Querida Mirone, Um dos truques que adoto para não sair do registo de cavalheiro que me é inato é não comentar situações sobre as quais só me ocorram palavrões. Essas três palavrinhas são muito importantes. Mas, a meu ver, duas deveriam bastar: boa educação. Ou, duas deveriam não faltar: boa pessoa. Boa tarde, Outro Ente.
Ontem, num post do Pipoco, falava sobre a separação que tento fazer (nem sempre consigo) do que é o plano legal e do que é o plano moral ou da consciência. Se neste último me sinto muito pouco autorizada a dar palpites (colocando, no caso específico do triste episódio da tomada de posse do PR, a educação no plano da moral), já me sinto mais confortável quando passamos ao plano legal. O que ali vi foi, acima de tudo, um acto de profundo desprezo e desrespeito pela Lei Fundamental. Não me revolta. Entristece-me e envergonha-me.
Péssimo exemplo do que é o exercício da causa pública na casa da democracia. Indigno do órgão de soberania de que são titulares. Estavam ali, num acto solene, constitucionalmente determinado, na qualidade de deputados à Assembleia da República, não a título pessoal, para a tomada de posse do Presidente da República (órgão de soberania eleito por sufrágio universal directo, coisa que não aconteceu com eles), daquele que a Constituição define como representante da República Podtuguesa, garante da independência nacional, unidade do Estado e regular funcionamento das instituições democráticas e, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas.
As crianças quando se atiram para o chão a fazer birra também se estão a exprimir. Acontece que em actos solenes se espera (eu espero, só posso falar por mim e cada um define as bitolas por que se quer guiar) que um deputado tenha outro comportamento, que não o de uma criança.
Os deputados, enquanto tal, devem respeito pelas demais instituições do Estado e pelo povo; respeito e prestar vassalagem não é a mesma coisa! Ouviram em silêncio, não aplaudiram, cumprimentaram pessoalmente... a isto chamo coerência, só aplaudo quando gosto/ estou de acordo, não tenho que aplaudir só porque fica bem na fotografia! Mais... que terá sido dito no tal discurso? É só se lê sobre o não-aplauso dos deputados do PCP, PEV e BE! Coisas...
Houve dois momentos distintos: aquele em que Marcelo prestou juramento e aquele em que discursou. Não aplaudir o discurso é uma coisa, não aplaudir o juramento do único órgão de soberania que é eleito por sufrágio universal directo é outra bem diferente.
Sim, Lena, tem razão, não aplaudiram O juramento de Cavaco em 2006 (foi noticiado na altura) e acredito que não o tenham feito também em 2011 (não fui procurar notícias). Mas, em vez de atenuante parece-me ser agravante. 10 anos corridos esperava encontrar nos deputados outro tipo de maturidade democrática.
(applauses)
ResponderEliminarQuerida Mirone,
ResponderEliminarUm dos truques que adoto para não sair do registo de cavalheiro que me é inato é não comentar situações sobre as quais só me ocorram palavrões.
Essas três palavrinhas são muito importantes. Mas, a meu ver, duas deveriam bastar: boa educação. Ou, duas deveriam não faltar: boa pessoa.
Boa tarde,
Outro Ente.
Ontem, num post do Pipoco, falava sobre a separação que tento fazer (nem sempre consigo) do que é o plano legal e do que é o plano moral ou da consciência. Se neste último me sinto muito pouco autorizada a dar palpites (colocando, no caso específico do triste episódio da tomada de posse do PR, a educação no plano da moral), já me sinto mais confortável quando passamos ao plano legal. O que ali vi foi, acima de tudo, um acto de profundo desprezo e desrespeito pela Lei Fundamental.
EliminarNão me revolta. Entristece-me e envergonha-me.
Péssimo exemplo do que é o exercício da causa pública na casa da democracia. Indigno do órgão de soberania de que são titulares. Estavam ali, num acto solene, constitucionalmente determinado, na qualidade de deputados à Assembleia da República, não a título pessoal, para a tomada de posse do Presidente da República (órgão de soberania eleito por sufrágio universal directo, coisa que não aconteceu com eles), daquele que a Constituição define como representante da República Podtuguesa, garante da independência nacional, unidade do Estado e regular funcionamento das instituições democráticas e, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas.
ResponderEliminarFoi uma forma de expressão. É crime? Não. Então, toca a andar, que há muito para fazer.
ResponderEliminarAs crianças quando se atiram para o chão a fazer birra também se estão a exprimir. Acontece que em actos solenes se espera (eu espero, só posso falar por mim e cada um define as bitolas por que se quer guiar) que um deputado tenha outro comportamento, que não o de uma criança.
EliminarOs deputados, enquanto tal, devem respeito pelas demais instituições do Estado e pelo povo; respeito e prestar vassalagem não é a mesma coisa! Ouviram em silêncio, não aplaudiram, cumprimentaram pessoalmente... a isto chamo coerência, só aplaudo quando gosto/ estou de acordo, não tenho que aplaudir só porque fica bem na fotografia!
ResponderEliminarMais... que terá sido dito no tal discurso? É só se lê sobre o não-aplauso dos deputados do PCP, PEV e BE! Coisas...
Houve dois momentos distintos: aquele em que Marcelo prestou juramento e aquele em que discursou. Não aplaudir o discurso é uma coisa, não aplaudir o juramento do único órgão de soberania que é eleito por sufrágio universal directo é outra bem diferente.
EliminarEu continuo a interpretar como coerência, mas cada um lê como que quer!
EliminarJá o Cavaco também jurou cumprir a CRP e foi o que se viu.
Nem sei o que lhe diga, Lena. Não consigo perceber de que forma deve Marcelo Rebelo de Sousa responder pelo desempenho de Cavaco Silva.
EliminarQuando há 5 anos (e 10 anos) aplaudiram o juramento de Cavaco estavam a avaliar o mandato do presidente anterior?
EliminarAo que sei também aí foram coerentes, há 5 e há 10 anos não aplaudiram! Portanto o que parece ser diferente é a atenção que foi dada ao acto!
EliminarSim, Lena, tem razão, não aplaudiram O juramento de Cavaco em 2006 (foi noticiado na altura) e acredito que não o tenham feito também em 2011 (não fui procurar notícias). Mas, em vez de atenuante parece-me ser agravante. 10 anos corridos esperava encontrar nos deputados outro tipo de maturidade democrática.
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