segunda-feira, 1 de julho de 2013

O Futre e o castigo

Todos os Verões, chegadas as férias grandes, juntava-se à tarde na minha rua um bando de garotos a jogar à bola. 
Ali destacavam-se sempre uns quantos. Havia o gordo que ia à baliza, o dono da bola, que escolhia as equipas e, simultaneamente, fazia de árbitro (devia ser bom, a sua equipa ganhava sempre), a maria-rapaz que também queria participar nos jogos dos rapazes (mas num verão, sem percebermos bem porque passsou a preferir outras brincadeiras, dizia que os rapazes eram imaturos...). Bom, erámos muitos e queriamos jogar à bola.
Num verão chegou um miúdo novo, amigo do dono da bola. O dono da bola dizia que ele era o maior, que havia de ser o próximo Futre  e escolheu-o logo para capitão da sua equipa.
Ninguém no grupo de amigos o conhecia muito bem, até achavamos que ele não era nada de especial, mas se o dono da bola dizia que ele ia ser o futuro Futre, é porque era bom.
O Futre era um tipo parvo, nunca percebi porque é que jogávamos à bola com ele. Felizmente, não ficou o Verão todo. Um dia, a marcar um canto, partiu um vidro da vizinha. Por sorte, não estava ninguém em casa. Por coincidência, o Futre lembrou-se nessa hora que tinha de ir lanchar, que a mãe o tinha chamado. Nunca mais voltou... 
O pior mesmo, foi quando a vizinha chegou a casa e descobriu o vidro partido. Nunca mais me vou esquecer desse Verão. Passámos o resto do Verão a fazer recados à vizinha só para ela não contar aos nossos pais. Antes tivesse contado... o castigo não haveria de ser pior.



PS - A notícia do dia parece ser que a poucos dias de mais uma visita da Troika, Vitor Gaspar abandona o Governo. Terá ido lanchar, ou foi a mãe que o chamou?

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