sexta-feira, 20 de junho de 2014

Já começou a silly season?

Para pôr fim às filas de utentes à porta dos centros de saúde durante as madrugadas com o propósito conseguirem uma consulta de urgência, a Entidade Reguladora da Saúde decidiu que os centros de saúde deverão assegurar uma consulta a todos os utentes que procurem uma consulta no próprio dia, estando previstas sanções pecuniárias para os centros de saúde que não o façam.
Sendo eu uma pessoa de capacidades muito limitadas, gostava que alguém me explicasse como é que esta "revolução" se vai processar. Partindo do princípio que o número de médicos nos centros de saúde se mantém (não li em lado nenhum que estejam previstas contratações de novo médicos), as consultas terão a duração de 30 segundos ou as senhoras da limpeza e os administrativos também vão dar consulta?

Por causa desta notícia.

12 comentários:

  1. Isso não sei, mas sei que aqui onde vivo os Sr. Drs só dão 5 consultas por dia durem eles o tempo que durarem (o que normalmente são 10 a 20 minutos) e porquê? porque chegam ás 10h e vão beber café e a partir das 13h30 não dão mais consultas. O que está aqui em causa são doentes urgentes, ou seja quem não é urgente marca para outro dia. Agora que tb há muito boa gente que vai de madrugada pra o CS para arranjar vez para pedir análises ou receitas há, e isso tb está mal porque para isso há marcação de consultas para data futura

    ResponderEliminar
  2. Felizmente só precisei de recorrer ao CS duas vezes nos últimos 5 anos (quando engravidei, para solicitar a isenção de TM) e uma outra vez antes de ser operada a uma hérnia discal. Como não tinha médico de família atribuído tive de ir à consulta externa e do que vi, os médicos só não faziam mais porque não podiam. Tenho na família uma directora de um CS e o que lea me diz é que faltam médicos e, ainda que haja médicos quye perdem tempo em cafézinhos ou a atender delegados de propaganda médica, a verdade é que saõ uma excepção e não a regra e que mesmo que o médico cum,pra rigorosamente o seu horário, continua a haver muitos utentes para tão poucos médicos.

    ResponderEliminar
  3. Isto tem muito que se lhe diga.

    Na minha actual zona de residência não tenho razão de queixa da médica de familia. Nenhuma mesmo - é competente, tem consultas num prazo "razoável" de 10 a 15 dias quando são não-urgentes e, por norma, quando são urgências conseguimos uma consulta no dia ou no dia seguinte.
    Aliás acho-a tão competente que só vou ao pediatra com o meu filho quando ela não pode atender e a situação é mesmo urgente.

    No entanto, isto não é assim em todos os lados. No local onde eu cresci o médico é daqueles que só lá aparecia perto do meio-dia (quando ia), passava receitas médicas sem olhar para as pessoas sequer (as pessoas deixavam lá as receitas que precisavam e ele prescrevia mais) - contava isso como consultas apesar de não consultar nenhuma pessoa. Depois ia almoçar e vinha quando lhe apetecia, quando sequer voltava. Esta pessoa, marido da directora do pseudo-hospital local, faltava muitas vezes à escala de urgência. Nestas urgências chegaram pessoas durante a noite, de urgência e não se encontrava nenhum médico nas instalações pelo que houve mortes mas nunca ninguém foi responsabilizado (a familia bem tentou mas...), este médico levava 50€ para se deslocar a casa das pessoas incapacitadas e acamadas (quando é sua obrigação fazê-lo gratuitamente pois recebe para isso), este médico insinuou por diversas vezes que deveriamos ir a casa dele (pagar consulta privada) para resolver os assuntos que somente se deviam a ele. Insinuou (isto foi comigo) que tinha um problema tão grave do coração que não poderia conduzir - pois recusei-me a ir a casa dele pagar 30€ para ter um atestado médico). Ele assustou de tal forma que o meu namorado (hoje marido) ficou tão perturbado que me levou de imediato a um cardiologista pois supostamente eu estaria quase a morrer e poderia ter um ataque a qualquer momento... em suma, cheguei ao cardiologista em pânico (levei-lhe os exames que tinha feito) e contei-lhe a situação, ele fez-me N exames e no final, o cardiologista estava completamente passado, nervoso e irritado (acho que se o meu médico de familia lhe aparecesse à frente levava uns valentes murros) : o cardiologista escreveu uma carta selada ao meu médico de familia e disse-me que se ele se recusasse a escrever o atestado médico e invocasse de novo que eu tinha problemas de coração que o caso seria resolvido entre eles os 2. Para eu lhe fazer queixa a ele que ele traria dele. Eu não tinha nenhum problema, nunca tive nenhum problema.

    Por isso, há médicos e médicos, há vontade e a falta dela... enfim. Há de tudo e acho bem que obriguem quem não trabalha, nem o quer fazer a fazer-se à vida.

    Ps: Ainda este ano uma amiga minha teve uma médica como professora na uni que estava a dar aulas no mesmo horário em que devia estar a atender no hospital s.joão (dá aulas numa uni privada, enquanto devia estar a dar consultas num hospital publico). E isto sim, tem que parar.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. PS2: por isto tudo, quando chegou a altura desta reforma do Estado e nos vieram pedir assinaturas (principalmente aos meus pais que ainda lá vivem) para que ele não fosse encerrado, o meu pai respondeu: "Não assino nada. Acho muito bem que seja fechado. Não está ali a fazer nada, excepto dar dinheiro a meia dúzia de... e para matar os pobres e os inocentes".

      Eliminar
  4. Sabes o que é que eu te digo? Abençoados seguros de saúde. Uma das vantagens de se viver "coladinho" à Capital do país é termos os hospitais particulares. E eu tenho 3 a menos de 20 minutos de casa...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Silent Man de férias torna-se quase 100% Silent... :p

      Podes ir ler o meu último post. :D

      Beijinhos e obrigado pelo carinho

      Eliminar
    2. OH, que boooooooom! Parabéns! Desejo-vos a melhor das sortes! Vais gostar tanto.

      Eliminar
    3. O problema é que os hospitais privados não resolvem nada para quem não tem dinheiro para manter seguros privados. Vamos imitar o exemplo dos EUA? Aquilo por lá até é tão milagroso que eles querem um SNS.

      Que tal imitar-mos países como a Suiça? Onde não há médicos de familia, não há "mamões", não há trabalho para a vida. As pessoas descontam para uma entidade publica de saúde e marcam as consultas com os médicos que pretendem ser consultados... assim é que se fariam os médicos trabalhar bem, serem competentes... se não fossem, não teriam pacientes.

      Lá funciona, na américa o sistema dos seguros não. Porque não imitamos nós o que funciona? Já no sistema escolar é o mesmo: nunca vamos procurar exemplo da excelência... ainda há dias foi um senhor do nosso Estado estudar o sistema educativo alemão (para depois o aplicar cá)... mas se formos aos resultados PISA vê-se bem o quão longe a Alemanha está de ter um ensino de excelência e, SÓ na Europa, são ultrapassados por imensos países...

      Eliminar
  5. Olá
    Sabem, eu também já trabalhei em centros de saúde como os que descrevem acima mas todas as generalizações são, por norma, erradas. Eu tenho consulta agendadas de 15-15 minutos, períodos de consultas urgentes todos os dias e quando ouvi esta notícia fiquei a pensar como é que no meu horário iam pôr TODAS as consultas urgentes do dias. Vão contratar mais médicos? Ou vão desmarcar consultas aos diabéticos/ hipertensos/ saúde infantil/ saúde materna que tenho agendada pra esse dia para dar lugar as consultas urgentes?
    É que eu já trabalho fora de hora( quero dizer mais tempo do que o meu horário prevê) para responder as necessidades dos meus utentes e também tenho uma gmail e necessidade de descanso.
    Não me levem a mal considero da maior importância que haja um médico por dia em casa USF a fazer consulta urgente exclusivamente durante todo o dia desde que isso não interfira com a necessidade de consulta agendada dos outros doentes. E não se esqueçam que existem muitas consultas urgentes de pessoas que não têm noção que estão a tirar a vez a crianças com amigdalites ou idosos com pneumonias. E eu pergunto-lhes se eles percebem isso nas consultas, tento educa-los de modo a que o civismo prevaleça da próxima vez.
    E peço para que não ponham todos os profissionais no mesmo saco. Eu não acho que todas as pessoas que trabalham em escritórios passam a vida a tomar cafés, mas também as deve haver, cm existem competentes.
    Obrigada e desculpem o (longo) desabafo

    ResponderEliminar
  6. Realmente, apesar de não ser utente frequente dos CS tenho a ideia de que efectivamente as pessoas esforçam-se (há excepções) para prestar um bom serviço. Mas sem ovos não Sr fazem omeletes e talvez sejanrcrssario recrutar mais médicos.

    ResponderEliminar
  7. Ahhh obrigada Mirone! Nem imagina o que custa estar sempre a ouvir " os médicos são uns sornas que não querem trabalhar" ( ou coisas do género). também os há...mas dói-me,porque eu trabalho muito e sinto que nestes últimos anos andamos a ser o saco de pancada nacional.
    Os pensionistas tambem claro:)
    Anónima de 22 de Junho 10.24

    ResponderEliminar