Teria três ou quatro anos, menos de cinco com toda a certeza - a minha irmã mais nova ainda não tinha nascido - quando num fim de tarde quente a minha mãe nos foi buscar, a mim e à minha irmã mais velha, ao infantário. Era sexta-feira. Às sextas-feiras, depois de nos ir buscar, a mãe levava-nos a lanchar a uma pastelaria ali perto e depois ia fazer as compras da semana ao supermercado. Talvez naquele dia a minha mãe me tivesse dado um gelado, talvez me tivesse deixado comer um bolo (a minha mãe não gostava que comessemos bolos), talvez não tivesse feito nada daquilo e tivéssemos lanchado a costumeira sandes de queijo ou fiambre, sei que senti uma necessidade súbita de a abraçar e de lhe dizer o quanto gostava dela. Subi-lhe para o colo, segurei-lhe o rosto entre as mãos, olhei-a nos olhos e disse orgulhosa:
- Mãe, és um bocadinho feiita, mas eu gosto tanto de ti!
- Achas a mãe feia? A mãe também acha, mas também gosta muito de ti.
Ontem foi dia da mãe e eu continuo a não encontrar uma frase que traduza tão bem o que sinto por ela como aquela. Ontem, da mesma forma que o faço das várias vezes que recordamos aquele episódio entre risadas, voltei a dizer-lhe:
- Mãe, és um bocadinho feiita, mas eu gosto tanto de ti!
Que não perca nunca esta capacidade de a amar muito para além do que os meus olhos me mostram.
E não, a minha mãe não é nem nunca foi nenhum camafeu, a dona da tal pastelaria até dizia que ela "dava ares de Sophia Loren" com as maçãs do rosto tão definidas.
E de dizer que amamos os que amamos. Enquanto os temos à nossa volta... nunca é demais dizer que se ama.
ResponderEliminarVerdade. Amar sempre e mesmo que aos nossos olhos - e por vezes ao nosso coração - nos pareça "feio" ou imperfeito e deixá-lo bem claro, seja por palavras, seja por acções.
EliminarAlgures no mundo também há quem nos ame apesar dos nossos defeitos.
Olha que duas! A panela e o testo que se compreendem tão bem.
ResponderEliminarAssim gostassem tanto das vossas vítimas que a picante está sempre a descascar no blogue dela e a queridinha da mirone a ir aplaudir e a pedir bis.
Vítimas? Aplausos? Quer especificar ou prefere continuar a atirar acusações ocas para o ar?
EliminarBem me pareceu que não tinha nada para dizer, que era só fogo de vista, falar só para se ouvir, já que na realidade não tem nada para dizer. Lembrou-me aqueles "valentões", que fazem e acontecem, que são os maiores lá da rua, que por tudo e por nada gritam " Ai 'deslarguem-me' que eu vou-me a ele", mas quando efectivamente lhes é dada a oportunidade de se irem a ele põem o rabinho entre as pernas e saem de mansinho.
EliminarVolte sempre, de preferência quando tiver argumentos que suportem as afirmações que faz.
Um "bocadinho feiita" é top! :DDDD Um grande beijo
ResponderEliminarEra só um bocadinho pequenino, mal se notava... :D
EliminarAhahahahahahah
EliminarEste comentário foi removido pelo autor.
EliminarO meu ainda no dia da Mãe me disse "ó mãe, 'tás a ficá goda puquê"?
ResponderEliminarE vê, só engordei dois miseros quilos.
O feiita bate todas. TOP!
És a maior Mirone e o mais engraçado é que me parece que já nasceu contigo.
ResponderEliminarPior, parece que se transmite de geração em geração... :D
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