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terça-feira, 21 de abril de 2015

Quanto vale a vida de quem arrisca perdê-la - e perde - por sentir que já não tem mais nada a perder?

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22 comentários:

  1. Vale tanto como a daqueles que têm tudo ... e se calhar até mais do que a desses.

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  2. Mas as vidas não valem todas o mesmo (seja isso muito ou pouco ou nem uma coisa nem outra)?

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    1. Eu julgava que sim. Cada vez mais penso que estou só nessa maneira de ver as coisas.

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  3. Ou estás a falar do ponto de vista de quem sente que nem a própria vida justifica esforço na respectiva manutenção? ...

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    1. Para quem arrisca a vida suponho que valerá tudo, pois é tudo quanto possuem. Para quem assiste à morte, cada vez mais me convenço que valerá muito pouco, tão pouco que não justifica sequer tentar evitá-la.

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    1. Eu também penso assim. E pergunto, onde estão os Charlies deste mundo quando é preciso que se afirmem?

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  5. francamente não sei que valor na vida uma vida tem.... é incalculável.. cada vida que se perde é um mundo que não se realiza :( Claudia

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    1. Verdadeiramente incálculável. Um dia contava-me um advogado amigo que um cliente, cuja filha tinha sido mortalmente atropelada, queria pedir uma indemnização no valor de um milhão de contos. O advogado disse-lhe que era absurdo, uma enormidade, um exagero e o cliente respondeu: Tenho aqui o livro de cheques, diga-me por que valor me vende a sua.

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    2. Ora aí está outro assunto que sempre me fez confusão: indemnizar por morte...

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    3. Vou tentar explicar-te isto de forma simples como me ensinaram a mim no curso de mediadores de seguros: a morte de alguém trás muito infelicidade aos que cá ficam. Perder um ente querido não é fácil de ultrapassar e não há nada que se possa fazer para lhe mitigar o sofrimento senão dar-lhe algo para o por mais alegre, vá. Neste caso e supondo-se que o dinheiro trás alguma felicidade, é a única forma que se encontra (a mais fácil de resolver no imediato e de forma imparcial) para colmatar o desastre de perder alguém. Não se trata pois de dar valor a uma vida que se perde, mas sim de melhorar a vida de quem cá fica.
      Espero ter sido clara.
      A mim faz-me todo o sentido.

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    4. Com certeza que não é trazer uma vida de volta, é sobretudo aliviar o sfrimento dos que cá ficam (a etimologia esclarece). Mas não falo de valor monetário, até porque se o valor de uma vida se traduzisse unicamente em € só tinhamos de consultar a lei civil, que o baliza muito bem (no sentido de sem margem para dúvidas).
      Quando pergunto quanto vale a vida falo de valor na acepção dos valores.
      Vale a nossa indiferença, ligeira preocupação, um ar pesado durante o telejornal... Quantos chefes de estado viste tu, ou contas ver, em frente a uma manifestação em memória, por exemplo, dos milhares que morreram nestas últimas semanas no mediterrâneo, dos cristãos que foram deitados borda fora num barco de imigrantes ilegais (porque até dentro dos desgraçados há uns desgraçados mais desgraçados que outros)? Podia ficar aqui uma eternidade a dar exemplos de mortes bárbaras em todo o mundo, e pelos mais variadíssimos motivos.

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    5. Para mim não,Uva. Indemnizar implica que a certa perda possa ser atribuído um valor em dinheiro, portanto,quantificável. Espanta-me sempre incluir aqui a vida. Que afinal ainda me espanto de existir.

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    6. Espanta-me sobretudo que alguém se bata em tribunal para receber dinheiro "à custa" da morte de outrem.

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    7. Falta dizer que o ESPANTO não advém necessariamente da ignorância das causas. Por mais que me expliquem certos fenómenos, como a chuva, o vento ou a trovoada, estes hão de continuar a espantar-me.

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    8. Kina, grosso modo, uma indemnização serve para reparar um dano (lá está, a etomologia explica) e o dano não é a vida, o dano é a morte e as consequências que trouxe (morais - a dor, o sofrimento, e materiais -perdas materializáveis, o que deixou de ganhar e ou proporcionar...)

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    9. Mirone... Se leres o meu último comentário...

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    10. Gostaria só de acrescentar (já sei q n adianta justificar :)) mas, por exemplo, numa situação em que morre um pai de família, faz todo o sentido haver uma indemnização. N estão a pagar o pai às crianças. Estão a permitir q as mesmas tenham uma vida em que n lhes falte o básico, que seria o seu pai a providenciar, caso estivesse vivo...

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  6. Querida Mirone,
    O valor da vida humana é incalculável. Não tem preço por ser infinitamente preciosa. É também inviolável. E, a vida é incomparavelmente valiosa, sendo tanto quanto e mais do que. Não vale, por isso, a vida de um mais do que a de outro, nem a de um menos do que a de dois. Neste caso, não é o desvalor mas o desespero.
    Beijos,
    Outro Ente.

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    1. Remeto, Outro Ente, para a resposta que dei à lady Kina, quando pergunta em que perspectiva me coloco (na de quem arrisca a vida ou a de quem assiste outro arriscá-la e perdê-la). Haverá um valor diferente consoante falemos da nossa ou da de terceiros? Não deveria ser assim mesmo, a nossa vida valer tanto como a de terceiros? Mas será?

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