Em Portugal generalizou-se a ideia de que todos temos um Zezé Camarinha dentro de nós, salvo seja, lagarto lagarto lagarto! Não temos literalmente o Zezé Camarinha dentro de nós, que isso é coisa para só se desejar ao nosso pior inimigo (sou da opinião que ao nosso pior inimigo, se o tivermos, podemos desejar tudo, não acredito na converseta "ai não, nem ao meu pior inimigo"). E também não estou a falar do Zezé enquanto galã. Estou a falar do Zezé poliglota, if you "nó uaraimin".
Recebemos turistas todo o ano, vemos filmes e séries não dobradas, temos os tradutores do google e outros que tais, de maneira que, à la Relvas style, nos convencemos de que isso nos dá equivalência ao melhor curso de línguas do mundo inteiro. Ainda que na verdade isso nos dê apenas motivos para não morrermos à fome no estrangeiro (menos mal, de qualquer forma, quando estivermos mesmo, mesmo, mesmo aflitos lá há-de aparecer um português para nos salvar - abençoada Diáspora!), soltarmos umas valentes gargalhadas quando lemos as ementas de certos restaurantes, ou queremos desesperadamente encontrar um buraco fundo para nos escondermos quando ouvimos um governante dizer, numa visita de Estado, "Portugal has wonderful wine, you must prove it". Fiquemos pelo inglês, que o castelhano, "pués" que creemos que es nuestro idioma natural, enrolamos a língua e já está. Não, não é só isso, a não ser que sejamos o Cristiano Ronaldo, a quem tudo - ou quase tudo - permito (a propósito, "Cris, que gafas tan monas!")*.
Recebemos turistas todo o ano, vemos filmes e séries não dobradas, temos os tradutores do google e outros que tais, de maneira que, à la Relvas style, nos convencemos de que isso nos dá equivalência ao melhor curso de línguas do mundo inteiro. Ainda que na verdade isso nos dê apenas motivos para não morrermos à fome no estrangeiro (menos mal, de qualquer forma, quando estivermos mesmo, mesmo, mesmo aflitos lá há-de aparecer um português para nos salvar - abençoada Diáspora!), soltarmos umas valentes gargalhadas quando lemos as ementas de certos restaurantes, ou queremos desesperadamente encontrar um buraco fundo para nos escondermos quando ouvimos um governante dizer, numa visita de Estado, "Portugal has wonderful wine, you must prove it". Fiquemos pelo inglês, que o castelhano, "pués" que creemos que es nuestro idioma natural, enrolamos a língua e já está. Não, não é só isso, a não ser que sejamos o Cristiano Ronaldo, a quem tudo - ou quase tudo - permito (a propósito, "Cris, que gafas tan monas!")*.
Tudo isto para dizer que nosso inglês não é tão bom como julgamos, mas não é tão mau que não nos consigamos fazer entender. Vamos acreditar que sim. Quero mesmo acreditar que sim.
Há uns dias abordou-me na rua um senhor com uns documentos do SEF na mão. Penso que me estava a pedir indicações, não percebi muito bem que língua é que estava a falar, talvez wolof. Tentei explicar-lhe, tentei mesmo, em inglês primeiro, depois com umas palavras de francês, outras de alemão - poucas, com muitos gestos e os olhos muito abertos (como se abrir muito os olhos adiantasse alguma coisa), segue em frente, vira na terceira à direita, sobe a rua e vira à direita e depois segue uns cinquenta metros e vê o SEF, mas se calhar não eram indicações que ele queria. Ele dizia que não e apontava para os impressos. Acabei por apontar para a praça de táxis, pode ser que algum taxista seja melhor em línguas que eu...
* É um excelente jogador, chegou onde chegou por mérito próprio e com muito esforço, parece-me um miúdo com bom coração (ponham-se no lugar dele, que nasceu pobre, veio para Lisboa ainda garoto, sem família...) e a maneira como gasta o seu dinheiro não me interessa nada.
Há uns dias abordou-me na rua um senhor com uns documentos do SEF na mão. Penso que me estava a pedir indicações, não percebi muito bem que língua é que estava a falar, talvez wolof. Tentei explicar-lhe, tentei mesmo, em inglês primeiro, depois com umas palavras de francês, outras de alemão - poucas, com muitos gestos e os olhos muito abertos (como se abrir muito os olhos adiantasse alguma coisa), segue em frente, vira na terceira à direita, sobe a rua e vira à direita e depois segue uns cinquenta metros e vê o SEF, mas se calhar não eram indicações que ele queria. Ele dizia que não e apontava para os impressos. Acabei por apontar para a praça de táxis, pode ser que algum taxista seja melhor em línguas que eu...
* É um excelente jogador, chegou onde chegou por mérito próprio e com muito esforço, parece-me um miúdo com bom coração (ponham-se no lugar dele, que nasceu pobre, veio para Lisboa ainda garoto, sem família...) e a maneira como gasta o seu dinheiro não me interessa nada.
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