quinta-feira, 24 de julho de 2014

Liberta a porteira que há em ti, Mirone!

Eu sei, vão dizer-me que é feio ouvir as conversas dos outros, estão cobertos de razão. Mas a culpa não foi só minha, elas é que se sentaram mesmo ao meu lado, a falar alto e, no fundo, há uma porteira coscuvilheira dentro de mim. Eu estava na minha vida, a beber o café do costume, antes de começar a trabalhar, a organizar o meu dia mentalmente, a pensar em coisas realmente importantes quando duas amigas decidiram que de todas as mesas vagas no café, a mesa ao lado da minha era a ideal para se sentarem. E usaram as palavras mágicas, "trabalhar o psicológico", como podia eu resistir?

- Não lhe digas já. Não deites tudo a perder, não te precipites. Se não tens a certeza de como ele vai reagir não digas.
- Achas? Mas assim eu não estou bem?
- Tens de lhe trabalhar o psicológico. Conta mas como se fosse a uma amiga. Ah e tal uma amiga minha conheceu uma pessoa que sente que nasceu para lhe mudar a vida.
- Mas eu acho que o psicológico dele é muito forte e não se deixa trabalhar. E também não sei se quero mudar a minha vida. Porque eu pio muito mas é quando estou a trabalhar, pio aqui, pio ali, mas não sou de piar na cama.
- Mas tu coiso, não coiso?
- Sim, coiso, mas o meu próprio psicológico está confuso. Como é que queres que eu trabalhe o psicológico dele?

Entretanto acabei o café e vim embora cheia de dúvidas. De que estariam a falar? Quereria a amiga contar ao marido que tinha dado uma facadinha no casamento?  Ou quereria simplesmente avançar para um patamar mais sério na relação e não sabia como abordar o namorado? O que é coiso? Será que lhe vai dizer? Será que lhe vai trabalhar o psicológico? E o psicológico, mas que raio é isso do psicológico?

Definitivamente, não dava para porteira, o meu "psicológico" não aguentaria tantas dúvidas.


9 comentários:

  1. Há muito que não ouvia a expressão "trabalhar o psicológico". Havia um senhor cá da minha vida, que a dizia muitas vezes, logo seguida do "tás a ceber?".
    Foi uma bela viagem esta agora, foi sim.

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    1. É preciso ter um psicológico muitA forte, tás a ceber?

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  2. "...pio aqui, pio ali, mas não sou de piar na cama..."<<<< isto causa-me alguma confusão. "Piar" significa só e apenas falar, certo? Logo, a pessoa não é de falar na cama, certo? Presumo que linguagem gestual e body language sejam então as vias de comunicação na cama, certo?
    Tá bem...

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    1. Penso que sim, a parte de não piar na cama, acho que percebi, é das caladas, um género como qualquer outro, nada contra. :)

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  3. Então, o que há para admirar?
    Ou ainda, o que há para criticar?
    Se a moça não quer falar
    isso já dá para desconfiar?

    Ora ora, vamos lá com isso parar
    Que não vos leva a nenhum lugar
    Penso que estão a coisa a exorbitar
    Se não sabem eu vou explicar
    Para o psicólogo saber trabalhar
    A moça não precisa de piar
    Desde que a cuequinha saiba tirar
    Para nuinha se ir deitar
    E com arte saber coisar.

    Fica o psicólogo satisfeito
    Ela, abençoada sem os pés no altar
    Atrevam-se agora a dizer se não tem jeito
    Saber sexuar sem chatear a piar.

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  4. Pérolas. tantas pérolas. No post e nos comentários... estou aqui a apanhá-las todas, isto vai dar um belo colar.

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    1. Depois venha cá mostrar. Eu, porteira coscuvilheira em falência intelectual, sou suspeita e parcial, mas confesso já que "o psicológico" e o "coiso" me fascinam. E a si, que pérolas lhe ficaram debaixo de olho?

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    2. Belo e nada perigoso.
      O da Antonieta levou-a a separar-se da cabeça.

      (Doravante e para que conste, uanó)

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    3. Querem ver que asnerei.
      Mas o psicológico não é, quer dizer, é, ou por outra, não é... enfim, chamam-lhe tantos nomes que pensava que era mais um.
      Daí ter versejado com o psicológico, de contente satisfeito.

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