sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O que eu já me ri com isto

(ou post sobre referências musicais)

No telejornal passava uma reportagem sobre os ultimamente tão badalados "meets" e tentava descolar-se daqueles encontros a ideia de violência que lhes foi atribuida.
Mr. Mirone, com ar moralizador, pousa os talheres, engole o pedaço de bife, abana a cabeça e suspira.
- "Meet" is murder. Já no nosso tempo era...

Pronto, foi só isso, mas estive uns bons minutos a rir e não descansei enquanto não vim cá contar.


A melhor maneira de comer pêssegos maduros

Nos blogs de life-style descontraído-romântico-coiso:
1. Debruce-se sobre o lava-louças ou sobre a relva do seu jardim.
2. Deixe o sumo escorrer-lhe pelo queixo e mãos até aos cotovelos.
3. Desfrute e ria muito.
4. Tire fotografias e publique-as no blog.

Agora, como eu como pêssegos maduros:
Não como.

Esta semana  já deitei fora quase 2 kg de pêssegos, completamente encortiçados do frio industrial a que são submetidos antes de serem distribuidos.
Na segunda feira foi 1 kg de paraguaios onde nem um se safou. Tinham tão bom aspecto e consistência. Ontem ao jantar descasquei 3 pêssegos até desistir. Não me adiantou deixar de ir ao supermercado para ir à frutaria, fui enganada na mesma.
Grrrrrr! Até me possuo!

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Momento Malucos do Riso (só que não)

E dizia uma:
- Antigamente estavam abertos o ano inteiro, agora fecham durante o mês de Agosto. É chato para quem trabalha em Agosto,  mas olha que não eram dois, nem três, nem quatro meninos que os pais vinham cá deixar de manhã, de chinelos e saco de praia ao ombro, e só voltavam ao fim da tarde cheios de areia agarrada aos pés...
Pergunta a outra:
- Mas era assim tanta areia que vinha agarrada aos pés?









quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Somatizei?

Li há uns tempos um artigo sobre os terríveis efeitos que o regresso ao trabalho pode causar numa pessoa, stress, depressão, ansiedade, e como podiam podiam ser evitados com alguma disciplina e planeamento. Registei e este ano pus o plano em prática.
O meu regresso foi tranquilo, planeado, sem sobressaltos e com as baterias devidamente carregadas. 
Não fosse a constipação monstruosa que me atacou nos dois últimos dias, os olhos inchados e lacrimejantes, a voz que se some num fio débil pela garganta que teima em não me deixar engolir, o nariz encarnado e pelado (andei a fugir dos escaldões para isto?) e em constante ping-ping, os ouvidos a estalar, a dificuldade em respirar que não me obrigou a passar uma noite quase em branco, diria que tinha tudo para ser o melhor regresso ao trabalho de todos os tempos. 
Pelo sim pelo não recolhi os espelhos quando estacionei, nunca se sabe se o Universo - ou o condutor do carro do lado - pode somatizar também.

Mas eles até avisaram, porquê tantas críticas?

A RTP1 está a repetir a série "Liberdade 21". Na altura em que estreou terei visto excertos de um ou dois episódios, a série não me prendeu. Lembro-me, contudo, das vozes críticas que se levantaram, ai que há erros de terminologia graves, ai falta de rigor, ai que disposição é aquela de uma sala de audiências, ai que está uma beca no gabinete do advogado... Parecia-me que se estava a dar uma importância exagerada às falhas de guião e produção.
Ontem, mais uma vez, não consegui ver um episódio inteiro. A série continua a não me prender e eu continuo a não perceber as críticas.
Pois se os senhores avisaram que aquilo é ficção, que qualquer semelhança com acontecimentos reais será mera coincidência, de que é que estavam à espera? Que a cada erro técnico se acendesse uma luz encarnada no canto do ecrã, que soasse uma buzina irritante?
Picuinhas, senhores!


terça-feira, 26 de agosto de 2014

Post "linkado"

Obrigada Inês Teotónio Pereira pela viagem às férias da minha infância em S. Pedro de Moel e que este ano também foram as férias da infância da Mironinho (só faltaram as brincadeiras no Bambi e no velho comboio de lata).
"(...)As minhas praias das férias grandes, as de Agosto, têm de ter água fria, ondas grandes, cheiro a limos e a algas, pocinhas nas rochas quando a maré está vazia, muito iodo e o tempo é sempre uma incerteza. São praias em que o mar vira quando muda a lua e em que a cor da bandeira quer mesmo dizer qualquer coisa. Praias em que os nadadores salvadores treinam para super-heróis porque todos os Verões salvam mesmo alguém. Praias onde os toldos têm como utilidade principal proteger da cacimba ou da nortada e não do sol que prefere ir passar férias ao Algarve.
Cresci assim. A jogar ao prego debaixo do toldo, a ir ao mar por diversão e como prova de valentia e não por estar com calor, em que só se punha fim aos banhos de mar quando se tinha a boca roxa, as extremidades do corpo anestesiadas e o fato de banho cheio de areia como prova de que tínhamos sobrevivido estoicamente à arrebentação. Cresci a ir para a praia de manhã para cumprir uma rotina, e porque era mais saudável, com a esperança de que o céu "abrisse" à hora de almoço e o sol desse um ar da sua graça. Nas minhas férias grandes as amizades que criei tinham como critério as crianças da minha idade que tinham os toldos ao lado do meu e uns pais que também achavam mais importante o "ar de mar" e o iodo que o calor ou o mar chão e quente.
Crescemos todos assim, em modo tribal. Donos e senhores das nossas praias, com gíria, hábitos e rotinas próprios e com mais iodo acumulado no corpo que escaldões. Nas minhas férias grandes a praia era um cenário, não era um fim. A praia servia para brincar, cimentar amizades durante um mês inteiro, ir às poças procurar qualquer coisa que mexesse e que se conseguisse apanhar para pôr no balde e para os nossos pais nos soltarem e descansarem de nós.
Durante um mês experimentávamos outra vida, outras rotinas e tínhamos outros amigos. 
Durante um mês experimentávamos outra vida, outras rotinas e tínhamos outros amigos. Só precisávamos dos pais para nos pagarem o bolo ou o gelado dia sim dia não. Éramos livres por 30 dias. A cacimba, a nortada e a água gelada eram pormenores que não interferiam na nossa felicidade. O que importava era a liberdade de andar em bando na praia ou fora dela sem horas para refeições e imunes às combinações. Todos os dias o cenário era o mesmo e a praia ia muito para além da areia e do mar. O cenário era toda uma vila por onde se andava a pé ou de bicicleta e onde se chocava em cada esquina com alguém que nos conhecia desde que nascemos. Todos os anos havia as mesmas festas, os mesmos jogos, as mesmas pessoas, os mesmos cafés, os mesmos baloiços e as pocinhas nas rochas nunca mudaram de sítio.
Nunca soube o que era ir passar férias para a praia exclusivamente para apanhar sol. Na minha perspectiva o sol era um bónus nas férias. Nas férias fugíamos no calor da cidade - íamos ser livres e soltos para o fresquinho da beira-mar e para sítios que faziam com que os dentes dos bebés crescessem mais depressa.
Apesar de os tempos terem mudado, de o Algarve ser um destino de férias de gabarito mundial e de serem cada vez mais escassos os períodos de férias que os pais conseguem ter com os filhos, as minhas férias grandes não mudaram. Com mais ou menos semanas mantenho estas rotinas com os meus filhos. Também eles não sabem o que é passar férias no Algarve e também eles dominam o jogo do prego e o enrola na arrebentação quando a bandeira está amarela. Eles sabem que à hora de almoço o céu abre e que o mar vira quando a lua muda.
As poucas coisas que conseguimos dar aos nossos filhos são memórias. E as memórias das férias grandes, das pocinhas das rochas que nunca mudam de sítio, são uma linha inquebrável entre nós e eles."

Dilemas...

Quanto custa mandar arrombar uma fechadura às duas e meia da manhã, alguém me sabe dizer?
Tenho ideia que não será mais caro do que passar uma noite num hotel. Dorme-se uma noite descansada e, na manhã seguinte, telefona-se à agência imobiliária que representa o senhorio e pede-se emprestada a cópia da chave. Sem ter de chamar a polícia, sem ter de arranjar um desmantelador de fechaduras com ferramentas barulhentas a meio da noite, sem assustar a vizinhança que a meio da noite acorda sobressaltada com vozes de homens e marteladas, berbequins...
Eu tenho essa ideia, a minha vizinha nova não.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Mais uma voltinha, mais uma viagem. Menina não paga, mas também não anda



Aos esperados e esperançosos recomeços!


(Também há quem goste de carrinhos de choque, o que é que tem?)

domingo, 24 de agosto de 2014

Vais sair assim?

Vou almoçar com a família. Vesti calças brancas, túnica salmão claro e sabrinas cor de pele. Nas orelhas umas bolinhas brancas, pequeninas. Zero colares, pulseiras ou anéis. O cabelo está solto.  Pouco ou nada me maquilhei (pestanas e gloss). Pergunta Mr. Mirone:
-Já estás pronta?
- Já.
- E vais sair assim?
- Vou, porquê? O que é que tem? Estou mal?
- Não, estás bem, estás bem.
- Então que pergunta é essa?
- Sei lá, assim de repente pareces uma anúncio de pensos dos anos 80, fresca e segura.

E tem como não gostar dele?









quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Modas a que a minha mãe nunca aderiu e pelas quais estou grata

Fazer um pendente de ouro com os nossos dentes de leite.

Pensei que era coisa do passado mas acabei de me cruzar com uma senhora um pouco mais velha que ela que parecia o Crocodile Dundee dos dentes de leite.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Desonestidade intelectual

... é querer fazer alguém acreditar que a desonestidade intelectual é pior que outra qualquer forma de desonestidade que possa existir. Sendo desonestidade, pouco me importa o "ramo" a que pertence.

(Nada temeis, as minhas férias estão quase a acabar)


terça-feira, 19 de agosto de 2014

Para abrir as cervejas ou afiar as facas?

Diz  aqui que estes botins são um essencial no próximo Outono/Inverno.

Nunca antes me ocorreu comprar uns botins brancos, mas agora que vejo aquela falha no tacão, percebo que devem ter uma funcionalidade extra que com toda a certeza justifica o estatuto "must-have".
Agora só me falta descortinar que funcionalidade é essa. Servirá para abrir as minis ou para afiar facas?

Querido diário

A minha filha quer ir para a praia nestes preparos. Devo deixá-la sair assim ou explicar-lhe que não é uma fashion-blogger portuguesa?



O conjunto traz uma tiara, mas "é melhor não, mamã, senão as pessoas percebem que é de brincar".

Já?!

Ontem ao fim  da tarde, ao depedir-me da mãe de uma amiguinha da Mironinho, constatei que faltam duas semanas para começar a escola.

Fui encomendar os bibes e o equipamento de educação física.
                          


...









Toca a trabalhar esses cérebros luzidios para não enferrujarem

Ai não é luzidios que se diz? Brilhantes é que é? Lá está, estas férias estão a fazer-me mal.
Ora vejam este artigo da Time entretenham-se a resolver os exercícios propostos.

(E nada de reclamarem que estou preguiçosa e que este blog está uma pasmaceira, que é uma autêntica pepinada, transformado que está numa fábrica de encher chouriços. Façam lá os exercícios e depois falamos. Com o cérebro estimulado acredito que vão conseguir encontrar-lhe motivos de interesse, senão é começar a lê-lo desde o início).

Angústia?

Ao meu lado no toldo está um colega de liceu do Mr. Mirone e a mulher, gravidíssima (a bebé há-de nascer em Setembro), ainda indecisa quanto ao nome que vai dar à filha, Laura ou Francisca. Dizia-me ela:
- Começa a faltar-me a paciência para tanta Leonor, Madalena, Carlota, Caetana, Matilde, Maria, Constança, tanto Man(u)el, Afonso, Dinis, Francisco, Salvador, Martim... Mas depois sobra o quê? Bruna, Bianca, Iris, Alícia, Mia, Amanda? Rafael, Gabriel, Iuri? 
- Não posso ajudar muito, sempre me lembro de gostar do nome da Mironinho. A minha lista de nomes era muito pequena, tinha quatro nomes, um incontornável, quase obrigatório na minha família, e que esteve empatado quase até à última hora com o nome que escolhemos, e outros dois de que Mr. Mirone e eu gostávamos.  Mas já se sabe que isto dos nomes é uma questão de modas, cada geração tem os seus nomes.
- Mas o meu medo é esse, que os nomes que hoje acho bonitos sejam só uma moda e que na verdade sejam horrorosos. E se as Franciscas forem as novas Sónias ou Sandras? Na minha turma cheguei a ter quatro Sandras. Eu bem vejo pelo irmão, que tem mais três Afonsos na sala dele. É que se isto é cíclico, daqui a nada voltam os nomes medonhos dos anos 70 e 80, a homenagear os avós. Já viste? Posso ter um neto chamado Helder ou Nelson? Também já foram moda... Que angústia.

A sério, não me lembro de ter ficado tão afectada pelas alterações hormonais quando estive grávida.




sábado, 16 de agosto de 2014

Está um homem de meia idade, semi-nu, a gritar na varanda


O cenário:
Uma rua deserta numa manhã de feriado de Agosto.

As personagens:
O vizinho da frente e quatro músicos.

O guarda roupa e adereços:
Uma cueca modelo slip de cor branca, um bombo, um timbalão, um címbalo e uma gaita de foles.

A registar:
A acústica de uma rua deserta é impressionante, quatro singelos músicos faziam o barulho de uma fanfarra.
Um vizinho irado por não conseguir dormir não lhes fica atrás em termos de décibeis debitados.

Desafio à refexão:
Porquê???



sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Tenho de fazer isto mais vezes

Ontem ao fim da tarde tive de ir à loja de uma operadora de telecomunicações. A loja em questão fica num shopping. Fui ao shopping em pleno mês de Agosto quando, pensava eu, estava toda a gente de férias na praia. Enganei-me, afinal não é na praia que que as pessoas estão em Agosto. Estão no shopping, famílias inteiras, numerosas, espaçosas, barulhentas, com as suas melhores fatiotas e penteados. 
Não percebo a má vontade que tinha relativamente a centros comerciais cheios. Não percebo a minha aversão a esperas longas em lojas de telecomunicações. Nunca uma hora de espera me pareceu tão bem aproveitada, merecia um estudo antropológico, tivesse eu conhecimentos para tanto...

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Mas porque é que não lhe contei a história da cegonha?

- Mamã, quando eu era muito pequenina o que é que eu comia?
- Bebias leitinho.
- Não, quando ainda estava na tua barriga.
- Alimentavas-te através do sangue.
- Como um vampiro? (olhos abertos de excitação)
- Não, por um tubinho chamado cordão umbilical, onde agora é o teu umbigo.
- Mas era pelo sangue.
- Sim, era.
- Então faz de conta que era um vampiro. Doía?
- Não, não doía.
- Então era agradável?
- Errr... eu gostava de te ter na barriga.
- E era agradável como cócegas ou agradável como massagens?

Mas porque é que eu não lhe disse que já veio acabadinha, trazida por uma cegonha de Paris?

Ou então é o meu cérebro a mostrar-me que ao fim de uns dias precisa de ser estimulado

Devia haver "à porta" de cada praia uma espécie  de cabine de duche de aplicação automática de protector solar. O banhista entrava, inseria a moedinha, escolhia o índice de protecção pretendido e era pulverizado dos pés à cabeça com protector solar. As cabines mais sofisticadas teriam um scanner que analisaria a pele do utente e determinaria automaticamente o índice de protecção adequado. 
Um procedimento simples, rápido, eficaz e, principalmente, sem "Outra vez, mamã? Estás a magoar-me, puseste na boca, está frio, tem areia..." nem "Outra vez? Estou a ler o jornal, depois fico com as mãos cheias de tinta, não está bem espalhado o quê? Esquisitinha... Se inventaram as mãozinhas para coçar as costas porque é que não inventam uma mãozinha para espalhar creme nas costas sem ter de incomodar as outras pessoas?". 
Digam-me que não sou só eu a pensar nisto.




terça-feira, 12 de agosto de 2014

Não há condições

A Genoveva vai fazer nove anos no fim do mês. Há poucos minutos Mr. Mirone veio ter comigo de tablet na mão e ar comprometido.
- Mirone, espreita aqui isto. É a cara da Genoveva, ela ia adorar e fazer um furor danado na escola. Posso oferecer-lhe nos anos? 
- Mas tu estás louco?! Achas?! Livra-te de mandares vir essa porcaria! O que é que a professora ia pensar?
- Dizemos-lhe que é só para usar em casa...
- Sim, e ela ia obedecer, estou mesmo a ver. Nem penses!
- Vá lá, é só uma gracinha. Depois compramos um livro ou uma coisa mais didáctica. Ela vai adorar...

(Com um tio assim, como é que a sobrinha pode ganhar juízo?)










O presente? 
Aqui

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Teria muita graça se não fosse comigo*

*É assim que se diz, não é NM?

Ou o maior susto da minha vida. Ou adivinhem quem é que devia ficar sem comer gelado até ao fim do Verão?

Sou uma tia babada. Adoro todas as minhas sobrinhas e acho-as todas únicas e especiais. Uma é uma sonhadora, idealista, uma esteta e um poço de sensibilidade. Outra é uma espalha brasas, enérgica e aventureira. Outra tem uma imaginação prodigiosa, uma contadora de histórias fabulosa, dona de uma veia humorística negra ímpar, uma líder hipnotizante, mas teimosa que só ela (saiu à sua tia) e está a passar uns dias connosco.
Ao almoço, quis comer gelado à sobremesa. Expliquei-lhe que se comesse gelado à sobremesa já não poderia comer ao fim da tarde, como estava combinado. Respondeu que não se importava, que ao lanche preferia fruta. Perguntei-lhe se tinha a certeza, disse que sim, tinha. Voltei a avisá-la que depois não poderia comer gelado quando os tios e a prima comessem. Ao fim da tarde, evidentemente, quis comer gelado como nós. Não cedi, disse-lhe que a mãe não permitira que ela comesse dois gelados num dia, que a tinha avisado e que ela própria tinha deixado claro que ao lanche não comeria gelado. Amuou, não quis comer fruta, não quis um iogurte, não quis bolacha, enfim, não quis lanchar. Sentou-se debaixo do toldo e não quis brincar mais. 
- Por mim podes amuar à vontade, o burrinho que te levou que te traga, a tia já tinha avisado.
Entretanto chegou a hora de irmos embora. Vestiu-se a custo e notei, quando caminhávamos para o carro, que arrastava o braço e a perna direita. 
- Estás bem, magoaste-te?
- Hã?..
Reparei que tinha a boca torta e um olhar vazio.
- Estás bem, querida?
- 'tou...
Tinha a voz arrastada, como a perna, e não fechava completamente a boca. Continuou a arrastar a perna, e mantinha aquela expressão néscia, de completa ausência. Pedi-lhe que se sentasse no carro e apertasse o cinto enquanto eu fazia o mesmo à Mironhinho. Atirou-se para o banco do carro e, como caiu, ficou. Mr. Mirone põe-lhe o cinto e sussura-me.
- A miúda não está bem... achas que lhe deu alguma coisa? Ela nem o cinto consegue pôr...
- Querida, estás bem? Fala com a tia...
- Hã?...
- O que é que tens? 
- Nada...
A boca torta, aberta, o olhar vazio. A Mironinho metia-se com ela e ela respondia com poucas palavras.
- Mr. Mirone, o que é que achas que ela tem?
- Não sei, mas a miúda não está bem, parece que teve um avc.
- A sério? 
Olho para trás. Tinha-se deixado cair  para o lado no banco.
- Querida, põe-te direita.
- Hã?..
- Mr., achas que ligue à minha irmã? 
- Sei lá, a miúda não está bem, mas espera um bocadinho...
- E se for um avc, é melhor ser vista já. Vamos para as urgências, já.
- E a tua irmã?
- Vou ligar-lhe agora, para ela ir lá ter. 
- Mas não a assustes, que ainda entra em trabalho de parto antes do tempo.
- Vira para lá essa boca! Vou ligar antes ao pai.
Voltei a olhar para trás. Juro que me pareceu vê-la a esboçar um sorriso, mas não, continuava de boca ao lado e a deixar-se escorregar no banco. Marco o número de telefone do meu cunhado. Que angústia... Chama...
- Estou, Leocádio? Como estás? Olha... a Genoveva...
- Tia, tia, deixa-me falar com o pai, deixa.
- Genoveva?!
- Sim, deixa-me. Para eu lhe pedir para ficar muitos dias!
- Mas tu estás bem?!
- Estou! Estou fantástica! Estava só a pensar como é que era se eu fosse deficiente. Estive bem?

Mr. Mirone está a rir desde então (sim, nestas coisas não há favoritas mas eu sei que tem um fraquinho especial pela sobrinha do meio) e eu estou aqui a pensar que se a Mironinho sai à prima se calhar começo a fazer uma poupança para a tinta de cabelo e umas consultas no cardiologista.









sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Podes chamar-me bebé

- Mamã, estás triste?
- Não, que pergunta é essa?
- Estavas tão séria a olhar para mim.
- Estava só distraída.
- Mas estavas assim com os olhos. (faz olhinhos de cão triste)
- Estava só a pensar que estás a ficar uma menina, que já não tens carinha redonda de bebé, que estás quase a fazer cinco anos e que nem me dei conta do tempo a passar.
- Oh, não fiques assim. Se quiseres podes chamar-me bebé que eu não me importo, o papá ainda chama.
- Posso, bebezinho lindo?
- Podes, para sempre, até eu ser crescida.
- Até seres crescida?
- Sim, até ter 11 anos!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Uva, o que é que achas?

É só um draft, mas acho que promete.




Vamos ficar rycas, Uvinha!!!!!!!!!!!!!!!!!! Vamos ter tanto dinheiro que vamos poder comprar o nosso próprio pajem para abanar folhas de palmeiras nos dias de calor. E outro para nos segurar um reflector de sol.
Só falta saber onde é que se vendem os pajens. Ai espera, vamos ser nós a vendê-los... Pois, se calhar já não vamos ficar rycas...

Mente-me, mente-me mucho, como si fuera esta noche la última vez...

No sábado fiz uma compra on-line. A entrega deveria ser feita na segunda-feira da parte da manhã. Ao fim do dia, perante a ausência de entrega ou de outro contacto por parte do vendedor, seguiu reclamação via e-mail. Ontem a meio da manhã recebi um telefonema de um senhor de voz radiofónica, muito bem colocada, mas que me deixou um nadinha atacada da úlcera nervosa que ainda não tenho, mas que pode surgir a qualquer momento.
- Bom dia, estamos a contactá-la no seguimento da reclamação apresentada ontem para a informar que a entrega não foi feita por irregularidades na morada fornecida e para agendar nova entrega.
- Irregularidades?! Que morada tem?
- Rua Isolindo Carrapato Albernoz, Lote 47, 4.º Dto, 1234-567 Cidade
- Tem o nome da rua, número de porta, andar e código postal completo, que irregularidade é que tem?
- O nosso estafeta não conseguiu encontrar a morada por insuficiência de dados e não tinha um número de telefone para a contactar a solicitar um ponto de referência.
- E então como conseguiu o número de telemóvel para onde está a ligar agora?
- Foi a senhora que o forneceu, quando fez a encomenda.
- Então tinham ou não um número de telefone para me contactarem?
- De qualquer das formas a entrega nunca poderia ser feita na segunda-feira de manhã. Na sua área de residência as entregas são sempre feitas entre as 18.00 e as 21:00 horas.
- Mas o agendamento da entrega não foi feito por mim, foi feito automaticamente pela vossa loja on-line, acto contínuo à conclusão da compra on-line.
- A entrega fica então agendada para quarta feira entre as 18:00 e as 21:00 horas. Vamos enviar-lhe já de seguida um e-mail com a mesma informação. Tenha um resto de bom dia e muito obrigada pela preferência.
Roger and over. Sem mais.

Preferência, vamos lá ver, não é bem preferência. Mintam-me mais uma vez, falhem a entrega, que logo vos digo o que prefiro. Parece-me que até já estou  cantar "como si fuera esta noche la última vez"...

Se não for muita maçada, em vez dos iogurtes de soja de cortesia, podem mandar dos normais?

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Eu desafiava-te a vires cobrar o jantar, desafiava, oh se desafiava.

Hoje tive de vir trabalhar e almocei numa esplanada com vista para uma fonte pública, onde pude presenciar "ao vivo e a cores" o mais recente acto de estupidez que se tornou viral nas redes sociais. Já tinha lido sobre o assunto, até já tinha visto alguns vídeos, mas o fenómeno ao vivo é ainda mais estúpido.
Depois da moda dos desafios da canela, da cerveja e da água (um adolescente filma-se a fazer o maior disparate que lhe ocorrer, por exemplo, comer uma colherada de pó de canela, beber um litro de cerveja em menos de um minuto, e deixa o desafio a aos seus amigos para que o façam nas próximas 48 horas sob pena de terem de lhe pagar um jantar num restaurante à escolha do autor do desafio), chega agora o desafio dos banhos públicos. Um adolescente, vestido e calçado, filma-se a tomar banho num local público e deixa o desafio aos seus amigos. Os vídeos serão depois partilhados no youtube e facebook. Estes desafios são tão estúpidos quanto perigosos e só mesmo uma cabecinha imatura de um adolescente lhes pode achar piada.
Hoje vi um adulto, filmado por outro adulto, de livre vontade, a posse plena das suas faculdades mentais e cognitivas é que já não posso atestar - a não ser que, tal como suspeito, as suas faculdades mentais e cognitivas sejam muitíssimo reduzidas, a roçar o inexistente - a mergulhar vestido e calçado numa fonte pública, de fundo lodoso e águas de qualidade duvidosa, onde inclusivamente está afixado um aviso de proibição de banhos. Riam e gritavam como se estivessem a fazer a coisa mais divertida do mundo. Eu não conhecia nenhum dos envolvidos, ainda assim senti tanta vergonha.
Adolescentes que embarcam nestes desafios, PAREM! É muito parvo!
Adultos que embarcam neste desafio, PAREM TAMBÉM! Não é só o desafio que é muito parvo, vocês são-no ainda mais!


Mas há alguma dúvida?

Recebi uma notificação de uma loja on-line que não me lembro de alguma vez ter usado e abri o link. Propunham-me um desconto de 75% num produto mas teria de comprar um outro, que também estava em saldo. No canto superior do ecrã um relógio digital piscava em contagem decrescente, A validade da proposta termina daqui a 19:59, 19:58, 19:57... Tinha menos de 20 minutos para escolher e comprar uma coisa que não queria e não procurei para poder beneficiar de um desconto de 75% noutra que também não queria e não procurei.
Meus amigos, eu não trabalho no ramo das vendas, não sei como é suposto funcionarem estas vossas técnicas e não terei, seguramente, o perfil-tipo dos vossos clientes, mas comigo as compras por impulso até funcionam, se o impulso partir de mim, se passar em frente a uma montra e decidir que aquele objecto tem de ser meu, "aqui e agora". Até sou das que procuram as promoções last-minute para uma escapadela ocasional, mas, lá está, sou eu que as procuro. Caso inverso será se, por exemplo, estiver numa loja e a funcionária me batucar no ombro e disser que estão ali uns objectos em promoção, mas que só nos próximos 5 minutos, a resposta está na ponta da língua: Não, muito obrigada. Não gosto que me apressem.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

E não dá para alugar?

Entretanto planeava-se uma das quatro festas de aniversário que ainda faltam neste mês de Agosto (este fim-de-semana já riscámos uma da lista).
- Trouxe-te um catálogo de uma empresa de insufláveis, ou já és muito crescida para isso?
- Depende. Este é de bebés, este é de bebés, este é giro. Ah, este! Este é tão giro e dá para ligar mangueiras com água! Achas que cabe no jardim da avó?
- Mostra lá... Bem!  Não fazes por menos, tinhas de escolher o mais caro! Nãi sei se a mamã vai achar graça.
- Onde é que está o preço?
- Está aí, nesta bolinha encarnada.
- O quê?! Então mas tem de se comprar, não dá para alugar só para a festa?

É quase isso.


sexta-feira, 1 de agosto de 2014