Não gosto particularmente de Bon Jovi. Aliás, sinto até uma certa aversão às suas música, mas estou desde o início da manhã com esse hino enchedor de estádios de futebol que é "You give love a bad name" a tocar na minha cabeça.
Esta manhã encontrei no café uma antiga colega de escola com quem não falava há uns anos. Tinha a melhor das ideias a seu respeito e fiquei verdadeiramnente feliz quando nos vimos. Lembro-me que era boa aluna e bem formada, muito bem formada, mesmo, sempre bem disposta e pronta para ajudar.
Encetámos a conversa típica de quem não se vê há uns anos valentes, casaste, tens filhos, onde trabalhas. Fiquei a saber que é professora do ensino básico, casou com o namorado de sempre, daqueles que vêm quase desde a escola primária, e tem uma filha com dois anos e meio.
- Mas tenho estado em casa, de baixa. Depressão, sabes. Então não é que no ano passado me colocaram na escola do bairro A... (um bairro social)?! Era o que mais faltava, aturar índios e ciganada. Credo, até tinha nojo de pegar na minha filha quando chegava a casa, tinha de tomar banho antes. Meti baixa e foi o melhor que fiz.
- E este ano, foste colocada?
- Fui, em Setúbal, vê lá tu! Mas não conto pôr lá os pés. Já viste, ir agora assim para Setúbal. Em boa hora, o meu marido andava farto de me pedir mais um filho, que queria tentar o menino, foi agora. Vim agora de fazer as análises do primeiro trimestre. Vais ver se não meto baixa. Já tenho 37 anos, é uma gravidez de risco. Há aí muito professor que não ficou colocado a precisar de trabalhar. Olha agora ir para Setúbal.
-Eish... Olha as horas, tenho de ir. Boa sorte então com esta gravidez... Gostei de te ver...
E é isto, tenho aqui o louro das madeixas a gritar "you give teachers, a bad name". Logo eu que tenho tantas professoras na família e sei o quanto trabalham...
Essa senhora para além de ser imbecil, deveria ser irradiada como professora! Ela não tem nenhuma depressão. Tem é falta de princípios. Desculpe, mas os termos, mas são pessoas como ela que dão mau nome a todos os quadrantes profissionais.
ResponderEliminarMaria Lopes
"Lembro-me que era boa aluna e bem formada, muito bem formada, mesmo, sempre bem disposta e pronta para ajudar." É pá, se dissesses que era modesta, dizia já que foi um prazer tomar café contigo hoje!
ResponderEliminarFace ao restante relato, acho que é uma pessoa de muito valor, preocupada com as minorias e a fazer tudo para que se sintam integradas. Afinal, nem toda a gente tem coragem de, contra os seus princípios, abraçar o estilo de vida dos "índios e ciganada", e viver à conta dos otários que ainda vão trabalhando para sustentar um país de gente "séria", cheia de dificuldades e boas intenções!
Uma senhora, portanto!
Tinha tão boa impressão dela, tinha mesmo. Mas no fundo continua pronta a ajudar os colegas, os que não ficaram colocados e a vão substituir...
EliminarPois Claro, alguém tem que trabalhar para pagar a baixa da menina! Parece-me justo!
EliminarO meu marido foi colocado na sexta feira para uma dessas "escolas de índios e ciganada" na margem sul. E lá foi apesar da nossa vida ser aqui no centro de Portugal. A filha fica a chorar no infantário porque o pai está a semana toda longe para ir ajudar outros meninos que não ela. Foi para uma substituição, começou agora e vai ficar com contratos de um mês. Não podemos organizar a nossa vida porque ele anda sempre nesta incerteza. Muito menos posso sequer pensar em engravidar porque eu não tenho direito a baixa nem sequer se tiver gravidez de risco, já que sou profissional liberal. Se calhar essa senhora fazia bem era dar a vez a quem quer trabalhar...
ResponderEliminarÀs tantas está a substituir esta...
EliminarOh, o drama das profissionais liberais, conheço bem essa realidade! Não temos direito a nada mas para todos os efeitos somos sempre os grandes ladrões deste Portugal cheio de assalariados sérios!
EliminarAquela senhora é um bom exemplo! Afinal o marido quer um menino!
Então não é Gelado? Profissionais liberais, essa gente que entra e sai à hora que lhe apetece. Um menino pois, que a natalidade está em níveis nunca antes registados (e, no fundo, está a assegurar trabalho aos colegas que a vão substituir e aos colegas que de futuro darão aulas ao seu filho). Uma santa!
EliminarPitanga, sff! ;)
EliminarInfelizmente isto não se passa só na classe dos professores, as pessoas continuam a achar que têm direito a um emprego de sonho, de preferência a ganhar muito e fazer pouco, e quando não se arranja, contorna-se as coisas e arranja-se uns subsidios, e os outros aqueles que realmente trabalham que inchem para que esses inúteis fiquem em casa a vegetar. Essa senhora merecia uns bons chapadões para acordar para a vida.
ResponderEliminarEu até conheço quem se dê ao luxo de pôr baixa para não atingir determinado valor no irs e asim não pagar IMI e ter uma serie de abonos e subsidios, e ainda o dizem como se fossem os mais espertos do mundo e todos os outros burros, canervos!!!!
EliminarEh lá, isso é levar o conceito de baixa fraudulenta a um novo patamar! Para não pagarem IMI?! Devo mesmo nadar a dormir, nunca tinha ouvido...
EliminarEstou como tu Mirone, não tendo muitos professores na familia (são só dois e já não estão no ensino) bem os vi enquanto lecionavam, tenho sim muitos amigos no ensino e sei como e quanto trabalham e se esforçam por chegar sempre mais longe.
ResponderEliminarEnsinar é um trabalho de fé não é um emprego. É ter futuros na mão e entendê-lo tal e qual.
Uma única coisa me deixa contente nesta história; é o facto dessa senhora não estar efectivamente a dar aulas e só por isso não perturbar os futuros que lhe são confiados.
Um professor só o é quando para além de ensinar, entrega a alma e inspira os outros.
Bom eu ia comentar mas a Pedrinha já o fez. É bem verdade que há profissões que deveriam exigir um teste de "humanidade e dedicação". A dos professores é uma delas, a dos médicos e enfermeiros é outra.
Eliminar(a sua amiga deveria ir para o privado, por lá encontraria outro tipo de índios, mas talvez se dê o caso de o privado não a querer...)