lhe a biqueira de um pigalle onde o Sol não brilha. Vá Gracinha, agora não me mace mais com aqueles seus comentáriozinhos bacocos mal sai um post meu. Parece um cãozinho perdido à procura de atenção. Não queira que tenha pena de si, está bem? Um beijo, minha querida. Não, Gracinha, não são dois, é só um! Caramba, haverá remédio para si? A menina cansa-me.

A minha receita


Como é freguesas? Querem ter um espanador de primeira categoria? Um esfregão de arame? Querem deixar de se preocupar com o pó que se acumula nas molduras rococó, com o arroz que se colou ao fundo do tacho enquanto vocês andavam na bloga?
Se querem ficar com um cabelo como o meu, sigam os seguintes passos.
Antes de mais quero explicar uma coisa muito importante. Durante quase vinte anos usei madeixas, descolorava, pintava, fazia trinta por uma linha à minha farta cabeleira. Ultimamente deixei-me disso e voltei à cor natural. Não me perguntem que cor é, que não sei, e mesmo se soubesse não dizia, porque só faço publicidade a coisas de que não gosto e ninguém me paga para isso. E como gosto dele liso, todos os dias (sim que o estúpido é oleoso nas raízes e mesmo que não fosse, eu gosto de sentir a cabeça lavada todos os dias) lhe dou com o secador e as chapas. De Maneira que é isso, tenho um cabelo que parece palha d'aço.
Para ficarem assim sigam estes passos:
1.º Lavem com um shampoo que a vossa cabeleireira vos impingiu. Se  tiverem o couro cabeludo sensível, lavem com outro qualquer e esperem que as feridas apareçam.
2.º Passem condicionador e deixem actuar. Aproveitem esse período para tomarem banho no resto do corpo.
3.º Tirem o amaciador e espremam para sair a maior parte da água.
4.º Embrulhem a cabeça numa toalha turca. As minhas são brancas ou cinzentas, mas vocês podem usar qualquer uma que tenham em casa.
5.º Ponham umas gotas que a cabeleireira disse que eram muito boas. Só nas pontas!
6.º Desembaracem e deixem secar ao ar.

Pronto, é só isto. Agora não me chateiem mais que tenho de ir desancar os imbecis da Meo e fazer queixa na polícia por causa dos burlões da oficina. Não quero saber de mimimi para nada. Cambada de amélias, piores que eu! A vossa sorte é eu ter prometido que não dizia mais palavrões neste blog. Já me basta aturar a chefe estúpida. Ai esperem, a minha chefe sou eu. Não interessa, é estúpida!
A ver se ao menos o homem desta vez acerta no raio do boião azul da Nivea, que da outra vez trouxe uns cremes todos cheirosos e bons! Não há pachorra, pá!

Vou arranjar umas gatas para mudar a areia, ou cães, para levar à rua, e sacos de sandes, para apanhar aquilo. Fui!

Vou só ali apanhar o queixo, que me ficou no chão

Então isto é coisa que se faça, senhores jornaleiros? 
Senhores jornaleiros (um jornalista não faz o que vi vi há poucos minutos na TVI e está no site de vários jornais on-line), fazer notícia de um beijo que um jogador dá a outro, na boca ou lá perto, durante os festejos de vitória numa competição importante, é uma coisa nojenta, mesquinha e mal intencionada. O jogador também festejou com saltos e abraços. Porque é que isso não foi notícia também? Ai esperem, foi um homem que deu um beijo a outro...
Não se usa uma imagem que apenas traduz a espontaneidade e felicidade desta forma.

Consultório, "novelle" PNL, coaching comportamental e fashionismo (envolve jumpsuits)

Querida Cutxi, pede-me um grande amigo, que faça chegar até ti este apelo.
Por favor, se estiver ao teu alcance, ajuda-o a encontrar a felicidade.

"Querida Cutxi,

A minha dona maltrata-me. Desde o dia em que lhe calhei numa rifa não tenho conhecido senão apertos e estrafegos. Leva-me para todo o lado, obriga-me a dormir com ela e, pior, veste-me as suas roupas.
Sou um macaco triste e deprimido, apagado, sem vontade de viver, sem objectivos. Ajuda-me a encontrar o caminho da felicidade. Quero ser um macaco feliz, realizado, completo e independente. Sonho com uma carreira televisiva, quem sabe não serei o próximo Adriano?
Como posso mudar o rumo da minha vida?
Não tens de responder já, escrever estas palavras já aliviaram parte do meu sofrimento.

Teu seguidor,

Macacão (Jumpsuit para as amigas fashionistas)

PS - Envio-te uma foto de corpo inteiro, para avaliares o estado em que me encontro.
Se alguma vez ponderares um relacionamento inter-espécie de espécie, estou aqui ;). Sou muito fofinho, literalmente, meigo e carinhoso. Sou de signo tremoço, visto o tamanho 2 anos e calço o 34. Às vezes ando num Bugaboo descapotável "


quarta-feira, 14 de maio de 2014

A verdadeira publicidade encapotada


Para fechar em beleza

- Mironinho, hoje está sol e calor, está mesmo bom para irmos à feira andar no carrossel.
- Sim mamã! E também para ver neve a derreter, na Serra da Estrela.


Então mas a miúda passa a semana a dizer que quer ir andar nos carrosseis e depois hoje diz-me isto? Bom, não disse ver tinta a secar...

Das manhãs que se querem simples e felizes (ou não)

Quis Deus Pai Nosso Senhor Todo Poderoso, que eu fosse uma fotocopiadora viva e que fizesse uma filha igualzinha ao pai, não só no aspecto físico, mas também na rabugice de fome matinal (deve ter sido por isso que inventaram os pequenos almoços na cama - que o pai abomina).
Quis também abençoar-me com uma  estóica capacidade de contar até muitos, vezes infinitas. Obrigada, Senhor, obrigada!

Hoje foi assim:
- Bom dia, filha linda! Vamos acordar?
- Buááá. Tu disseste primeiro bom dia e queria ser eu...
- (1, 2, 3, 4, 5... respira fundo, Mirone) Está bem, vou voltar atrás no tempo e dizes tu. Zuyapiupnhoc (isto sou eu a fazer rewind).
- Bom dia mamã linda! (como se não tivesse estado a barregar - juro que parece um cordeiro perdido do rebanho - um minuto antes. Deve ter um interruptor interno...)
- Vamos lavar a carinha e vestir?
Vamos para a casa-de-banho.
- Buáá. Eu é que queria acender a luz da casa de banho.
(1, 2, 3, 4... Inspira, expira...) Apago a luz, acende a luz.
Começo a vesti-la.
- Buáá. Ajudaste-me e eu queria vestir-me sozinha.
(ommmmmmm) Dispo-a, veste-se sozinha e demora três vezes mais tempo.
Vamos para a cozinha. Aqueço o leite no micro-ondas. Tiro a caneca.
- Buáá. Eu é que abria a porta.
(14365543, 14365544, 14365545...)
Fecho o micro-ondas, abre o micro-ondas. Preparo o pão, com manteiga, já sei, não gosta de queijo nem fiambre.
- Buáá! Eu é que abria a manteiga...
( 25737745298437, 25737745298438...) Fecho o pacote, abre o pacote.
- Buáá. Mexeste o leite e eu é que mexia...
(infinitos e vinte e três, infinitos e vinte e quatro, infinitos e vinte e cinco). Zyuapiupbrlep, novo rewind.
- Pronto, mexe tu.
- Buáá, não era essa colher, era esta.
(Infinitos e ainda mais, infinitos e ainda mais, infinitos e ainda mais)
- Mexe com essa, então.

E pronto, está a comer.

- Mamã, hoje na escola vamos ensaiar para a festa... blábláblá...
(Onde está a minha filha rabugenta? Quem é esta criança encantadora?)

Eu podia começar a manhã aos berros, pois podia, mas não era a mesma coisa. É só fome, depois passa-lhe.





Mito ou realidade

"Ah Mirone, não, isso é  um mito, uma espécie de monstro do lago Ness, abominável Homem das Neves, Big Foot, OVNIs no Alentejo, é conversa de fim de noite, quando já é o álcool a falar.  Em Portugal? Só se forem estrangeiros, não acredites.
Pronto, é uma coisa de que se fala muito, mas desde a década de 80 que não há provas da sua existência ou do seu avistamento. Aliás, de então para cá, das poucas vezes que foram vistas, foi em caricaturas, situações encenadas para fins humorísticos."

Ai é mentira, é um mito, conversa de bêbado? Já ninguém usa meias brancas com sapatos pretos? Não? Então o que é isto?
Ah pois, estas fotografias foram tiradas este mês, a duas pessoas diferentes, no mesmo local, dia e hora.


terça-feira, 13 de maio de 2014

Porteiro Report

O porteiro da minha garagem voltou ontem de férias.
O porteiro da minha garagem anda a ler um manual do Código da Estrada, daqueles que quem anda a tirar a carta de condução lê.
Em tempos poderei deixar a chave do meu carro ao porteiro da minha garagem para ele o levar à lavagem e depois arrumar.
Espero que o porteiro da minha garagem seja simplesmente uma pessoa que gosta de se manter informada e que achou por bem recordar a tabela de limites de velocidade de veículos pesados com atrelado.

Informática na óptica do utilizador

Passou-me pela frente dos olhos um anúncio de um worshop sobre celulite, hábitos alimentares e exercício físico. Eu já não vou para nova, tenho uma filha para criar, se calhar está na hora de começar a pensar na minha saúde. Deixa cá ver se me interessa.
Depois de ver a fotografia de promoção fiquei com uma dúvida. Preencherei os pré-requisitos? É que tirando o paint, que domino muito mal, sou uma nulidade em edição de imagem.



segunda-feira, 12 de maio de 2014

Mas está tudo doido?

A página de Facebook das pulseiras de elásticos foi criada a 7 de Maio e já tem mais de 8.500 gostos.

Nicho de mercado, ou à atenção dos senhores do Shark Tank*

Estais fartinhos do vosso trabalho, estais? Quereis criar o vosso próprio negócio, quereis? Quereis ter-me como cliente fiel, quereis?
É criar uma linha de roupa de criança gira, tanto a criança como a roupa,  que venda tamanho 5 anos.

Mas o que é que passou pela cabeça das pessoas que lhes deu para achar que uma criança de 5 anos não precisa de roupa de tamanho certo?




*Sim, NM, também vejo.

"Mood" da semana

Mood. E esta, hein? Só a palavra já traz felicidade. Já se sentem mais inspirados?

Aqui vai, então.
  
Duas festas de aniversário infantis, uma primeira comunhão e uma revelação bombástica depois, aqui me encontro, qual noiva do Trio Odemira, branca e radiante.

Entretanto:

Isto de vestir meias da cor exacta da pele não está com nada quando temos a pele cor de lula anémica e não é assim tão elegante.

- Mãe, eu conheço a senhora que está naquela estátua, é Maria, a mãe de Jesus! Nesta igreja também há estátuas de Maria!
- Eu sei, eu sei, mas fala baixinho...
- Mãe, quem é aquele senhor que está pendurado naqueles paus lá à frente?
- É Jesus... Shhhh, fala baixinho.
- Em adulto e ainda com fraldas?! Que vergonha!
(é um bilhete para o inferno faxabór)

E diz a cunhada (médica! senhores, médica!):
- Vai lá buscar uma linha e uma agulha que eu já te digo e tiram-se já as teimas.
 É isto, parece que lá para Novembro vou ser tia de um lindo menino púdico que na ecografia decidiu estar escondidinho e não mostrar nada. 

Quem é que precisa de frases inspiradoras e blogs zen quando se tem uma família destas?



sábado, 10 de maio de 2014

O pudim Abade de Priscos e a porta que ficou aberta

Escervi isto no blog da Filipa a propósito dos "blogs fixes" e dos blogs "não-fixes".

"
Há blogs chatos de morte, assim uma coisa a roçar o nível pré-comatoso, mas que são inofensivos. Por exemplo, no meu caso, impus-me a regra de fazer um blog inócuo, um bocejo, um blog de corrente de ar, que basicamente é nada, "o que é que foi isto agora? Não foi nada, era uma corrente de ar". Aqui que ninguém nos ouve (sem desprimor de qualquer espécie para o teu vasto auditório) foi mais uma coisa do género "Xa cá ver quantas pessoas é que eu consigo arrebanhar sem dizer nada de especial, sem vender sonhos, sem dar palpites sobre parentalidade, relacionamentos, moda, sem mostrar bebés, comida, casas..." Afinal de contas o que não falta aí são correntes de ar. Claro que o podia fazer. Tenho noção de que se dissesse duas ou três bojardadas, se pusesse meia dúzia de fotos da Mironinho toda coquette com os laçarotes e as golas, se contasse mais onde vou e o que faço, se falasse de roupas e sapatos, que teria muito mais leitores, e sabe Deus o que eu gosto dessas coisas, simplesmente não quero, não me apetece partilhar isso com estranhos. Não é que venha daí mal ao mundo, mas da mesma forma que não me sinto à vontade para andar com pouca roupa na rua, também não me apetece andar com pouca roupa no blog.
A publicidade em banners não me chateia mesmo nada, está ali de lado, a piscar, nos cantinhos próprios para o efeito, para mim funciona como um "naperonzinho" e um bibelot. Pronto, há quem ache a casa mais compostinha com eles, nada contra, não me peçam é para pôr naperons na minha. A outra, nos posts, também não me aborrece se for assinalada - há pessoas que fizeram do blog a sua principal fonte de rendimento, foi a sua escolha. Não é que eu precise de ver lá o sinal para perceber que é publicidade, é só por uma questão de transparência. Imagina que eu te convido para jantar em minha casa e compro um pudim abade de priscos no supermercado. Chegada a hora da sobremesa tu dizes que aquele pudim é delicioso, e eu respondo que sim - e efectivamente até o pode ser - que é uma receita muito antiga, passada de geração em geração. Tu ficas convencida de que fui eu que o fiz e pensas, sim senhor, a Mirone sabe umas coisas. Mas no fim da refeição ajudas-me a levantar os pratos e quando entras na cozinha vês a caixa do pudim. É chato, por um lado eu nunca disse que fui eu que fiz o pudim, disse só que era bom e a receita era muito antiga, por outro também não disse que foi comprado, e tu ficas baralhada a pensar, das duas uma, ou que eu te quis enganar, ou que és uma burra que acreditas em tudo.
Não me chateiam os blogs mal escritos (sabe Deus as gralhas e erros que o meu tem, a pontuação miserável, tanta coisa, na maior parte das vezes publico os textos sem os rever).
Os blogs que verdadeiramente acho maus são os da malta inchada, cheia de si e que se põe em bicos de pés. Não tem mal nenhum ser-se um self-made blogger, como na vida não tem mal, antes pelo contrário, ser-se um self-made man. Agora quando se chega a um determinado patamar e se esquecem as origens, se passam a tratar os outros com sobranceria e desdém, a abusar da sua boa-vontade ou ingenuidade, olhem para mim que sou o maior, que sei tanta coisa, sou tão engraçado. Esses até podem ser blogs bem escritos do ponto de vista gramatical, blogs sem roupas, sem bebés, sem publicidade - antes o fossem, assumidamente - mas não deixam de ser maus blogs, porque espelham um blogger mau."

Já à Izzie, também esta manhã, sobre portas abertas e visitas indesejadas, disse:
"
Loved it... Porque em minha casa as portas também estão, por norma, abertas. Excepto a da rua. Em minha casa entra quem eu convido, não entra quem quer. Até posso abrir a porta a um estranho, mas falamos ali, eu do lado de dentro, a outra pessoa do lado de fora. Se algum intruso conseguir entrar sem convite - que pode acontecer, não vivo num bunker - só permanece se eu quiser."

Agora é tirar fotografias, que isto é um momento raro, para mais tarde recordar. O momento em que dou a minha opinião sobre qualquer coisa no Mirone.
Bom fim-de-semana.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Coisas que me deixam "espécie de coiso"

Ir aos leilões da Tap dar uso às milhas e dez minutos depois já ter o FB com sugestões de páginas de hotéis, um hotel muito específico, que por acaso era só o que estava associado ao vôo que licitei.

Sabonete?!

Em dia de análises, se pela primeira vez nos vossos setenta e três anos de análises vos acontecer faltar-vos o chão e a senhora que vos tirou sangue vos disser "Ai filha, como tu estás, vai comer um bolinho bem doce que isso passa!", não entrem no primeiro café que vos aparecer e não peçam um sumo e uma arrufada com côco a saber a sabonete, não devolvam o bolo, nunca, mas nunca sugiram que o côco não estava bom, que vos sabia a sabonete, porque o mais certo é sugerirem que façam umas análises, porque uma prima tinha um problema que lhe afectava o paladar...
Não têm de quê.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Ai Portugal, Portugal, de que é que tu estás à espera?

Por motivos cá da minha vida tive de ir a um arquivo distrital procurar uma documentação  muito antiga.

"Ah, pois, com essa data, não sei se temos cá isso. Mas se tivermos também não pode levar cópia que estamos sem toner..."


Pessoas com telefones espertos que gostam de viajar, aproximem-se

Vou mostrar-vos a melhor aplicação de todos os tempos. É maravilhosa, única no seu segmento. Verdade, é mesmo a única. 
Querendo passar uns dias descontraídos na tranquila Coreia do Norte, agora só precisam de ir a http://www.northkoreatravel.com/ e descarregar a respectiva app pelo preço simbólico de 0,89 cêntinos, um pouco mais que um café, mas o que é isso quando comparado com as experiências únicas que a Coreia do Norte tem para vos proporcionar? Literalmente, se pisarem a linha, será mesmo a única experiência que vão poder ter, nuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuunca mais vivem outra, a não ser que acreditem na rencarnação - que cada um acredita no que acredita.

Era só isto, agora já sabem como passo as minhas horas de almoço.

Patrocínios

O porteiro da garagem do meu prédio está de férias e substituiram-no por uma matulão parvo e mal-criado,  cromo de ginásio, todo musculado e com-t-shirts a rebentar.
Hoje está com uma t-shirt com um logotipo enorme da Le coq sportif. Não tenho nada contra a marca, mas lembro-me sempre que, em inglês, chamar cock a alguém não é muito bonito. Assenta-lhe mesmo bem.  Bem podia arranjar um patrocínio.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Ando cá desconfiada...

... que o produto das embalagens de amostra não é o mesmo das embalagens comercializadas. 
Ainda está por ser inventado o creme, o perfume, o sérum, o que quer que seja cuja amostra experimente durante uns dias e me agrade e que depois de comprado me mantenha igualmente satisfeita. 
Também não percebo a lógica de, de cada vez que vou à perfumaria, as fofuxas da caixa me mandarem sempre amostras de produtos masculinos. Ó meninas, Mr. Mirone usa o mesmo perfume há mais de dez anos e na melhor das hipóteses usa um hidratante de supermercado. Sou eu, meninas, sou eu que vocês têm de aliciar, é a mim que têm de oferecer perfumes, séruns e cremes. Vale?

Devo preocupar-me?

Tinha acabado de me vestir quando a Mironinho entrou no quarto, acabada de acordar, com um sorriso de orelha a orelha.
- Mãe, hoje sonhei com uma coisa que já sonhei mais vezes.
- A sério? E foi um sonho bom ou mau?
- Era bom! Sonhei com aquele jogo de aitrar as bolas para os buracos com os paus!
- Sonhaste com snooker?!
- Sim! E era muito bonito! Era roxo!
- Roxo?
- Sin! Existem, mãe? Podes dar-me um nos anos?

Eu até podia ter uma filha com terrores nocturnos, pois podia, mas não, tinha de me calhar uma que sonha com mesas de snooker roxas...

terça-feira, 6 de maio de 2014

Duas perguntas

Nunca deixo de me surpreender com os modelos de autocolantes para traseiras de carros. O belíssimo "Safas-te, ou é só beijinhos?", "Sou velhinho mas vou à tua frente", "Se tens pressa, passa por cima", até o "Jesus te ama" são presença assídua um pouco por todas as estradas portuguesas. Mas haveria de chegar o dia em que uma frase  na traseira de um carro me faria pensar mais do que meio segundo. Esse dia chegou. Hoje.
Não consegui tirar fotografia porque ia a conduzir, mas acabei de ver isto colado no pára-choques de um carro:


Respondam-me, se souberem:
1. Isto é algum movimento cívico, ou qualquer coisa do género? É uma citação que devesse conhecer? É que quando pesquisei no google nem precisei de completar a frase, apareceram-me dezenas de imagens.

2. Fico o quê? Como é que isso se faz?

Ai não? Então cala-te!

Não tenho muito mais para dizer, apenas

"The O2 arena, London
Wednesday, 02 Jul 2014 at 6:00PM"

Vou só ali treinar uns passos de dança.



segunda-feira, 5 de maio de 2014

Porque ontem foi Dia da Mãe

Teria três ou quatro anos, menos de cinco com toda a certeza - a minha irmã mais nova ainda não tinha nascido - quando num fim de tarde quente a minha mãe nos foi buscar, a mim e à minha irmã mais velha, ao infantário. Era sexta-feira. Às sextas-feiras, depois de nos ir buscar, a mãe levava-nos a lanchar a uma pastelaria ali perto e depois ia fazer as compras da semana ao supermercado. Talvez naquele dia a minha mãe me tivesse dado um gelado, talvez me tivesse deixado comer um bolo (a minha mãe não gostava que comessemos bolos), talvez não tivesse feito nada daquilo e tivéssemos lanchado a costumeira sandes de queijo ou fiambre, sei que senti uma necessidade súbita de a abraçar e de lhe dizer o quanto gostava dela. Subi-lhe para o colo, segurei-lhe o rosto entre as mãos, olhei-a nos olhos e disse orgulhosa:
- Mãe, és um bocadinho feiita, mas eu gosto tanto de ti!
- Achas a mãe feia? A mãe também acha, mas também gosta muito de ti.

Ontem foi dia da mãe e eu continuo a não encontrar uma frase que traduza tão bem o que sinto por ela como aquela. Ontem, da mesma forma que o faço  das várias vezes que recordamos aquele episódio entre risadas, voltei a dizer-lhe:
- Mãe, és um bocadinho feiita, mas eu gosto tanto de ti!
Que não perca nunca esta capacidade de a amar muito para além do que os meus olhos me mostram.





E não, a minha mãe não é nem nunca foi nenhum camafeu, a dona da tal pastelaria até dizia que ela "dava ares de Sophia Loren" com as maçãs do rosto tão definidas.



sábado, 3 de maio de 2014

Eu só queria aprender a pintar...

(Post de gosto muitíssimo duvidoso. Os mais enjoadinhos façam o favor de carregar na cruzinha do canto e seguir viagem. A culpa é da Loira).

A mim ninguém convida para  passar fins-de-semana num Hotel Concept Resort Fitness Wellness Beauty Trendy Luxury Relaxation Gourmet Boutique Eco Design & Spa, mas não é por isso que deixo de ter experiências agro-chic (eu acho que é mais choque, mas enfim, tudo pelo blogo-glamour), dizia eu experiências únicas e irrepetíveis (queira Deus pai todo poderoso que sim, que se mantenham únicas e irrepetíveis) e inolvidáveis para partilhar com os leitores. Experiências que nos fazem recuar no tempo, ao século passado. Oh, esperem, aconteceu mesmo no século passado, não houve nenhuma viagem no tempo.
Corria o ano mil novecentos e noventa e três da graça do Senhor, e esta que vos escreve frequentava o décimo segundo ano. Bom, nessa altura, havia apenas três disciplinas no décimo segundo ano. Mas tinhas chumbado, Mirone? Estavas a fazer melhoria de notas? Não, nada disso. No décimo segundo ano só havia três disciplinas, que a variavam consoante a área vocacional escolhida. Eu frequentava a área de humanísticas e, sobrando-me tempo com fartura e mantendo-se o "bichinho" das artes a morder-me os calcanhares, a minha mãe sugeriu que fizesse um cursinho de iniciação à pintura, umas aulas particulares, para ocupar o tempo. Tivesse feito um workshop e hoje estaria representada nos principais museus e galerias do mundo. Hélas, cada um é para o que nasce...
Sem a preciosa ajuda da internet, sim, naquele tempo a internet estava longe de ser o que é hoje, perguntámos aqui, perguntámos ali e assim cheguei às aulas de uma pintora conhecida de uma amiga da minha mãe. "Vais gostar dela, Mirone. É uma pessoa muito simples e acessível, muito terra-a-terra, não tem nada tiques de  vedeta nem frescuras de artista".
A senhora era uma figura ímpar e vivia num mundo muito seu, numa quintinha, em total comunhão com a natureza, rodeada de animais domésticos, uma pequena arca de Noé com galinhas, patos, coelhos, gatos, cães, periquitos e cultivando toda a espécie de legumes, era quase auto-suficiente. Entre os muitos animais, havia uma vaca leiteira que a senhora ordenhava diariamente e cujo leite transformava em queijo e manteiga. Um cenário supostamente idílico, para potenciar a minha veia criativa. Durante um mês teria aulas duas manhãs por semana e deveria acabar o mini-curso a dominar as técnicas básicas de pintura a óleo e acrílico. Adiante.
Talvez na segunda ou terceira aula, a vaquinha estava especialmente agitada. Mugia, mugia, não havia meio de se calar. A professora estava em constante vaivém entre o atelier e o estábulo. A certa altura entrou no atelier de forquilha um punho e entregou-me uns botins (as fashionistas agora chamam-lhe galochas). Workshop, galochas? Não, comigo tinha de ser mini-curso e botins. Oh atraso de vida, porque é que não havia blogs para me orientarem no caminho do glamour, porquê?. 
- Vem comigo, Mirone, é uma emergência! A já-não-me-recordo-o-nome-vou-chamar-lhe-Mimosa vai parir.
- Vai parir? E quer que eu a ajude? Eu? Mas eu não percebo nada de vacas, muito menos de partos.
- Tem de ser, já telefonei ao veterinário e ele está a vacinar gado em o-nome-de-uma-aldeola-que-também-não-me-lembro e não pode vir já.
- Mas não é perigoso?
- Não te preocupes, eu faço tudo. Só tens de puxar quando eu te disser. 
Dirigimo-nos ao estábulo. A bichinha estava em visível sofrimento, tinha a bolsa de águas pendurada, ainda intacta, mas já se viam as patinhas do bezerrinho. Eu estava em pânico, congelada, e repetia para dentro "isto não está acontecer, isto não está a acontecer, isto não está a acontecer".
-Afasta-te, vou romper-lhe o saco.
"Isto não está a acontecer, ela não está às forquilhadas à bolsa como um garoto mexicano à paulada a uma piñata ".
Splash!
"Isto não está a acontecer, eu não fiquei com a roupa toda salpicada, eu não fiquei com a roupa toda salpicada".
Entretanto o bezerrinho já tinha as patinhas todas de fora e já se via a ponta do focinho. Fiquei a saber que eles nascem numa posição semelhante à de um nadador quando mergulha para a piscina. E a vaca estava de pé, sempre pensei que parissem deitadas.
- Agarra numa pata que eu agarro noutra Mirone. Agora é que é perigoso, se ficar entalado pelo pescoço.
- Mas eu não tenho luvas.
- Não te preocupes, as tuas mãos estão suficientemente limpas, não é preciso desinfectar.
"Pois estão, e eu queria muito que continuassem assim".
- Puxa, Mirone, puxa!
E eu, que remédio, puxei. A bezerrinha - era menina - nasceu forte e saudável. Não sei qual das duas tinha mais dificuldade em manter-se de pé, se ela se eu. Agradeci a todos os santinhos o facto de a vontade de ser veterinária se ter perdido por volta dos seis anos, quando decidi que queria ser cabeleireira, professora e dona de café, um três-em-um..

E o mini-curso foi útil, Mirone? 
Penso que sim, apesar de nunca mais lá ter voltado. Pelo menos se mais alguma vez me cruzar com uma vaca leiteira em trabalho de parto, já posso dizer que tenho experiência. Foi num mini-curso que aprendi. Se fosse hoje seria um workshop e estaria de galochas, portanto acho que me posso considerar aprovada com distinção.






quinta-feira, 1 de maio de 2014

Retro-agro-chic

Passeava-se a família Mirone por uma zona rural, quando nos cruzamos com um senhor de uma certa idade, num tractor agrícola. Tudo normal, nada a assinalar. Pelo menos para mim, que sempre fui galinha de campo. Já Mr. Mirone, sempre foi menino de cidade...
- Viste?
- Um tractor, o que é que tinha? Nunca viste um tractor, querem ver?
- Num tractor e de blazer?
- És um bocado parvinho, não? De certeza que és daqueles que em miúdo achava que os frangos vinham do supermercado. Há imensos velhotes que usam blaser no campo, todo coçado e velho, ou achas que antigamente havia kispos e blusões? 
- Pois, deve ser um dress code especial, retro-agro-chic. De certeza que deve haver uma tendência com esse nome. Se não há devia haver.


(Diz ele que não lê blogs, imaginem se lesse.)

É só para dizer

... que comecei o dia do trabalhador comme il faut, a trabalhar.
A brincadeira de ontem teve um impacto na minha produtividade que, digamos, ora bem, portanto, não é que tenha sido negativo, mas... vá, não esperava e tive de trazer trabalho para casa. Coisa pouca, é certo, ainda assim obrigou-me a levantar às seis para ter tudo feito antes do pequeno almoço.

Bom feriado!