Estava eu, pela primeira vez na semana, a beber o meu café quentinho antes do trabalho, quando percebo que um casal já com alguma idade não tira os olhos de mim. Discretamente, olho para a vitrine dos bolos e tento ver o meu reflexo. Estarei despenteada, terei alguma coisa na cara? Nada a assinalar, aparentemente. Volto ao jornal, "enfim, ricas notícias, parece o Correio da Manhã. Ai espera, é o Correio da Manhã". Este mata, aquele esfola, este é preso, o outro fica em liberdade, o costume.
O casal octogenário levanta-se e, quando passa por mim, ela baixa-se e sussurra ao meu ouvido:
- Bom dia. Deixei-lhe o cafézinho pago.
Na minha cabeça foi assim (chapéu incluído):
Na realidade, foi assim:
- Bom dia... um café?
- É a esposa do Dr. Zé, não é?
- Não, está enganada. Eu agradeço, mas tem aqui o dinheiro do café.
Ainda vi o marido olhar para as moedas que eu tinha na mão, mas depressa foi avisado:
-Anda Chico. Não sabes que quem dá e tira ao inferno vira? Com 83 anos pode ser já amanhã.
Ahahahahahahahahah
ResponderEliminarOra aqui está uma coisa que nos dispõe bem todo o dia!
Conclusão, o Dr. Zé é o maior da rua dele.
ResponderEliminarO velhote ainda deve estar em casa a lamentar 0,65€ tão mal gastos :-)
"Primeiros", não sei se o Dr. Zé é ou não o maior da rua dele, mas terá certamente uma mulher sofisticadíssima e elegante, uma Audrey Hepburn dos nossos tempos, só isto explica que me tenha confundido com ela.
Eliminar"segundos", o café no snack da dona Creuza é a 0,60€.
"terceiros", a mulher do senhor Chico é, ela sim, a maior da rua dela. Ninguém me tira da ideia que aquele "pode ser já amanhã" era nada mais nada menos que uma ameaça, por sinal, muito pouco velada.