Eu sei, vão dizer-me que é feio ouvir as conversas dos outros, estão cobertos de razão. Mas a culpa não foi só minha, elas é que se sentaram mesmo ao meu lado, a falar alto e, no fundo, há uma porteira coscuvilheira dentro de mim. Eu estava na minha vida, a beber o café do costume, antes de começar a trabalhar, a organizar o meu dia mentalmente, a pensar em coisas realmente importantes quando duas amigas decidiram que de todas as mesas vagas no café, a mesa ao lado da minha era a ideal para se sentarem. E usaram as palavras mágicas, "trabalhar o psicológico", como podia eu resistir?
- Não lhe digas já. Não deites tudo a perder, não te precipites. Se não tens a certeza de como ele vai reagir não digas.
- Achas? Mas assim eu não estou bem?
- Tens de lhe trabalhar o psicológico. Conta mas como se fosse a uma amiga. Ah e tal uma amiga minha conheceu uma pessoa que sente que nasceu para lhe mudar a vida.
- Mas eu acho que o psicológico dele é muito forte e não se deixa trabalhar. E também não sei se quero mudar a minha vida. Porque eu pio muito mas é quando estou a trabalhar, pio aqui, pio ali, mas não sou de piar na cama.
- Mas tu coiso, não coiso?
- Sim, coiso, mas o meu próprio psicológico está confuso. Como é que queres que eu trabalhe o psicológico dele?
Entretanto acabei o café e vim embora cheia de dúvidas. De que estariam a falar? Quereria a amiga contar ao marido que tinha dado uma facadinha no casamento? Ou quereria simplesmente avançar para um patamar mais sério na relação e não sabia como abordar o namorado? O que é coiso? Será que lhe vai dizer? Será que lhe vai trabalhar o psicológico? E o psicológico, mas que raio é isso do psicológico?
Definitivamente, não dava para porteira, o meu "psicológico" não aguentaria tantas dúvidas.
Há muito que não ouvia a expressão "trabalhar o psicológico". Havia um senhor cá da minha vida, que a dizia muitas vezes, logo seguida do "tás a ceber?".
ResponderEliminarFoi uma bela viagem esta agora, foi sim.
É preciso ter um psicológico muitA forte, tás a ceber?
Eliminar"...pio aqui, pio ali, mas não sou de piar na cama..."<<<< isto causa-me alguma confusão. "Piar" significa só e apenas falar, certo? Logo, a pessoa não é de falar na cama, certo? Presumo que linguagem gestual e body language sejam então as vias de comunicação na cama, certo?
ResponderEliminarTá bem...
Penso que sim, a parte de não piar na cama, acho que percebi, é das caladas, um género como qualquer outro, nada contra. :)
EliminarEntão, o que há para admirar?
ResponderEliminarOu ainda, o que há para criticar?
Se a moça não quer falar
isso já dá para desconfiar?
Ora ora, vamos lá com isso parar
Que não vos leva a nenhum lugar
Penso que estão a coisa a exorbitar
Se não sabem eu vou explicar
Para o psicólogo saber trabalhar
A moça não precisa de piar
Desde que a cuequinha saiba tirar
Para nuinha se ir deitar
E com arte saber coisar.
Fica o psicólogo satisfeito
Ela, abençoada sem os pés no altar
Atrevam-se agora a dizer se não tem jeito
Saber sexuar sem chatear a piar.
Pérolas. tantas pérolas. No post e nos comentários... estou aqui a apanhá-las todas, isto vai dar um belo colar.
ResponderEliminarDepois venha cá mostrar. Eu, porteira coscuvilheira em falência intelectual, sou suspeita e parcial, mas confesso já que "o psicológico" e o "coiso" me fascinam. E a si, que pérolas lhe ficaram debaixo de olho?
EliminarBelo e nada perigoso.
EliminarO da Antonieta levou-a a separar-se da cabeça.
(Doravante e para que conste, uanó)
Querem ver que asnerei.
EliminarMas o psicológico não é, quer dizer, é, ou por outra, não é... enfim, chamam-lhe tantos nomes que pensava que era mais um.
Daí ter versejado com o psicológico, de contente satisfeito.