Quando
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Dia do Mar'
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Dia do Mar'
Ou seja, não fazemos cá falta nenhuma. Francamente Mirone, também não há necessidade de nos reduzir à nossa insignificância.
ResponderEliminar(Adoro Sophia de Mello Breyner)
Não se tratará de não fazermos cá falta, será mais a consciência que o mundo não somos só nós. É a minha poetisa favorita.
Eliminarconsciência de*
EliminarNão se trata de insignificância, trata-se de continuidade, imortalidade(?), talvez perpetuidade. Depois de nós, outros como nós farão o que fizemos, haverá sempre quem nos dê continuidade. Viveremos nos que nos sucederem.
EliminarNão. Viveremos enquanto nos recordarem.
EliminarE é muito mais que o mundo não somos só nós, é quase um "o mundo não precisa de nós", seremos nós a única peça que falta, tudo o resto se mantém. Eu, há bocado, estava meio a brincar, mas não deixamos de ser mínimos.
E enquanto recordarem os que nos recordarem, porque eles serão parte do que nós fomos. Temos tanto de eterno como de efémero. Será a velha questão do copo meio cheio ou meio vazio.
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