Tenho ideia de que todas as cidades têm o seu "maluquinho" de serviço. Se calhar, para não ferir susceptibilidades, devia chamar-lhes cidadãos portadores de doença mental e/ou déficit cognitivo. Normalmente são inofensivos, mais ou menos educados, e alguns, de certa forma, chegam a ser "acarinhados" por quem se habitua a vê-los. Estou a lembrar-me, por exemplo, do "Emplastro" do Porto, acho que se chama Fernando, desculpem-me, não sei o nome.
Mas eu, Mirone, morro de medo destes maluquinhos. Morro mesmo. Falta-me o ar, o coração dispara, foge-me o chão. Clinicamente suponho que os encontros com maluquinhos me deixem à beira de um ataque de pânico. Por isso, sempre que me cruzo com um faço um esforço tremendo para racionalizar "calma Mirone, ele não te vai fazer mal, não olhes, finge que não ouves, finge que não vês, segue a tua vida que ele seguirá a sua". E tem corrido bem.
Acho que fiquei assim quando, há uns 10 anos, me entrou um maluco no carro. Tinha ido deixar o meu irmão ao terminal da rodoviária e, enquanto ele sai por uma porta, o maluco entrou pela outra. "Leva-me ao shopping". O homem fedia, é só do que me lembro! Eu tremia como varas verdes e não conseguia articular uma palavra, apesar de já o conhecer "de vista" e saber que era inofensivo, uma criança em ponto grande. "Leva-me ao shopping... vá lá, faz favor" choramingava. E agora o que é que eu faço? Pensa Mirone, pensa! Tive ali morte cerebral, de certeza, porque não pensei e fiz o que fiz. Eu não vos digo que morro? Levei-o quase até ao shoping (era próximo e ficava no meu caminho). Pedi-lhe que saísse e ele saiu. Agora penso que se lhe tivesse pedido que saísse logo no terminal, teria saído, mas nunca o saberei.
Hoje, a coisa não foi melhor. Ou melhor, foi pior. Encontrei outro maluquinho. Já deve ser velhote, lembro-me de o ver desde quase sempre. A "pancada" deste é ser sinaleiro. Normalmente anda por dois ou três cruzamentos a orientar o trânsito.
Acontece que hoje tive de ir à Junta de Freguesia que fica, precisamente, junto a um cruzamento por onde ele costuma parar. "Calma Mirone, segue, finge que não o vês, finge que não o ouves". Ele esbracejava, gritava "Avance, avance! Páre, páre!" aos carros que passavam. Estava no passeio oposto ao meu, tudo pacífico, portanto. Só que quando eu vinha a sair, vejo-o a gritar "Uou! Uou!", a mandar parar os carros e a atrevessar a estrada a correr, na minha direcção. Pronto, é desta Mirone, ele vai atacar-te, já foste! O que é que eu faço? Não me posso defender. Ele é velhote, com os nervos com que estou, sou capaz de lhe dar uma sova tão grande que o deixo estendido (que uma pessoa "com os nervos" vai buscar forças não sabe bem onde). Eu não quero ir para a prisão por causa de um maluquinho. Não quero ir para a prisão. Por motivo nenhum. Ponto final. O que é que eu faço?
Grito de medo e começo a correr também, na direcção do estacionamento. E quanto mais eu corria, mais ele corria, mais ele gritava. "Uou! Uou! Tá a ouvir?". E eu gritava também. E corria! Chego ao carro. Agora a chave? Onde é que está a chave! E ele grita mais. Vai alcançar-me antes de eu entrar e me trancar lá dentro. Pronto Mirone. É o fim! Adeus mundo...
Uou! Uou! Tá a ouvir? Diga-me uma coisa. Estava lá o Presidente? Ainda não o vi hoje, e o carro dele também não está cá.
Todas as cidades têm o seu maluquinho de serviço. A minha, hoje, teve dois!
Ainda a minha cidade era vila e andava por lá o "Tibúrcio", sempre com várias camadas de rooupa, por causa do frio.
ResponderEliminarConta-se que numa qualquer noite mais fria conseguiu ir deitar-se na morgue, e tapou-se com um lençol. Alguém entrou e ele gritou "fecha a porta que está frio" - o maior susto da vida dessa pessoa, com certeza, e a melhor lenda urbana que conheço. Ainda me lembro, em miúda, de ver o "Tibúrcio" pelas ruas. E lembra-me sempre desta história caricata que nunca saberei ao certo se é verdadeira ou não!
O que é caricato é a Catarina Nogueira vir gozar com as deficiências das pessoas e nem sequer respeitar os mortos da morgue, porque com os falecidos não se brinca, eu queria ver se os mortos na morgue fossem da sua família se vinha para aqui gozar com eles.
EliminarAnónimo, não devemos ter lido o mesmo comentário, certamente, pois não me lembro de a Catarina ter gozado com os deficientes ou faltado ao respeito aos mortos. Paareceu-me que se limitou a contar uma estória que circula na sua cidade sobre um tal de Tibúrcio.
EliminarAtaques desta violência, só a mim, por favor.
Que imbecil!
ResponderEliminarNinguém te ensinou a tratar as pessoas com respeito? Fugir de uma pessoa porque tem deficiência mental só mostra a tua mesquinhez e falta de educação. Tenho muita pena de ti.
Não vale a pena dares-te ao trabalho de responder, vim aqui ter por acaso e não repito erros.
Sim, sou imbecil e falta-me educação. Já somos dois..
EliminarÉ muito triste uma pessoa gozar com as deficiências dos outros, e ainda para mais é repugnante vir para um bolg a rir-se disso.
ResponderEliminarNão lhe ensinaram a educação, pois não?
Vendo bem também não custava muito dizer ao homem se o Presidente estava lá ou não, não lhe parece? Ficava-lhe melhor do que andar por aqui a discriminar negativamente os deficientes
ResponderEliminarAnónimo, não sei se se trata sempre da mesma pessoa, inclusive a que disse que não voltaria, mas vou tentar explicar-lhe o que se passou. Eu não gozei com nenhuma deficiência. Antes pelo contrário, fiz logo a ressalva no início do post, para não ferir susceptibilidades.Limitei-me a rir de uma atitude que tive por me ter assustado com uma pessoa portadora de doença mental. A atitude foi ridícula, reconheço, por isso, se gozei com alguém foi comigo. Tenho destas coisas, rio-me de mim. E sim, respondi-lhe que não sabia, porque também não o tinha visto, mas isso o anónimo não tinha como saber, porque não o disse no post. Também não disse que fui tratar de um atestado de residência para obter um dístico de estacionamento. Como nao lhe disse que nos últimos 3 meses, numa instituição com que colaboro que recebe, entre outras, pessoas com doença mental, foi preciso internar compulsivamente 2 deles, porque Sem motivo aparente se tornaram violentos. Volte sempre.
ResponderEliminarHe he...
ResponderEliminarQuer dizer: Eh eh.
ResponderEliminarAssim está melhor.
Por outro lado; só já falta o cabeçalho, porque de resto começa a estar bem servida de leitores como um blog que se preze
Hahahahahaha... o que me ri a imaginar situação. :)
ResponderEliminarbeijinhos
Joana
Seja muito benvindo. Espero que depois da divulgação continue a visitar-me. Ainda hoje retribuirei a visita. Feliciddes, é o que lhe posso desejar.
ResponderEliminarAh ah ah ah ah ah ah ah
ResponderEliminarQuerida Mirone, mas então também já tem donas Joaquinas por aqui? As defensoras inabaláveis da ordem e bons costumes?
(Vou ficar de olho em si....)
Sim, como é "costume". Que as donas Joaquinas só lêem coisa boa. Gostos refinados, por coisas requintadas. Massagens ao ego, é o que me fazem.
EliminarEste comentário foi removido por um gestor do blogue.
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EliminarFico tão triste por não gostarem de mim.... E ainda assim não me desamparam a loja, faria se gostassem. Donas Joaquinas, ide até à esquina sim?
EliminarAnónimos, vamos lá ver uma coisa, sim? O recado pode parecer longo, mas será simples e, espero, não se repetirá.
ResponderEliminarO facto de não haver, por enquanto, moderação de comentários, não quer dizer que tal não venha a acontecer. Aliás, pessoas sensatas, e julgo que os anónimos se julgam assim, não precisam de ser lembradas de que os insultos gratuitos, são uma cobardia e, a meu ver, revelam mau carácter.
Por enquanto, tenciono manter a caixa de comentários aberta a todos os comentadores. O que não posso admitir é que esta caixa se torne palco para ataques a quem me lê. Não admitirei, mesmo.
O blog é meu e só eu posso ser responsabilizada pelo que aqui se escreve, pelo que, não conseguindo conter essa urgência do insulto fácil, por favor, queiram dirigi-lo a mim e só a mim. Sob pena de me ver na obrigação de os apagar.
Entretanto, lembrei-me dos ditados populares que procurava num dos últimos posts. "Nas costas dos outros vejo o meu retrato" e "Quem tira retrato de graça é espelho". Não vamos fazer o que tanto criticamos nos outros, pode ser?
Mais picante, peço-lhe desculpa, mas só agora me dei conta do que aqui ia. E gabo-lhe as costas, que hão-de ser largas para aguentar tamanha desfaçatez.
Ausenta-se uma pessoa uns dias e quando aqui chega está o caldo entornado...
ResponderEliminarO que é que aqui aconteceu Mirone?
(até ler o chorrilho de disparates que por aqui vai estava perdida de riso a tentar imaginar-te a correr à frente do homem)
Não sei, ainda não sei. Alguém que não terá achado tanta piada a ver-me correr à frente do "Sinaleiro".
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