Contra tudo o que sei e não sei, contra o que o meu instinto me diz, contra o que a razão me dita, continuo a ler as caixas de comentários dos jornais online. Nos últimos dias são os migrantes que me prendem.
Não tenho a solução para a questão dos migrantes, não sei se a questão dos migrantes sequer tem solução, uma, várias, a perfeita ou a possível. Tenho um enorme nó no estômago pelos que em pleno século XXI abandonam o seu país de origem, a sua tribo, como no início das civilizações, e procuram um lugar numa outra tribo que os receba, sem guerra, sem fome, mas que aí chegados, são tratados como pouco mais do que animais sarnentos, são alimentados, por uma questão mínima de humanidade, mas depressa se enxotam, porque "não temos condições", ou "as que temos nem para nós chegam", tranquem-se portas, fechem-se janelas, que os deixemos à sua sorte que hão-de seguir viagem sem nos molestar, o ser humano supera-se todos os dias, eles hão-de ficar bem.
Perante o conforto alheio de tantas certezas que leio, pasmo. Apenas e só porque duvido, apenas e só porque não tenho a veleidade de me considerar a salvo de um dia estar no lugar dos que hoje são enxotados.
Quanta hipocrisia da parte de uma pessoa que não hesita em enxovalhar os outros publicamente por coisas muito mais mesquinhas e prosaicas... cale-se e ponha a mão na consciência.
ResponderEliminarPode continuar, anónimo, tem a caixa aberta.
EliminarComo vejo que está com tempo, sugiro que deixe link dos enxovalhos públicos (ou privados, já estou por tudo, desde que mos mostre) que fiz a outras pessoas.
Isto de se poder dizer tudo quanto se pensa é muito bonito, mas depois chegando à parte de sustentar as afirmações feitas bate-se em retirada, não é?
Eu sei que não gosta de mim porque me associa a um grupo de bloggers de quem eu gosto, está no seu direito, não tem é o direito de me acusar do que não faço.
E não adianta dizer que está à vista numa série de blogs, atirando uma patacoadas para o ar, é preciso que me diga o que está à vista, e onde, neste dia disse isto, naqueloutro disse aquilo.
Não é a primeira vez, nem a segunda, talvez seja a terceira ou a quarta (afinal não são assim tantas) que um anónimo me vem dizer que enxovalho outras pessoas, mas a verdade é que até hoje nenhum conseguiu mostrar-me um link do post onde o tivesse feito. Seja o primeiro, se está assim tão certo do que diz.
Diz-me com quem andas...
EliminarAté é capaz de ter razão, mas de facto as companhias por vezes tramam-nos.
Anónimo, eu não tenho dúvidas de que essa sua (e de outros, não sei se são sempre o mesmo) animosidade se prende com as minhas companhias. A questão aqui é outra, o anónimo diz-me com clareza que enxovalho publicamente outras pessoas, pois então mostre-mo ou em vez de dizer que enxovalho publicamente alguém diga-me que tenho companhias não desejáveis. Sendo certo que entre adultos, que ainda por cima não têm qualquer laço familiar ou afectivo, esta conversa é completamente descabida. O anónimo escolhe as suas companhias, eu escolho as minhas, cada um de acordo com as suas convicções. Porém, se o seu comentário foi feito no sentido de me aconselhar, embuído da melhor das intenções, outro tom que não o de fazer acusações que não consegue sustentar seria bem mais eficaz. De outra forma arrisca-se a parecer só um tolinho que diz tudo quanto lhe vem à cabeça sem pensar primeiro.
EliminarMinha grandessimima besta, não vê a diferença entre gozar ou satirizar e defender ou ate promover que seres humanos sejam abandonados à sua morte? Vá lá fazer likes no facebook do zico e deixe os adultos falarem de coisas sérias.
EliminarVamos deixar os animais em paz, PID. :)
EliminarO 1º anónimo (aposto que anónima), é otári@, mas o PID não lhe fica a trás. Felicidades a todos, merecem-se.
EliminarMirone, andas a rasgar nas pessoas, tsttt coisa feia. ;)
EliminarOpa mas ultimamentes as caixas de comentários trasformaram-se em etar, foi?
Mas tá tudo parvo. Então tu abordas um tema q nos devia perturbar a todos e alguem vem p aqui tecer comparaçoes do q é dito num blog em tom de brincadeira.
A PID é frígida, daí o mau humor.
EliminarAcertaste em cheio, não há certezas, não há soluções perfeitas. O que leva aquelas pessoas num rumo tão incerto é apenas a certeza de que onde estão não vão sobreviver. Ir à raiz do problema não interessa a quem de facto o pode fazer, a menos que haja grandes interesses económicos por trás. Por que isto tem tudo a ver com o vil metal, a origem, a viagem, o destino! Hoje deixei cair uma lágrima quando um homem com um bebé dizia que tinha deixado "em terra" a mulher e mais quatro filhos porque só tinha dinheiro para aquele e que agora não sabia o que ia fazer, nem para onde ia, 1200 dólares foi quanto pagou para chegar. E não sabia nada. Ninguém sabe!
ResponderEliminarHoje deparei com um comentário à notícia da bebé que nasceu a bordo de um barco que se dirigia à Europa. A mesma pessoa que se congratulava com a beleza do milagre da vida com frases bonitas adiante dizia que a solução tinha de ser encontrada nos países de origem, que se fosse necessário deveria haver uma intervenção militar ocidental para parar este êxodo porque a Europa tinha de fechar as fronteiras imediatamente senão em poucos meses eles eles corriam connosco daqui. Que se vão fazer guerras na terras dos outros, sim senhor, que se deixem à sua sorte na terra deles, ainda melhor, agora mexer com o conforto dos europeus é que não senhor.
Eliminar(suponho que andem desatentos relativamente aos números da emigração de portugueses, talvez fosse bom que os países onde se encontram lhes dissessem com voz condoída "queridos portugueses, vão lá para o vosso país que o que cá temos é para nós").
Mirone desculpa, mas comparar a emigração dos portugueses ou outros nos mesmos moldes, com esta situação de refugiados não me prece de todo correcto, acho que são coisas que não são comparáveis de todo
EliminarPrecisamente, lady-m, é muito mais grave. Do ponto de vista social e humanitário não tem comparação possível, por isso o argumento usado de que o trabalho que cá temos nem para os nossos chega não pode ser usado (e vejo-o a ser usado muitas vezes).
EliminarAinda assim, convém não perder de vista que os migrantes não desejam vir para a Europa para ficarem fechados em centros de refugiados, às custas dos Estados que os recebem, querem refazer as suas vidas, encontrar um trabalho que lhe possibilite pagar uma casa e o sustento seus e dos familiares. Ou seja, a questão do trabalho, não sendo de fundo, não pode ser posta de lado.
EliminarEu entendo tudo o que dizes e tb se me aperta o coração, mas por outro lado não posso deixar de pensar que estamos também nós a chegar ao limite. Temos tanta mas tanta miséria, não conseguimos acudir os nossos como é que vamos acudir mais umas centenas????
ResponderEliminarNão tenho soluções e acredito que nenhum país isoladamente as tenha. Mas não deixo de ficar preplexa com a certeza com que por essas caixas foras se diz que tem de ser assim ou assado, mas receber mais migrantes é que não.
EliminarBem verdade Mirone. Quando os meus olhos esbarram na imagem daquelas crianças, só me ocorre pensar nos meus filhos. E se fossem eles????
ResponderEliminarFernanda, cada vez mais me convenço de que a qualquer momento as coisas podem rebentar e se/quando rebentar ninguém poderá, com certeza, dizer que está a salvo.
EliminarNão tarda estará por aí o Natal e então seremos todos irmãos, solidários e assim.
ResponderEliminarNão sei se o natal é suficiente. Ainda agora li tantos comentários xenófobos a propósito do interesse manifestado por alguns portugueses em receber refugiados. Que falta de empatia.
EliminarOlá Mirone!
ResponderEliminarCusta-me muito ver essas imagens. Aliás, não as tenho visto porque tenho estado bastante apartada da televisão nos últimos meses, mas sei da situação e sei que morrem milhares na travessia.
Aquela situação dos pais terem enfiado uma criança numa mala de viagem deixou-me muito transtornada. Não sou capaz de ver morrer crianças. É demais para mim. Se me pedissem para resolver, não saberia como fazê-lo, mas se os recebesse pois teria de tratar deles.
Voltaste! Yeiiiii.
Eliminar;)
EliminarO que falta é uma maratona solidária. Ou um espectáculo com o David carreira e amigos.
ResponderEliminarO mais "giro" é que há realmente pessoas que acham que está malta está descansadamente no seu sofá e resolve, entre duas cervejas, vir chatear os europeus. Não consigo imaginar o desespero preciso para atravessar desertos e mares, correndo perigo vida, pela tênue esperança de uma vida decente.
Tendo tempo espreite os comentários às notícias que dão conta de haver portugueses dispostos a acolher refugiados. Enquanto eram os gregos, os italianos e os húngaros a lidar com eles, faltava empatia aos comentadores. Agora que a possibilidade de virem para Portugal é real a falta de empatia virou verdadeira xenofobia.
EliminarNão tenho solução, Mi. E tenho muita pena de não ter. Mas acho que a Europa tem de achar uma solução concertada para este drama. Não é justo deixar a Grécia e Itália arranjarem-se sozinhas e também nao resolve o problema o milhar de refugiados que meia dúzia de países estão dispostos a receber. Não sejamos ingênuos, esta gente não tem quaisquer qualificações, dificilmente arranjarão empregos que lhes permitam ter vidas autônomas e seguras.
ResponderEliminarPatece-me mesmo que o problema tem de ser resolvido na sua origem, não vejo como terá a Europa capacidade de acolher milhões de refugiados. Porque é mesmo de este número que estamos a falar. É um desespero.
Eu não sei qual é a solução ou se ela existe. A existir será concertada, evidentemente, a existir é natural que mexa com o nosso conforto. Mas deixar tanta gente morrer não é, definitivamente, uma solução. A humanidade é capaz de muito mais do que esperar pela selecção natural (sendo que fechar fronteiras e repatriar é tudo menos natural), que os mais fortes sobrevivam, não estamos na idade da pedra )e até nessa altura os humanos cooperavam entre si).
EliminarOlha, sabes o q te digo,as pessoas q deixam comentários alarves nessas noticias, q nunca se vejam em situação similar...
ResponderEliminarIsto tudo perturba-me mto. Tb n tenho soluções, mas, ainda assim, ainda sou humana.