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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Estranha forma de amar

Fiquei a saber esta manhã, pela TSF, que um luso-descendente ficou classificado em 57.º lugar na prova de Slalom Gigante nos Jogos de Sochi. Está muito bem. Parabéns ao senhor e aos cinquenta e seis atletas que se classificaram à sua frente. Um aplauso de incentivo à meia dúzia que obteve uma classificação inferior.
Fico sempre perplexa quando vejo notícias semelhantes sobre luso-descendentes, filhos, netos, bisnetos de portugueses, uns mais do que outros, se destacam naquilo naquilo que fazem. Alguns que não dizem mais do que duas palavras em português e do nosso país apenas sabem o que um ou outro familiar lhe tenha contado. Vejo notícias semelhantes a propósito de cientistas, artistas, políticos e, como este, desportistas. 
Fico perpelexa, como disse. Não porque tenha alguma coisa contra eles, antes pelo contrário, é de louvar alguém que se destaca na sua área, independentemente da sua nacionalidade, mas porque me recordo sempre do burburinho que se fez ouvir quando "nuestros hermanos" quiseram reclamar para si um pouco do Nobel da literatura atribuído a Saramago. Afinal foi em Espanha que o escritor voltou a casar e quis passar os seus últimos dias. Mas não, ai Jesus, que Saramago é nosso, é português, os espanhóis que se ponham com juízo que ele nosso, só nosso! Para mim passa-se exactamente o mesmo quando oiço ecos de um prémio  - e porque não um 57.º lugar - obtido por um luso-descendente. 
Fico perplexa, repito. Será isto que nos torna um grande povo? Ou será, pelo contrário, sinal de pequenez? E os outros todos?
Estranha forma de amar.

4 comentários:

  1. Percebo o que dizes e já senti o mesmo. Mas diria que é pela positiva. Queremos fazer parte daquela vitória - nem que seja porque o avô da pessoa um dia comeu um pastel de nata.

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    1. Estranha forma de amar, por breves segundos e apenas se forem grandes...

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  2. Muito honestamente, não me fez confusão nenhuma que os espanhóis tivessem festejado o prémio do Saramago como se ele fosse seu nacional, o que me fez confusão foi ver um Portugal todo rendido, com tiques de lacaio e manifestações públicas de rasgados agradecimentos a um homem que nunca quis saber de Portugal para coisa nenhuma e que até agradeceu o prémio em castelhano.
    Sim, definitivamente, somos muito pequeninos! Haja dignidade!

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  3. Também penso igual. Não sei se é pelo facto de nos fazermos notar, que temos de andar as cavalitas dos luso descendentes que se destacam. Ou então temos de ter o maior do mundo. A maior árvore de natal, a maior feijoada...etc. Há praí um complexo qualquer...

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