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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

É poesia, minha senhora, é poesia!

Fim de semana sem a Mironinho. A comadre junta-se a nós na sexta ao fim da tarde. Prevê-se um serão de pasmaceira pura e dura.
- Eh tempo da treta, já me sinto a abolorecer por dentro. É que nem apetece sair de casa com esta chuva.
- Pois não... Estamos a ficar velhos. Lembras-te de quando saímos para ir jantar a Matosinhos e acabámos a comer uma parrillada de marisco em Vigo?
- Grandes malucos para nos fazermos à estrada. E Madrid, lembras-te? Apanhámos cada temporal. Grandes tempos. Vê-se mesmo que éramos irresponsáveis...
- Por acaso. Olha que ir ao Algarve pela auto-estrada não fica muito mais barato. E sempre tinhamos os espanhóis com as calças curtas mas giros giros giros. 
- Os feios vieram todos para Portugal para as rebajas. Este fim de semana é que não é bom. Por causa dos Reis a estrada está cheia de malucos e de Guardia Civil com correntes.
- Que séries tens aí?
- Ando a ver uns reality shows, Breaking Amish e Amish Mafia. Conheces?

5 horas depois.

- Lo siento señores. Para una noche tenemos solamente una  habitación doble, pero podemos instalar una cama extra.
- Vale! La cojemos.

12 horas depois:
- Ai Mirone, como é que aguentas? Diz-me que Mr. Mirone não é sempre assim. Coitados dos vossos vizinhos!

Querida comadre, que és para mim como uma irmã. Como é que eu te hei-se dizer isto de forma simpática e sem expor muito a minha vida íntima? 
Aquilo que acontece no quarto (bom, às vezes é mesmo no sofá da sala), quando as luzes se apagam (e com as luzes acesas, que o Mr. Mirone não é cá de pruridos), é Poesia, pura Poesia. Mr. Mirone não ressona, Mr. Mirone declama. São os dez cantos dos Lusíadas, mais dois cantos extra, que sairam agora numa edição de coleccionador, numerada e assinada pelo autor, declamados de uma ponta à outra... e de trás para a frente... em esperanto. Um Villaret! O Vitor de Sousa, que me lê preocupado, tem motivos para isso, ó se tem. Não sei como foi a sua carreira contributiva, mas no seu lugar poria as barbinhas de molho e começaria a pensar na reforma.
Auto-motora? Não sei de que é que estás a falar. Aquilo que os teus ouvidos destreinados de solteira (essa é que é essa!)  não conseguiram decifrar era poesia.

Mas sim, só acontece quando está mais cansado...

4 comentários:

  1. Ahahahahahahahahahah... Ai... as alegrias do casamento...

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  2. Com o meu normalmente só acontece quando está de barriga para cima, uma cotovelada e um vira-te normalmente resolve o problema.
    O problema é quando tem uns copos a mais, ai é mesmo auto-motora. :)

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    1. Auto-motora?! Pobrezinha de ti. Se ao menos tivessesa sorte de encontrar um "dizeur" como eu :D

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