Uma das piores coisas que me podem pedir para fazer é entrar num bar ou numa discoteca cheia de bêbados no fim da noite. Não vou, bato o pé, recuso-me, ponto final. Sufoca-me o ar pesado, viciado, enoja-me o hálito a vómito, tabaco e bebida das pessoas. Incomoda-me a sua proximidade, constrangem-me as figuras tristes que fazem. De olhos semi-cerrados cambaleiam de copo na mão, quase caem quando se baixam para levar à boca o cigarro babado e coberto de imundices que deixaram cair no chão. São os maiores, não admitem julgamentos, cheios de certezas. Às vezes choram, são incompreendidos, todos lhes querem mal. Umas vezes gritam, outras vezes some-lhes a voz que arrastam, enrolada na língua dormente. Alheios aos avisos fazem-se à estrada. Se não correr mal, no dia seguinte partilharão fotografias de um copo de água e um guronsan, #gandaressaca #janaotenhoidadeparaisto #sextafeirahamais, contarão as proezas da noite, combinarão novas noites de copos. Constrange-me, mas não consigo ter pena.
Mas ainda pior do que encontrar bêbados ao fim da noite, é ter de levar com eles logo pela manhã, barulhentos, mal cheirosos e grosseiros, porque tive a infeliz ideia de tomar o pequeno almoço na rua para não incomodar quem ainda dormia. Esses não me constrangem, só enojam.
* cancioneiro duriense
Até para se ser (estar) bebado é preciso classe
ResponderEliminarClasse e bebedeira são incompatíveis, uma impossibilidade prática (e teórica).
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