Acabou de me acontecer, leitores, mais uma vez. Mirone, a participar em vexames em público desde... sempre?
Corria o ano de 2011, se não estou em erro, e o Palácio das Galveias acolhia uma exposição sobre instrumentos de tortura medievais (tenho cá para mim que foi aqui que o nosso ex-primeiro se inspirou para escrever a sua teses de mestrado).
Era sábado de manhã e o casal Mirone entendeu que seria uma belíssima forma de abrir o apetite para o almoço. Sala atrás de sala lá estavam elas, das mais imaginativas máquinas de empalamento, aos simples alicates de arrancar unhas, dos quebadores de joelhos aos singelos garrotes, a arrancar esgares e arrepios aos visitantes. A certa altura, um casal que seguia à nossa frente protagoniza o episódio do dia.
Sem que ninguém esperasse, pelo menos sem que o esperássemos, o senhor cai redondo no chão. Ela desesperada, ajoelha-se e começa a gritar enquanto o sacode violentamente:
- Fernando, Fernando! Fernando, acorda! Socorro, ajudem! O meu marido está a sentir-se mal!
E o que é que o casal Mirone faz? Assume a sua condição em plenitude. Recua dois passos, cruza os braços e comenta entre si:
- Sabias que isto tinha um espectáculo associado?
- Sim senhor, por acaso até é uma ideia gira, resulta. E olha que não vão nada mal. Muito realista, até. esta nova geração de actores até se safa. Infelizmente não têm as oportunidades que deviam...
De joelhos, lavada em lágrimas, a senhora gritava:
- Fernando, Fernando! Ajudem!
E vira-se para nós, capaz de nos comer vivos (que apropriado, já que falamos de tortura) e ordena:
- Mexam-se! Pelo amor de Deus! Não fiquem aí parados, chamem o INEM!
Só então caiu a ficha. Afinal não era uma representação, era real e o Fernando precisava efectivamente de ajuda. Entretanto o segurança já lhe estava a aplicar manobras de primeiros socorros e reanimação e Fernando retomava a consciência.
Aparentemente, impressionado com os instrumentos expostos, tinha tido uma quebra de tensão que originou o desmaio.
Depois de pedir mil perdões ao casal, de lhe explicarmos que julgávamos tratar-se de uma encenação, saímos de fininho com vontade de nos enfiarmos num buraco.
Hoje a história repetiu-se. Mas tenho a memória fresca e desta vez estava preparada.
Tomava eu o meu café antes de começar a trabalhar, quando um casal de adolescentes se senta na mesa ao lado da minha. Sorrisinho daqui, cochicho de acolá, tudo corria bem até que ele cai sonoramente sobre a mesa, inanimado. Pummm!
Num salto, viro-me para a rapariga que estava com ele e digo com voz firme ( quero acreditar que foi com voz firme, que não gritei):
- Calma, não se assuste! D. Creuza, ligue para o INEM, por favor!
- Oi? Quer o quê? - pergunta a dona Creuza.
Do outro lado, duas sonoras gargalhadas.
- Não é preciso, era uma brincadeira! Está tudo bem. Nem pensei que fizesse tanto barulho...
Mais uma vez, o sangue a subir-me o corpo e a tomar-me a face. Novamente a vontade de enfiar a cabeça num buraco.
Definitivamente, não dou para samaritana!
O Fernando que me perdoe, mas já gargalhei com o vosso episódio! Era menina para fazer uma dessas, até porque só conhecida por não reagir logo nestas situações.
ResponderEliminarPensámos mesmo que era uma encenação. Até recuámos para ver melhor.
EliminarQuerida mana, Vais ver que era o MS da blogoesfera e tu não sabias. ;)
EliminarCasado?
EliminarEu gosto muito dessa cadeira, as ideias que me estás a dar Mirone (gargalhada maléfica em fundo).
ResponderEliminarEntretem-te a googlar imagens de instrumentos de tortura. Muuuuhahahahahhahah!
EliminarAhahahahahahahahahahah
ResponderEliminarGenial!
Coitado do Fernando mas dá-me cá ideia que tivesse a coisa acontecido à minha frente e tinha pensado o mesmo que tu!
Ahahahahahahahahahah
Coitado do Fernando!